sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Os radicalismos que babam no travesseiro.




Pelo visto, segundo a nota lançada em seu site oficial, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) parece querer acreditar que os fascistinhas do Black Blocs são algum tipo de emissários mascarados de Karl Marx. Assim, fica difícil, sequer distinguir grupelhos imitadores de modelinhos fascistóides europeus e de movimentos legítimos de trabalhadores e sobreviventes das hostilidades de uma democracia autoritária. Não se pode indiscriminadamente colocar tudo num balaio de gatos sair para a galera! Soa, no mínimo, de um populismo rasteiro.

Os movimentos sociais nunca precisaram se mascarar ou utilizar exclusivamente o usufruto exclusiva da violência boçal (a exemplo dos "camisas negras" de Mussolini, a "juventude hitlerista" de Hitler ou mesmos os atuais neonazistas que pipocam núcleos na Europa e Estados Unidos) como mote revanchista e sociopata contra a sociedade. Não é este papel que uma esquerda que deseja ser mais do que mera formadora de cantos messiânicos deverá agir em prol de uma redefinição do seu espaço político. Não é por falta de opção que se deve abraçar o capeta.

Oras, as esquerdas mais radicais reclama-se tanto que o PT abraçou o neoliberalismo, e que estas mesmas esquerdas fazem? Além de digladiarem de forma fratricida umas contra as outras, agora vão abraçar formas proto-fascistas como "táticas de guerra urbana"? Somente falta abraçar o PCC dizendo que eles são revolucionários e o crime organizado é o novo mecanismo contra a "opressão do Estado". Vamos como muita calma! Não vamos colocar um trapo preto na cara de Karl Marx, Lênin e Trotski e dizer que isto é altamente revolucionário? O caminho não é por aí e se for, já sabe que será em vão. Também não é se fragmentando cada vez mais que possa surgir alguma possibilidade real de criar condições de mudança política. 


Sintomaticamente, para quem fala tanto em palavras derivadas de solidariedade, parece ser impossível as legendas se unirem. Para o próximo ano eleitoral, por exemplo, quase todos os partidos das esquerdas mais radicais lançarão seus candidatos a presidentes, e que juntos não conseguirão atingir, mais uma vez, nem um mísero ponto percentual de interesse de voto do eleitorado. Será que esta é a melhor estratégia ou o jogo é se contentar apenas em fazer figuração política? As esquerdas mais radicais adoram fazer críticas (e fazem de forma necessária), todavia tem ojeriza com relação a autocrítica ou críticas vindas de fora de seu círculo de conhecimento.

Atualmente, não é a toa que a margem do eleitorado destas esquerdas mais radicais mal dá para eleger um vereador numa cidade como São Paulo. Ao invés da união e aceitar que a democracia faz parte da sociedade brasileira, por mais frágil que seja, insistem em processos messiânicos revolucionários e distantes de um discurso que não faz menor sentido para a esmagadora maioria da população. Eis o que seria o grande desafio da esquerda para o século XXI, deixar de cultivar e venerar ídolos e acender velas para um passado que foi exclusivamente histórico (e sua repetição não passará de uma mera farsa) e pensar mais na realidade prática da vida cotidiana.

Sonhar não curta nada. Tudo indica que lamentavelmente, enquanto as alas mais radicais das esquerdas babam no travesseiro, a centro-direita e suas diversas facetas de corte neoliberal dominam toda a política e ditas as regras do jogo político. Desejamos ou não, existe uma grande distância entre os anseios idílicos messiânicos (por mais esteticamente agradáveis que os sejam) e a árdua realidade concreta do cotidiano.

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