sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Esquerda em Nova Encruzilhada






Na atual situação de tensão dos últimos dias, tudo que a direita quer é acirrar os ânimos e colocar a população contra todas as esquerdas (população essa que faz a leitura rasa do que é partido político e da própria idéia de política). Enquanto a direita se esconde, ela faz jogar toda a ira da população contra as esquerdas (e, neste processo, balizado pelo apoio da grande mídia). Buscar lutar na linha de frente, neste momento, é fazer o jogo que a direita espera da acuada esquerda. É preciso reflexão e prudência como táticas em momentos mais delicados.

A lógica capitalista é esvaziar qualquer discurso contrário as suas práticas de replicação do mundo material e de precarização do mundo do trabalho. Logo, na atual crise de conjuntura da representatividade política, não há nenhuma empatia por parte da sociedade pelos partidos políticos e, principalmente, pelos partidos do espectro da esquerda. Aliás, nunca houve simpatia pela Esquerda, por parte da maioria da população, apenas ela nutre empatia por algumas personagens nacionalistas-populistas, como foi o caso de Lula.

A canibalização do Partido dos Trabalhadores (PT) pelo fenômeno Lula trouxe consequências deletérias ao próprio partido e a acomodação das esquerdas mais progressistas. O PT, em tese, o principal partido de esquerda no país, se afastou dos movimentos sociais, das suas bases, dos seus ideais, se "endireitou" seduzido pelo Canto da Sereia do discurso neoliberal e o resultado é o que estamos assistindo bem diante da televisão, um refluxo das forças mais progressista e uma horda de indivíduos caminhando órfãs, desnorteadas e hipnotizadas pela falsa premissa de que bastaria caminhar na Avenida Paulista ou em qualquer rua do país falando alguma frase desconexa de pedido de alguma demanda para se atingir o Éden dos Trópicos. Cada vez fica mais nítida a tentativa de dar uma cara aos inimigos da sociedade por parte da Grande Mídia: partidos políticos (leia-se esquerda, em especial o PT), ódio pela política instrumental e o governo Dilma. Quem assistiu a propaganda terrorista do PPS de Roberto Freire contra o governo Dilma, nesta quinta-feira, 20/06, em horário nobre verificará perfeitamente o que aqui está sendo comentando.

O jogo agora é de produzir inimigos para ganhar terreno para as possibilidades da tentação golpista. Os jovens da “nova era informacional”, com seus dedos articulados pelos movimentos repetitivos do joystick e prosopopeias de internet, acreditam, em sua maioria, que a política é aquilo que aqueles “chatos” fazem para torrar o “nosso saco”. Foi sintomático o esforço realizado para que as primeiras manifestações insistissem nos bordões sem nexo do “apartidarismo” e do “apolítico”, como se as manifestações fossem apenas embutidas de um discurso meramente tecnocrático (no caso, as tarifas de transportes públicos), cuja participação estaria contida numa redoma fechado e usufruídas por um seleto “amigos do Facebook”. Podem-se mudar as táticas, mas não deve perder a essência das idéias referentes à política. O distanciamento da política partidária da vida pública cotidiana em tempos neoliberais foi o maior erro das esquerdas forças sindicais e que abriu espaço para outra formas de organizações tão oníricas quanto altamente flexíveis e capazes de serem moldadas para qualquer propósito de grupos de interesse, inclusive inclinações fascistas e golpistas.

Quanto mais fragmentada e passional as esquerdas, maior a capacidade de articulação da direita contras as forças mais progressistas. A tônica de acirrar os ânimos entre as próprias esquerdas é um grave retrocesso que faz tão somente a direita avançar com energia e intensidade. Nesta quinta-feira, os anti-democráticos e fascistas episódios relativo a alguns manifestantes proibirem bandeiras de partidos e entidades nas passeatas por todo país apenas demonstram uma atmosfera muito turbulenta que está se processando.

Nesta névoa escura que encobre o país e deixa desconcertada  as avaliações mais sérias sobre a evolução catártica das mobilizações, talvez estes serão os vinte centavos mais caros dos últimos anos para o país.


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