* * *
"Não se pode pensar que o país é um
Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez.
Se o Piauí deixar de existir ninguém vai
ficar chateado".
(Paulo Zottolo, presidente da Philips no
Brasil, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Philips no
Brasil, afirmou que, ao apoiar o movimento "Cansei",
desejava remexer no "marasmo
cívico" do Brasil, 2007)
* * *
Poucos
meses após tomar posse, a incompetência explícita do prefeito de São Paulo
Fernando Haddad preocupa toda a cúpula do PT.
Todo o crescimento desengonçado, das manifestações com uma reivindicação
realisticamente simples, ou seja, a ênfase na redução de tarifa dos meios transportes
públicos. Percebe-se o pragmatismo circunstancial deste tipo de proposta se
comparado a tantas outras mais relevantes e contundentes já circulantes na vida
pública da cidade paulistana. A questão pertinente é: por que uma questão tão
“menor” elevou-se tamanha comoção social e quem se beneficia realmente com
estas manifestações?
1.
Os ingredientes da multidão.
Em
uma grande amalgama, o ponto central são os estudantes oriundos de várias
origens, a partir da típica classe média, os remediados e até os mais pobres
acabaram se unindo momentaneamente em torno de uma bandeira frágil que é a questão
da elevação de vinte centavos adicionados ao valor da tarifa vigente dos
transportes públicos, mas que juntou os desejos latentes e negados para poder
reluzir algo maior no balaio de suas ambições reivindicatórias. Lembrando ainda
que São Paulo é uma cidade historicamente conservadora politicamente (prova que
aqui é um reduto dos neoliberais tucanos) e somente uma manifestação tão
pragmática e pontual poderia ocorre este tipo de voluntarismo nas
manifestações, sem se apegar com alusões messiânicas e sensacionalistas com
outras distintas realidades pelo mundo. Alguns dizem amiúde, de forma
apologética, em uma “Primavera Brasileira”, em alusão às mobilizações de
milhares jovens contra as ditaduras endógenas dos países árabes, mas que no
nosso caso, estamos momentaneamente numa outra estação climática e com
divergentes demandas, apesar de serem humanamente justificáveis, mas histórica
e socialmente muito distintas.
O
apelo “popular” é devido ao verniz do aumento da tarifa dado pelo inábil
prefeito neopetista Fernando Haddad (o primeiro reajuste tarifária de sua
gestão), pesa no bolso do trabalhador, mas irrisório se comparado às demais
aumentos das gestões passada. Logo, a catarse pode ser merecida, mas está longe
de ser justificada com tamanho ímpeto de fulgor de seus manifestantes. Nesta esteira, Haddad também não percebeu
que esse é movimento tipicamente da Pós-Modernidade, sem definição apriorística
de cores ou ideologias, uma pasta de rostos mascarados ou não, sendo mesclado
de extremistas tataranetos de Stálin até candidatos em potencial da juventude
hitlerista, também incluindo petistas e anti-petistas, tucanos raivosos e,
naturalmente, da maioria de jovens que apenas querem “alguma coisa para além de
outra coisa”, que talvez seja o preço mais baixo da passagem de ônibus. Esta
constituição amorfa reivindicatória faz parte de um coro assimétrico por “passe
livre” nos transportes públicos (dai vem o nome de batismo, “Movimento Passe
Livre”) que vem de uma classe média remediada e crescente (parida pela
estabilidade econômica do governo tucano de FHC e crescimento do PIB da gestão
do Governo Lula), mas aproveitou o momento para se manifestar, nem que seja
apenas para postar fotos no Facebook -- e, muitos deles, pouco se lixam para a
população mais pobre (aliás, a “indiferença” é fenômeno típico de todas as
classes médias no modelo capitalista). . Mas as voltas que o mundo dá, o pragmatismo
cotidiano soa mais forte, logo a questão econômica é mais sedutora e realista,
pesa na bolsa do trabalhador e da questão de sobrevida a qual ele vegeta
entalado em horas intermináveis no precarizado transito caótico
paulistano.
