sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Feudos da Sociologia da Vitimização
A lista é longa: tango, vasta prostituição e mais prostituição (uma "novidade" na sociedade!), quilombolas e mais quilombolas (ressuscitaram o tema!), indígenas na universidade, redes de bilros (um exótico tipo de artesato), refugiados haitianos (tema do momento?), a Guerrilha do Araguaia, umbanda, mimos religiosos nos presídios, saraus, “doping” esportivo, direitos sexuais/reprodutivos de deficientes mentais e o mais surreal de todos, um estudo sobre o queijo minas artesanal, além de uma penca de redundantes trabalhos de vitimização da mulher e mais outras descrições exóticas que precisa de um bom tradutor gramatical para entendê-los. Eis um pequeno punhado de projetos selecionados para o doutorado de uma certa universidade bem requintada na área de Ciências Sociais. A lista se encontra exposta em editais oficiais da internet para acesso público, portanto, não é uma criação alucinógena da minha parte.
Independente da qualidade dos autores (ninguém esta duvidado do potencial intelectual deles, mesmo porque isto é de uma vasta subjetividade), mas a questão é bem outra. Pergunta-se como as pesquisas em Ciências Sociais se reduziram ao simples papel do paternalismo da Assistência Social ou, meramente, do Serviço Social, tal como eu costumo chamar de “Sociologia da Vitimização”?
Ao que parece claramente e embutidos nas falhas pouco transparentes dos processos seletivos, algumas universidades ainda não chegaram aos tempos da Revolução Francesa e continua a serem feudos indissociáveis de grupos de professores em conluio com as agencias fomentadoras de pesquisas (com seus níveis de pesquisadores como nomenclatura de vitaminas). Talvez, num cenário mais nebuloso, seria a morte anunciada de quaisquer criticidade mais atuante nas Ciências Sociais? Qualquer mínima crítica a estes processos considera-se seu interlocutor excomungado dos muros acadêmicos.
Aviso aos navegantes, apaixonados pelo conhecimento e “outsiders”: Caso alguém queira sair um pouco deste roteiro descrito acima, que vá procurar a sua turma e se vire sozinho, uma vez que ninguém gastará o precioso tempo de seletas sapiências com suas “idéias heterodoxas”, sequer para ouvir o que o proponente tenha a dizer.
O pluralismo da universidade é fundamental e a amplitude das pesquisas idem (por mais exóticas que possam parecer), mas que não pode beirar a um engessado e nefasto sectarismo feudal. Pior é que tem gente "iluminada" e cheia de testosterona que vandaliza o patrimônio público universitário achando que o grande problema da universidade pública se reduz meramente ao sensacionalismo das rondas da Polícia Militar nos campi universitários ou votação direta para entronizar algum reitor demagogo. Quanta ilusão juvenil!
Infelizmente, a realidade sempre consegue perverter qualquer idéia de ficção... E na academia, como em qualquer segmento social, isto não é diferente.
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