segunda-feira, 31 de março de 2014

50 anos do início de um pesadelo de 21 anos: o golpe civil-militar brasileiro de 1964




Capa do jornal "O Globo" noticiando a "fuga" de João Goulart e o "restabelecimento da democracia".

É importante deixar claro que o golpe imposto pelos militares teve participação direta de setores conservadores da sociedade (empresários, classes médias e amplo setor midiático) e dos Estados Unidos, principalmente através do embaixador estadunidense no Brasil, Lincoln Gordon, que estava a frente da operação secreta conhecida como "Brother Sam".

Os dias que antecederam o golpe foram vitais para entender o clima de instabilidade política e ansiedade social sobre os rumos que poderia ter o país. A construção do medo social é vital neste processo de grande ansiedade, projetada na ocasião por uma mídia que, em boa parte recebia, apoio de fontes estadunidenses que visavam derrubar João Goulart, sob a neurótica acusação que seria ele o home que levaria o Brasil à uma "ditadura comunista". Tal suspeita de Washington se intensificaria após o estabelecimento da revolução esquerdista liderada por Fidel Castro, em Cuba, em 1959, apoiada pela União Soviética em plena Guerra Fria.

O governo dos Estados Unidos não aceitaria mais nenhum governo de tendências "comunistas" na América Latina. A forte aproximação de João Goulart à esquerdistas como Leonel Brizola e com apoio da população mais carente devido à uma retórica mais populista do presidente, deixou o governo de John Kennedy e depois Lyndon Johnson preocupados com o encaminhamento da "crise brasileira".

Castelo Branco, o militar à frente do golpe, era bem visto por Washington por ser simpatizante dos Estados Unidos e poderia levar ao país ao "estabelecimento da ordem".

Entre o final do dia 31 de março a 1º  de abril de 1964, o golpe em si se processou de forma muito mais calma do que esperavam os golpistas e até mesmo o governo estadunidense.

João Goulart não colocou resistência, em atitude até hoje não muito clara, não quis enfrentar a junta golpista, possivelmente temendo um "banho de sangue". Na História do Brasil ainda há esta lacuna e capaz de latejar algumas interpretações. O fato concreto é que um novo capítulo iria ser aberto diante da turbulência golpista e hesitação do presidente deposto. João Goulart voo para sua terra natal no Rio Grande do Sul e ficou por lá.

Abriu-se então, oficialmente, no dia da mentira, 1o de abril de 1964, a primeira página de 21 anos de pesadelo no Brasil.


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