A
questão da gratuidade repentina dos transportes coletivos passa necessariamente
pela reestatização do sistema, que por sinal, lotada por máfias viscerais que
fazem a Prefeitura de refém, mas em nenhum lugar do mundo com densidade demográfica
considerável e problemas similares (ou menores) que os nossos, conseguiu algum
êxito na gratuidade, exceto algumas ilhas paradisíacas ou cidades muito
pequenas. Naturalmente, o desafio é pertinente, mas irrealístico
momentaneamente. Logo, a justificativa da causa é controversa, ao se lutar por
uma proposta supostamente idílica em meio às outras necessidades tão mais
gritante e urgente, soa no mínimo, muito ingênuo ou suspeito. Todavia, não é
esta a questão principal, uma vez que as mobilizações são salutares e cada um
pode se posicionar como desejar no paiol de desejos e anseios. Porém, quem
ganha com um movimento sem uma pauta pouco realista?
Com
a liberação do “vinagre” pelo Secretario de Segurança de São Paulo (a outrora substância “terrorista” proibida em
passeatas pela risível Polícia Militar), a salada de frutas e hortaliças do
movimento dos descontentes com a tarifa de transportes é composto de muitas
figuras curiosas e, por que não dizer, até mesmo ingratas. A UNE que vive
nadando em dinheiro público com as verbas que chega aos milhões do Governo
Federal, com que cara vem a público para protestar contra o governo? Assistidos
pelo Governo Federal nas gestões Lula e Dilma, o fato é que grande parte dos
estudantes que se manifestam, por mais que se auto-intitulam que são
“apolíticos”, foram beneficiados pelo leilão de vagas e cotas das universidades
públicas e os PROUNIs e FIES da universidade privadas, pagam metade da passagem
de transportes vigente nos enlatados coletivos urbanos. Repentinamente, os
mesmos estão usando um discurso de desestabilização do mesmo governo que os
beneficiaram com projetos populistas de "inclusão social". Muitos deles
são oriundos da classe média, que tem ojeriza transportes públicos, tem horror
a pobres e afins e não veem a hora da esquerda brasileira partir do país e
ficar sitiada em Cuba ou na Antártida.
Há
uma frustração aparente da exuberância prometida de expectativas muito além da
realidade gerenciada nas administrações federais neopetistas de Lula e agora,
Dilma Rousseff.
Curiosamente,
de tantas demandas urgentes no Brasil (alias, isto é o que não falta em um país
que vive no remendo social), se pegaram a uma bandeira que apesar de sua
relevância, não é uma das mais emergenciais, porém atrapalha a vida (e muito)
da classe média: o trânsito caótico e as vias saturadas de acesso da cidade.
Nota-se
de forma sintomática, que tais movimentos vem se alastram em várias cidades do
país que, independente de terem aumento de tarifas de transportes coletivo,
reivindicam uma plataforma em branco com apenas bordões de ordem e desejos
subjetivos. Partidos mais extremistas apenas ateiam gasolina na fogueira com
palavras de ordem com o bolor do início do século XX e cuja insipiência de suas
idéias não deixam saírem do ostracismo. As bandeiras são tão difusas que
preferem literalmente queimarem todas as bandeiras partidárias (como assim
propõem brilhantemente algumas "cabeças" ocas do movimento). O germe
fascista se encontra na negação da política e na banalização da democracia.
2.
A agenda invisível e a incompetência governamental
Romper
com o atraso secular e queimar etapas em poucas décadas são sempre tarefas difíceis,
e arriscadas, com alto preço político, sujeitas a fraturas e diversos
descontentes. Os grandes temas de outrora se esfacelaram em micronecessidades
emergenciais do cotidiano. A ordem do dia é das questões mais próximas e
imediatistas ao cotidiano das pessoas, fruto do sucesso que o neoliberalismo
contaminou em escala mundial e, aliado a isto, também ao refluxo de um mundo
sem grandes ilusões oníricas do pós-muro de Berlim.
Alguns
se glorificam que tais manifestações são “únicas” da história do país e estamos
nos desvirginando neste exato momento para um novo Éden dos Trópicos (mesmo sem
nenhum conjunto de idéias mais concretas na onírica plataforma de
reivindicações). Isto que dá faltarem nas aulas de História do Brasil e esquecerem
as lutas históricas que muitos deram literalmente a vida para os mesmos hoje se
arrogarem oportunisticamente de serem os “salvadores da pátria”. É um
desrespeito crasso com nossa História e com a memória de valorosos seres
humanos. Mas na fluidez imediata dos “tablets”, celulares de última geração,
redes sociais intercambiáveis e instantaneidade das relações, quem liga para
essa coisa embolorada chamada “História”, não é?
