segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Brasil: O Longo Labirinto (Parte 1)





O Brasil é um país sui generis. Todos os modelitos não servem para entendê-lo, nem da direita e nem da esquerda. É projeto único, um molde próprio, uma deformação que nos mete à varias incursões reais e psicanalítica, entre a abundância, a crueldade o abuso da sorte à covardia e a apatia do medo de ser grande, de um povo que nem sempre se olha como povo mas adora se parecer como aqueles lá fora. Sim, um povo em seu eterno labirinto carnavalescamente colonizado à sua maneira e cuja angústia é ser o que não foi ainda e tampouco se tem alguma idéia mais plausível. O Brasil não é um país cartográfico e sólido, mais é um manejo de uma identidade multifacetada e fluída unido pela cultura, ou melhor, diversas culturas.

Quem é o brasileiro? Homens e mulheres paridos da agressividade sexual e do fetiche idílico do colonizador português e da importação de estrangeiros degradados de suas nações e encantados pela eterna ideal de recomeço. No plano de ocupação territorial, sua expansão populacional deveu-se aos estupros deliberados de mulheres negras e indígenas. O machismo brasileiro é uma manifestação cultural e de povoamento forçado.

A sua independência política não foi a revelia do povo como alguns acreditam, mas não houve povo para lutar por liberdade. As elites dirigentes negociaram os trâmites da independência como um grande balcão de armazém de secos e molhados e, paradoxalmente, ao contrário da colcha de retalhos sangrenta da América Espanhola, tais negociatas evitaram a fragmentação do solo brasileiro e evitaram o "haitinismo" do país.

A educação do povo nunca foi uma prioridade, ao contrário, um luxo que somente caberia alguns escolhidos da elite. Nem a Igreja Católica interessava um povo letrado, pois os ensinamentos se passavam de geração a geração, por via da oralidade de seus sacerdotes e a obediência sagrada à Santíssima Trindade. Logo, a educação sempre foi vista com desconfiança, o receio que muita sapiência popular pudesse dar vozes destoantes das políticas governamentais vigentes. Curiosamente, após meio milênio depois, a mesma mentalidade segue firme e forte na cabeça dos herdeiros da elite colonial.

Não é difícil entender as razões históricas de uma subserviência popular que não consegue se identificar no cenário nacional. Também não é difícil de entender a tamanha demanda refreada recalcada que milhões de brasileiros que ainda carecem (e suplicam) por cidadania plena às portas de um modelo de inclusão à marretadas com doses de populismo eleitoreiro.

A Língua Portuguesa, o carnaval, o apego à religião, o sexo suprarracial  fundado por um machismo atávico e o futebol tiveram mais importância para a identidade brasileira do que qualquer outra doutrina política importada.




[Continua nas próximas postagens...]


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