sábado, 22 de março de 2014

O avanço da universidade pública motivado pela charrete do populismo barato





Na esfera da Educação, sejam modelos petistas ou tucanos, o resultado é um desastre, mesmo por que, o modelo neoliberal operacionalizando dentro da Educação é um desastre. Um modelo patológico que já destruiu a Educação Básica como um todo e agora avança para destruir o aparelhamento das universidades públicas. Lembrando que ampliar a estrutura educacional jamais será colocar meramente telhados em galpões abandonados e tampouco significará que isto resulte imediatamente na criação de escolas, faculdades ou universidades para um propósito de seriedade e construção dos saberes implícito a este setor.

Diante disto, soa completamente hilárias algumas declarações governamentais como as proferidas pelo Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Paulo Speller, em entrevista em um órgão de imprensa. Para ele, o país chegará a Meca do Saber nos próximos meses. Todavia, tal feito apologético está longe de se tornar real no Brasil. Agora, pensando na presente realidade, entre uma série de conjecturas possíveis, alinhavei alguns detalhes destacáveis a respeito de problemas centrais a respeito do ensino superior brasileiro na atualidade e a passividade governamental:

(a) O país anda na mão do populismo educacional, injetando dinheiro público na perfumaria que se transformou o “Programa Ciência sem Fronteira" do Governo Federal para bancar universidades quebradas no exterior (desejosas de verbas extras para minimizar prejuízos com a crise econômica das economias centrais) para que alunos de graduação façam turismo acadêmico e publiquem suas fotos nas redes sociais. Nada contra o turismo estudantil, só que isto não tem menor sentido para qualquer "projeto de pesquisa" realista com alunos de graduação de primeiro ou segundo anos sem saber o básico de suas respectivas áreas de estudo. Principalmente alunos que carregam graves deficiências de um Ensino Básico cada vez mais depauperado no Brasil.

(b) O Governo Federal não investe na infraestrutura das universidades na proporção que precisa ser feito com a dinâmica necessária para as dimensões da nação. É preciso ampliar o contato entre pesquisadores, investir no docente e no funcionalismo. Além disto, é preciso trazer quadros docentes de universidades estrangeiras (e não exportar os nossos alunos do ciclo básico) para operar dentro das universidades brasileiras. A troca de experiências neste sentido se mostrou uma sinergia de grande impulso para as universidades brasileiras.

(c) Com ufanismo demagógico, o Governo Federal realiza uma populista campanha “cotista” sem lastro e sem maiores significados para médio e longo prazo (por exemplo, não há nenhuma correlação com cotas e melhoras estruturais na Educação Básica, ou seja, não existe planejamento neste sentido, apenas populismo barato, panfletário e eleitoreiro!). Qualquer forma de inclusão deverá de fato ser realizada de forma estrutural e, como vem sendo realizada, não apenas processos pontuais e sem maiores respaldos governamentais para as pessoas que dela participam destas “fabulações mágicas”.

(d) A “pesquisa científica” se tornou uma mercadoria, criando-se um sistema altamente burocratizado com suas “igrejinhas produtivistas” dentro das universidades. Quem comunga fora desta cartilha está literalmente “fora” deste espaço delimitado. As agências fomentadoras de pesquisas ao invés de fazer o seu papel de “fomentadora”, vem interferindo grave e diretamente no viés “do que é o que não é objeto de pesquisa”. A estratégia de fazer políticas com apenas algumas “ilhas de competência” é bom apenas para quem esta fixando em terra firme, mas péssimo para todo o plano oceânico.

(e) É preciso definir para qual sentido serve a universidade de fato: doar pedaços de papéis pintados se passando como "diploma" criando uma legião de analfabetos funcionais diplomados ou formar pessoas mais autônomas para ampliar seus desejos de "estarem" no mundo. Portanto, educação e pesquisa, deveriam estar associadas, cada um com seu modelo próprio diante de cada realidade. São necessários também modelos diferentes de faculdades de acordo com suas áreas específicas (Por exemplo, as licenciaturas para o Ensino Médio deveriam ser trabalhadas em faculdades específicas e melhores sintonizadas com seu objeto de trabalho/pesquisa).

(f) Ademais, achar que a "tradição aulista", como lamentavelmente disse o digníssimo secretário do MEC, é pernicioso, logo, nesta lógica, bastaria “exterminar” com o a figura presencial do professor! Portanto, seria bom para colocar todo mundo atrás do computador, online, onde seria mais barato do ponto de vista de infraestrutura e geraria lucros bem mais robustos para as empresas operadoras de hardware e software. Neste sentido, na esteira dos parâmetros do MEC, a moda agora é cada vez mais mandar professores para o olho da rua nas universidades privadas, achatar os salários e fazer tudo na mais fina comodidade do "ensino bem à distância", sem comprometimento com nenhum custo para as entidades. Parece tudo perfeito, não?

Entre o discurso oficial e a realidade acadêmica, nossa modernidade educacional esta caminhando à base da charrete do populismo barato. Pior para a Educação dos brasileiros e para o próprio país!

Um comentário:

  1. A ideia é formar profissionais para o mercado e não "cabeças pensantes" entramos na universidade hoje para trabalhar e não , para pensar...aliás, para que pensar? se somos robôs , sendo programados somente para servir, e ignorar o que tem sido feito com nosso país, estamos colocando na rua pessoas que não sabem protestar, pois, não têm, argumentos suficientes e sim, fazem baderna que nos faz ter vergonha de viver em um país, que só sabe "lutar" pelos seus direitos ,propagando a baderna, quebra-quebra...é o resultado da educação que nos é imposta.

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