O
crescimento de um movimento difuso deve-se escancaradamente à falta de
habilidade e sensibilidade política do prefeito Haddad, lembrando que ele foi o
ministro de Educação do Governo Lula, além de receber a prefeitura de bandeja
por ser um dos pupilos do próprio ex-presidente Lula. Como se estivesse
entronado no alto da Prefeitura, lembrando alguns de seus fanfarrões antigos
sucessores, como Jânio Quadros ou Paulo Maluf, Haddad sequer quis ao menos
ouvir antecipadamente os manifestantes a respeito do valor vigente da passagem
(paradoxalmente, a aproximação com os movimentos sociais foi um fundante pilar
histórico do PT). Neste episódio que registra o quanto a incompetência e a
estupidez política poderá ter um alto preço para o futuro imediato.
3.
A violência como retórica e (mais) gasolina na
fogueira
No
Brasil há uma estranha lógica que une trabalhadores e a elite, um certo
fascismo verde-amarelo mesclado com um "jeitinho" totalmente
"nosso". Aprendemos aceitar a corrupção de todos os lados,
naturalizamos e minimizamos nossas consequências. Quando é contra os outros,
vale a pena ter Polícia. Quando ela inibe até a tranquilidade de fumar um
baseadinho e cheirar uma fileira de pozinho ilícito, logo ela, a polícia, é
incômoda e descartável.
Nossas
elites preferem (e adoram) uma força de repressão tosca, mas eficiente.
Paradoxalmente, a população também aplaude quando esta mesma polícia, sádica e
eficiente, mata supostos bandidos (ou quem se mexer pela frente) sem contar até
três. Muitos são saudosistas dos tempos da repressão dos milicos, mesmo sem
sequer ter vivido nesta época. Não há problema algum quando a pancadaria
realizada por forças policiais é contra professores e demais trabalhadores de
funções baixas ou médias, favelados ou movimentos sociais de pobres como MST ou
MTST, mas quando isto se volta para a classe média bem-nutrida e seus filhos,
ai se diz aos quatro ventos, que Polícia brasileira é a pior do mundo.
Não
há duvidas que o trabalhador comum, aquele que recebe até dois salários
mínimos, certamente apóia qualquer manifestação que reduza o preço de quaisquer
mercadorias, mas não é apenas a tarifa de transporte coletivo que pesa no seu
bolso. Este trabalhador sente de forma existencial o seu endividamento bancário
atrelado à um salário que vem sendo corroído por uma sorrateira inflação que o
governo nega existir. O caráter “apolítico” mascara que na sua essência é um
convite para a negação da política como meio de construção democrática, a opção
multifacetada dos pequenos grupos (alguns com acéfalos tons violentos) que se
arvoram pertencerem à causa do “passe livre” e daí a dificuldade de reunir uma
agenda consensual de propostas (tarefa sempre pouco trivial em qualquer tipo de
construção reivindicatória).
A
violência se tornou a força motriz do debate, deixando de lado a uníssona pauta
da redução da tarifa. Tudo graças aos “vândalos oficiais e uniformizados” do
Estado e seus desejos lascivos de uma nostalgia dos tempos de chumbo dos
generais da ditatura. A tosca polícia repressora do governador tucano Geraldo
Alckmin, com incompetência exemplar, conseguiu a proeza de dar mais fôlego aos
manifestantes e criar uma indignação de boa parte dos paulistanos. Logo, após o
cenário bizarro da ação truculenta da política desta quinta-feira, 13/06, toda
a discussão deslocou das tarifas de transportas para a escalada de violência
dos atos protagonizados por manifestantes e a polícia. Por sinal, a postura de
Haddad ao longo das quatro manifestações foi de um prefeito covarde, omisso e
que somente mostrou sua cara nesta manhã de sexta-feira, 14/06, diante dos
microfones do "Bom Dia SP", da Rede Globo. Curiosamente, Haddad além
de ser mostrar incompetente, também se mostrou drasticamente submisso à uma emissora
que sempre criticou toda e qualquer manifestação popular e é o símbolo do
império das comunicações neste país.
