quarta-feira, 19 de junho de 2013
A Alienação Catártica e seus Riscos
Em meio às mobilizações com tons psicológicos, nacionalistas e patrióticos, onde os partidos e a política são execrados e expulsos, é sempre muito sintomático quando não há orientação alguma sobre norteadores mais claros.
O germe do fascismo e a guinada para a direita se escondem justamente no discurso fácil é amplamente adotado. O refluxo dos sindicados, o esfacelamento das ideologias pelo modelo neoliberal, o esvaziamento da política instrumental, o vazio político aliado à incompetência dos políticos do momento dão vazão à um série de gatilhos catárticos que se por um lado poderão ser vistos com "ares democráticos", por outro lado deve merecer maior atenção para as tentações fascistas atrelada à virulência da brutalidade inerte.
Em nome de supostas causas os níveis de tolerância à violência banalizada são mais aceitáveis pela sociedade nas mobilizações e nas redes sociais, mesmo que não dito explicitamente. Onde o ódio dos políticos, ódio da política, ódio de tudo que é possível odiar se move para o ódio contra qualquer coisa "que não me representa" (bordão divulgado e utilizado ostensivamente nas últimas semanas por militantes e simpatizantes).
Quanto mais se nega a política como prática dialogada, mais próximo do discurso fascista os indivíduos operam de forma inconsciente e alienante. Como se a democracia operasse exclusivamente por egos narcíseos de imposição da força e da vontade exclusiva de alguns.
Na pátria das insatisfações, a alienação violenta não poderá ser o propulsor do sentido catártico das mobilizações. A grande imprensa vem percebendo isto e apoiando sistematicamente as mobilizações pelo país, curiosamente, o que antes pediam para a forças policiais atuar. A direita olha sorrateiramente para os rumos que o movimento. Quanto maior e mais alienante a mobilização, melhor para a direita, catastrófico para o Brasil.
Decisivamente é a conta que o neoliberalismo deixa para as sociedades que foram contaminadas: a diluição da política como arma estratégica de luta e o polvilhamento individualismo voluntarioso e alienante (no seu sentido mais amplo) como mera ação performática e catártica. Sem um estofamento político mais sólido que possa balizar o "desejo irrefreado" de um certo messianismo reivindicatório, a tradução destas práticas para a vida real será muito mais difícil, facilmente cooptadas e diluídas.
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