sexta-feira, 7 de junho de 2013

Velhos lobos e ratos na ópera bufona





Sabemos de muitas das questões referentes à problemática do transporte público em São Paulo.

Sabemos ainda que não se trata apenas de gritar contra R$ 0,20 de aumento na tarifa dos ônibus do sistema público de transporte em São Paulo ou de uma suposta "tarifa zero". Não serão com reivindicações juvenis que sairá alguma solução para os problemas estruturais do setor. Mas vale pelo protesto, que é um direito numa democracia eleitoral.

Sabemos que o problema é bem mais lá embaixo, passa por retirar de mãos mafiosas que controlam os transportes, em especial, de ônibus e vãs, e retomar de fato para a administração pública e reestatizando todo o sistema. Além disto, que é a parte mais complexa, um comprometimento dos governos das três esferas de poder optar por verdadeiras políticas públicas de transporte em massa (mas nenhuma bilionária indústria automobilística irá deixar tão facilmente isto passar impune).

Sabemos que a Prefeitura de São Paulo torra bilhões de reais anualmente em subsídios para verdadeiras máfias do transporte públicos e cujo resultado é a bem conhecida péssima qualidade dos serviços. Afinal de contas, quando uma máfia se instala endemicamente na administração pública, ela se torna um câncer cujo ônus político nenhum governo eleitoreiro quer pagar para extirpá-la (nem neopetistas, nem tucanos).

Sabemos que transporte público não é para dar vultosos lucros para máfias, mas atender a toda a população que dele necessita.

Agora uma questão é pertinente: quem acha que são pobres e indefesos estudantes que atearam fogo no centro da cidade de São Paulo nesta quinta-feira, 06 de junho? Aliás, é sempre uma linha tênue entre protestar e ter atos de vandalismo gratuito. Há aqueles que se valem de qualquer coisa para chamar atenção, inclusive expor inocentes a graves riscos. Neste caso, num exemplo pictográfico, o que o presidente dos Sindicatos dos Metroviários de São Paulo estaria numa suposta passeata estudantil? Por sinal, tal cidadão que foi preso pela polícia e mais outros protestantes. Seria ele também mais um dócil estudante reivindicando "passe livre"? Talvez o mesmo estivesse passando pela rua e dando uma "solidaridade" a manifestação de estudantes. A tarefa da polícia, como sempre, é reprimir os protestos que possam causar danos ao patrimônio ou desobstruir as vias de acesso. As prisões são excedentes das práticas policialescas e, como de praxe, nos círculos mais exaltados, logo será verbalizado o rótulo pomposo de "presos políticos". O orgulho pontual destas "façanhas por parte dos mais exaltados contrasta com a realidade dos fatos. Afinal, quem se importa se alguém irá se machucar ou vier a perder a vida em nome de atos violentos, obscuros e oportunistas?

Notadamente, a resposta de uma polícia com genoma repressor é sempre a atuação com severidade em situações de tumulto (seja aqui ou em qualquer lugar do planeta; pode-se mudar alguns procedimentos técnicos mas não as "gentilezas"). Deve-se repudiar todo e qualquer ato de violência fortuita do Poder Público contra a população. Isto é um ponto pacífico e não merece maiores considerações. Todavia, como todo protesto ou greve, sempre tem o lado dos lobos infiltrados que se aproveitam das ovelhas para criar um clima ficcional de "guerra civil" (algumas destas coisas que alguns ainda acham que vão fazer qualquer tipo de "revolução" com o sangue alheio de um punhado de vítimas). Para variar, quase sempre os tais lobos são marmanjos de alas xenófobas de algum partideco ou seita similar que aplaudem práticas fascistóides e não tem o menor pudor de usás-la contra qualquer inocente (ou não tão inocente assim...) como diz um bordão popular, uma "bucha-de-canhão". Pode-se também utilizar-se da argumentação a respeito de alguma "teoria da conspiração" perdida no vácuo da história ao dizer que são "agentes do governo" infiltrados nas passeatas para provocarem tumultos. Em ambos os caos, real ou surreal, existem exceções que apenas confirmam a regra e, tal como diz uma premissa maquiavélica, onde pessoas são usadas de forma que os fins parecem ser justificativas para todos dos meios de ação.

Resumo da ópera bufona. Existirão sempre os que se propõem para uma suposta luta e os que se deixam ser usados para causas sem justificativa alguma. As idéias se perdem e sobra a pancadaria para todos os lados. Naturalmente, nada disto é gratuito ou tão edificante.

Para finalizar, questiona-se: É possível reivindicar algo sem violência? A resposta é bem mais complexa, mas uma coisa é sempre certa: onde tem algum protesto (independente de sua legitimidade), poderá sempre aparecer os ratos sem rostos para roerem as vísceras dos indignados e de suas causas supostamente justas.

Lutar é preciso, mas é sempre bom ter em mãos algumas ratoeiras para não se perder a vista do horizonte e sucumbir aos atalhos banhados em sangue.

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