Paradoxalmente,
os maiores militantes dos movimentos difusos foram às forças de segurança de
Alckmin, que conseguiram a proeza de fazer absolutamente tudo errado e atingir
o alvo por efeito colateral: o rastilho de pólvora do Circo Brasil. Nem todas
as mobilizações populares são de "esquerda" como muitos entusiastas se
iludem (alias muitos saudosistas adoram se iludir com qualquer estouro de
bexiga em festa de criança em forma de gozo esplendido: “Viva a Revolução!”),
mas representam diferentes interesses conforme o gosto da reivindicação e fatos
políticos momentâneos.
4.
Ares de manipulação e enxofre circulante.
O
momento é de uma metamorfose ambulante. Por que será que a Folha de São Paulo,
que antes pedia ação enérgica da Polícia Militar em editoriais contra os
manifestantes, subitamente, está usando seus principais editorialistas (antes
todos torciam seus narizes contra os "vândalos" manifestantes) para
apoiar o movimento e passou agora até divulgar um bizarro "calendário de
protestos" em seu site oficial?
De
repente, o passe livre dos transportes se transformou no passe livre para
desestabilizar o governo Dilma à quase um ano das eleições gerais no país.
Lembrando que as alas mais conservadoras fazem de tudo para voltar de fato ao
poder e coibir qualquer governo minimamente progressista (mesmo sendo bem
estabelecidas tais alas no atual governo federal). Curiosamente, a meninada que
antes era "vândala" vai se transformando em "mártir" pela
imprensa por uma causa tecnicamente "simples e pontual", mas que
estranhamento esta sendo usada como bucha-de-canhão para se colocar neste
balaio todas os ataques e queixas contra o governo neopetista.
A
conservadora Revista Veja que sempre foi contrária a qualquer manifestação
popular, tem ojeriza aos pobres e aos trabalhadores, sempre reacionária da
primeira à última página, agora, num passe de mágica, adula a criançada (ao
modo da revista, é claro!) com até mesmo uma matéria de capa (ver edição desta
semana) com o pomposo e hercúleo título: "A revolta dos jovens".
É
preciso refletir quem realmente está se servindo das manifestações que outrora
se passava de atos cívicos, juvenis de bons moços e boas moçoilas contra dragão
virulento do aumento da passagem (como se jamais houvesse nesta cidade aumentos
sucessivos e abusivos de tarifas de transportes públicos) para ganhar corpo e
se transformar num mecanismo da direita para voltar ao poder.
5.
(Re)nascendo um “Cansei popular”?
Não
há como não associar o atual movimento “apartidário” com um outro movimento
igualmente “apartidário” criado pela nata da burguesia brasileira no ano de
2007, denominado “Cansei”, cujo nome oficial era “Movimento Cívico pelo Direito
dos Brasileiros”, que reunia em suas fileiras empoladas estavam empresários
ligados a FIESP, socialites, artistas e cantores, e entidades da sociedade
civil como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), num total de mais de sessenta
entidades segundo página oficial da
época. O coro partidário estava sendo
puxado pelo PSDB e o DEM e estavam alijados do Governo Federal. Na época o
movimento se dizia apartidário (mesmo contando com apoio dos partidos da
centro-direita) movimentando uma bandeira do moralismo, ancorado numa
plataforma em branco, bradavam o “fim da corrupção” e, claramente, objetivava
desestabilizar o então neopetista Governo Lula. Todavia, sem uma aderência com
os demais setores da sociedade e sem seduzir um “clamor popular” e no auge da
popularidade de Lula, o movimento não vingou. Curiosamente, os mesmos que
reclamavam do governo neopetista, foram os maiores beneficiados das medidas
neoliberais de Lula. Anos mais tarde, a partir de uma anoréxica pauta de reinvindicação
estudantil, parece que um novo “Cansei” vem se tomando forma, com ares
populares, angariando todos os descontentes e oportunistas de plantão, reunindo
desde os mais jovens da classe média, estudantes beneficiados com programas
sociais do Governo Federal, profissionais liberais de direita ou descontentes
com a esquerda e sorrateiramente a visão golpista da grande mídia.
As
vaias contra a presidente Dilma neste sábado, 15 de junho, na abertura da “Copa
das Confederação”, em Brasília, é um sintoma deste processo que vem ganhando
corpo no país. Quem vaiou Dilma? Os mesmos que pagaram um preço exorbitante, ou
conseguiram com alguma gratuidade, os ingressos para assistir a partida de
abertura do torneio de futebol entre Brasil e Japão. Desta forma, foi à
burguesia fina e educada que vaiou a presidenta. Lembrando que a corrida
presidencial já começou não-oficialmente e a mobilização da direita e das
elites nacionais que não suporta qualquer governo minimamente progressista,
abrindo alas para se utilizar das conhecidas ferramentas de desestabilização
governamental, agora municiada e orquestradas pela repentina insatisfação popular
sem um núcleo definido de algumas camadas populares com o oportunismo da grande
mídia, sempre contrário as interesses dos trabalhadores.
Toda mobilização poderá ser legitima, mas o
mesmo não poderá ser dito de suas reinvindicações. Assim como não é legitimo o
clamor popular para linchar um dado indivíduo e tampouco a violência de
apedrejamento de alguma mulher com “indecências” perante as leis do Islão. Em
meio à uma edificante “causa nobre" (por sinal, uma única realmente
redigida – redução de tarifa - e o restante, embora justíssimas, são ainda miragens
de possibilidades) , a salada envinagrada serve bem a direita fascista
brasileira que apóia, aplaude e sorrir. Há anos ela não via um projeto tão
eficiente e "popular" para enterrar os governos minimamente
progressistas do país e paradoxalmente, auxiliados por boa parte da própria
esquerda, movida pelo sectarismo.
Logo
aparecerão os fundadores da nova ordem, ilibados e preocupados com o povo que
roubaram o doce das crianças: a direita e seus extremistas envernizados e
"solidários" às demandas populares. O efeito “Collor de Melo” foi um episódio
sintomático de nossa recente democracia dos trópicos e ávida por soluções
mágicas. Por enquanto, com o riso de orelha a orelha, a burguesia cochicha
entre seus elementos de grife e pequenos burgueses reacionários: “vamos deixar
o circo pegar fogo, canibalizar o leão, sodomizar o palhaço, a polícia de Alckmin
colocar mais combustível e a esquerda desorientada, metendo os pés pelas mãos”.
Caberá
agora a cúpula do PT prestar maior assessoria ao acuado prefeito Haddad,
inclusive com a ajuda pessoal de Lula. Aliás, o bom senso pede que os políticos
que tenha alguma massa cinzenta na cabeça comecem a lembrar de que a vida
pública não é apenas colher votos via distribuição de bolsas-esmolas e
demagogias baratas. Enquanto os trabalhadores e estudantes se “cansam”, fazem
um trabalho ingênuo de desestabilização do governo federal, cria espaços claros
para o retorno da direita e leva o país para mais um retrocesso de sua
história. As elites são muito mais matreiras e sabem sempre se assentarem no
poder, utilizando-se das formas mais sorrateiras possíveis para permanecerem
intactas diante de todo o processo.
Diante
do afã reivindicatório moralizante, diversidade de atores sem coesão alguma e
sem nenhum norte programático, um perigoso cavalo de Tróia parece estar sendo
desenhado, bem debaixo do calor dos acontecimentos e justas reivindicações
populares. A massa se torna uma passa pela densidade numérica, mas longe de ser
uma oposição reivindicatória que possa, de fato, refletir alguma contribuição
substancial (exceto para os românticos de plantão e seus discursos inflamados
sobre as latentes subjetividades). As elites sabem bem disto, aliás sempre
soube se aproveitar das carências e demandas sociais e vão aproveitar, ao
máximo, essa cansada amnésia popular para uma triunfal volta ao poder. Pior
para os resquícios das esquerdas, que cada vez terão diminuído seu espaço que
será reconquistado por partidos de centro-direita. O discurso “apoliticamente
correto”, a negação da política, somente serve para a direita e seus fascistas
de plantão. Neste balaio de gatos, cães, ratos e outros bichos, onde todos
metem a mão, uma coisa é certa: nem tudo que reluz é totalmente ouro. A guinada
à direita parece se projetar para uma realidade materializante. Diante de uma
realidade com ares surreais, a Caixa de Pandora está começando a se abrir e sem
um lastro bem definido, bem típico das surpresas que a História nos concede.
Quando
todos cansam da política, alguém bem descansado sempre irá ocupar o vácuo deixado
pelos cansado. Tudo como o diabo gosta para o próximo ano. Aliás, o diabo bem endireitado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário