quarta-feira, 30 de outubro de 2013
O risco da "mexicanização" em São Paulo
Na rabeira da onda de protestos de inverno, onde a repentina indignação de tudo e contra todos tomou partido de várias pessoas na cidade e para além dela, outro fator que passa muito despercebido da opinião pública é o quanto deste momento atual o crime organizado poderá tomar vantagem de toda essa onda catártica. Tal quadro deveria ser de preocupação real das autoridades governamentais e refletir suas consequências.
O estado de calamidade social diante dos sucessivos governos neoliberais, em particular, a hegemonia tucana em São Paulo que deixou brotar impunemente as facções criminosas, em particular o Primeiro Comando da Capital (PCC) dentro das cadeias paulistas. Nesse quadro, se faz necessário reportar à fatídico mês maio de 2006 onde todos os paulistas preferem esquecer, onde PCC impôs o maior toque de recolher da história desta cidade e mostrou a que veio e que não pretende ir embora tão cedo. Nos dias cruciais dos ataques do PCC contra alvos policiais e governamentais em São Paulo e que se espalhou para outros estados do país, somente entre 12 a 21 de maio de 2006, houve um macabro saldo de 564 mortos por arma de fogo no Estado de São Paulo (um total de 59 agentes públicos e 505 civis). Depois disto, incrivelmente de forma omissa, o Estado nada fez de concreto para desarticular tal facção, pelo contrário, que apenas fez se rearticular e se fortalecer. Enquanto alguns românticos acham que a máfia criminosa é alguma coisa como sendo "politicamente revolucionária" (somente com muita imaginação fértil acreditar em tamanha crassa bobagem!) e fechando os olhos para isto a espera do circo pegar fogo. Do outro lado, o Poder Público vem perdendo espaço diante de uma polícia truculenta, ineficiente e com sua perigosa banda pobre e corrupta favorecendo a criminalidade organizada.
Nesta terça-feira, 29/10, a manifestação dos moradores na zona norte da cidade de São Paulo (região de Vila Medeiros) tem um componente explosivo atípico de situações de manifestação. A partir de uma situação real, a morte de um jovem por policiais, deu origem a uma onda de vandalismo descontrolado e saques desconexos das áreas comerciais, mas de forma proposital: a promoção de um estado de caos. A boataria sobre "toque de recolher" foi lançada em alguns bairros da zona norte. O resultado é o esperado: população amedrontada, comércio fechou as portas e, às pressas, escolas dispensando os alunos. Do ponto de vista estratégico, qualquer ato de suposto abuso policial será usado por facções criminosas para levantar a ira dos moradores e, como objetivo maior, será impor o medo e, indiretamente, ganhar apoio popular da população contra a polícia. Lembrando que facções criminosas não são meros ladrões de galinha, ao contrário que muita gente bem versada nas letras gosta de fazer discursos de apologias com análises rocambolescas. É público e notório que em qualquer lugar do planeta, o crime organizado se articula de elementos que utilizam o crime com um meio de vida profissional, gerencialmente empresarial e altamente aparelhado.
A Polícia Militar, para variar, vem atuando de forma extremamente agressiva e violenta e, consequentemente, metendo os pés pelas mãos. A violência policial é tão assustadora e, por sinal, indica também uma ação deliberativa extra-oficial com caráter de “extermínio” de supostos suspeitos (isto não é nenhuma novidade dentro da história da Polícia Militar de São Paulo). Sabemos o quão é difícil a atuação contra a criminalidade, mas os números de baixas evidenciam uma polícia altamente letal e punitiva, fazendo as leis com o cano dos revolveres. Quem está vigiando os vigilantes e suas ações? Se espasmos de violência explícita por parte dos agentes de segurança pública fossem sinais de eficiência policial, a cidade de São Paulo teria os mesmos níveis de criminalidade do Vaticano.
Tudo que as facções querem é usar os erros estratégicos da polícia e, por sua vez, suas lideranças criminosas sabem muito bem como uma parcela degenerada da polícia atua, afinal, muitos dos agentes de segurança desta banda podre estão na lista de pagamentos destas mesmas facções. Não será surpresa que o atual protesto da zona norte, desta terça-feira, não tenha ligações com os "salves" de facções criminosas visando o momento atual para promover "ensaios" de violência e terror, como ocorreu no famigerado maio de 2006 no Estado de São Paulo.
Os componentes são explosivos e o elemento simbólico do medo arraigado na cultura de uma cidade extremamente desagregadora e cruel é fundamental: onda catártica de indignação (sem lideranças específicas), áreas periféricas de extrema pobreza onde pessoas são relegadas à própria sorte, uma policia pressionada pela opinião pública e agindo de forma atabalhoada e extremamente violenta, movimentação de chefes de facções criminosas recusando a aceitar o Regime Disciplinar Diferenciado (a ficcional pérola prisional do governo tucano, o RDD), facções cada vez mais fortes economicamente (como mostrou o Ministério Público no caso do PCC) e um Estado que não consegue tomar conta de seu sistema prisional. Lembrando que o PCC vem construindo um controle simbólico em grande parte do sistema prisional do Estado, responsável por um terço de toda a população carcerária de Brasil.
O "boom" econômico dos governos Lula e Dilma ficou muito mais relegado ao plano econômico do que de inserção à cidadania. As quinquilharias eletrônicas e eletrodomésticas das Casas Bahia tiveram mais sucesso do que a promoção ampla e radical na infraestrutura do país que deveria priorizar o fim de áreas de miséria extrema nas grandes cidades, resgatando toda esta população marginalizada para um novo patamar de vida. Bastar dar um pequeno passeio em qualquer trem da CPTM para observar o quanto é grotesco o nível de distorção social desta cidade e sua vizinhança, por sinal, entre o centro e a periferia, perpetuam as intocáveis disparidades seculares. A regra é simples: onde não há um Estado atuante, o crime compensa sua ausência, ao modo dos criminosos, é claro!
É possível separar protestos legítimos de cidadãos e aqueles infiltrados pelo crime organizado? Como garantir a integridade dos direitos constitucionais do cidadão e ao mesmo tempo impedir novas táticas de guerrilha do crime organizado por controle geográfico? O grande risco é mergulhamos sorrateiramente numa situação que o Estado não consiga mais controlar nas zonas periféricas, induzidas pelas facções por meio do medo e da coação violenta. Lembremo-nos do cenário da Colômbia e, particularmente do México, onde a violência das facções criminosas faz parte do cenário cotidiano de muitas cidades desses dois países. A fórmula explosiva para o caos é sempre a mesma: pobreza, descaso social, polícia violenta e bandas podres atuantes, governos lenientes e pouco sensíveis às questões sociais. Portanto, o risco de uma "mexicanização" é muito alto na cidade de São Paulo, com “áreas livres” para o crime organizado e sem nenhum controle estatal, que por sua vez, é munida de uma polícia viciada e inoperante e, sintomaticamente, a naturalização da violência grotesca por parte dos elementos da sociedade. Neste cenário de barbárie imposta pela violência endêmica, quem perde é a democracia, os direitos humanos e uma sociedade minimamente civilizacional deslizando-se como um trágico filete de sangue.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
OBRIGADO, PREFEITO HADDAD!
Senhor Prefeito Fernando Haddad, quanta alegria tem
ofertado ao coração dos paulistanos!
Obrigado por ferrar a população da região Leste de São
Paulo que depende do sistema de transporte público!
O Senhor está fazendo uma zona nos itinerários dos ônibus
e extinguindo linhas somente para anteder os interesses das quadrilhas que
operam o sistema.
Nem o pilantra do ex-prefeito Paulo Maluf e toda a corja
de larápios que sucedeu este mentecapto corrupto que parasitaram a Prefeitura
conseguiram bagunçar tanto as péssimas linhas de ônibus da região. Ao invés de
ofertar com mais opções, o Senhor vem cortando e mudando roteiros de linhas sem
aviso prévio e pegando de surpresa os usuários. Não adianta o senhor dar uma de
Jânio Quadros perambulando de ônibus pela cidade para chegar a Prefeitura, por
sinal, o senhor nem sabe dizer o que está escrito no seu itinerário dos
ônibus que o senhor pega em horários
místicos que sempre estão vazios! Poupe-nos, tudo bem? Pare de fazer de fazer
otária a população, Prefeito, ninguém cai mais nesta bobagem populista.
Duro saber que temos o mesmo partido, mas nunca apoiei
sua candidatura, mesmo porque sempre o considerei incompetente e perdido. O
tempo vem mostrando que eu tinha razão. Tanto no Ministério da Educação quanto
no meio dos protestos de inverno que assolou a cidade, o Senhor se mostrou
tacanho e covarde, marca de sua "impecável" administração.
Elevar brutalmente o IPTU para fazer populismo com o
salário do funcionalismo público e jorrar dinheiro para as empresas mafiosas de
transporte público mostra o quanto sua idéia de governo é tão pertinente quanto
às lambanças que fez com o famigerado ENEM no Ministério da Educação.
Senhor Haddad, sei que teremos que aguentar o Senhor por
mais dois anos, mas ao menos, para tentar aliviar o coração de muitos
paulistanos, se espelhe no governo da gestão de Luiza Erundina, que deu
esperanças a esta cidade. Não seja tão estúpido ao ponto de se tornar pior que
o cretino do Paulo Maluf, o qual o senhor abraçou e se ajoelhou de forma
humilhante pedindo votos no início da campanha. Também o Senhor sabe que se não
fosse o endosso de Lula, o Senhor jamais colocaria a bunda na cadeira que está
sentando agora.
Finalizo Senhor Prefeito, pedindo um pouco de consciência
em sua vasta cabeça vazia e arrogante. Veja quem são seus aliados de verdade e
quem realmente se preocupa com a vida cotidiana desta cidade cada vez mais
caótica e complexa. Sim, peça ajuda, não é mal nenhum ser humilde e generoso,
pelo contrário, é uma virtude que poucos homens conseguem ao longo da vida.
Que os deuses tenham piedade dos paulistanos!
Amém!
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
As bactérias da depressão
Esqueça a vida pós-moderna, precarizada, esvaziada de conteúdo, amores artificiais, amores de plástico, trepadas sem significado. Esqueça também que a vida corrompida visceralmente por um modo de vida programado para se inserir automaticamente e economicamente em segmentos do modo de produção e, ainda assim, quanto mais se trabalha, mais cresce a angústia de uma existência sem norte.
Quem achava que tudo isto levava a depressão está enganado! Estudo publicado na "Acta Psychiatrica Scandinavica" mostra que a Psicologia e a Psicanálise estão completamente erradas, o problema mesmo são as bactérias. Sim, elas, essas danadas de tamanhos infinitésimos são as grandes vilãs que provocam sorrateiramente a depressão nos indivíduos. O mal-estar da civilização é acometido por bactérias fazendo arruaças no estômago do indivíduo e deixando-o depressivo.
Logo, o mundo pós-moderno e sua vida completamente neurótica está certo, e você, caro leitor depressivo, é que está completamente errado. Vá cuidar de suas bactérias e seja bem feliz. Com o patrocínio de toda a indústria farmacêuticas sempre norteada pelos fantásticos contos da Carochinha.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
O petróleo que não é mais nosso: não se justifica nenhum leilão do patrimônio público nacional
O governo Dilma radicaliza e abraça o neoliberalismo com todas as forças tucanas ao patrocinar este nefasto leilão do Campo de Libra que até mesmo os operadores da PETROBRAS não sabem direito suas consequências.
A questão além de soberania econômica é também técnica: se somente a PETROBRAS dispõem das melhores tecnologias de prospecção de petróleo em águas profundas do mundo, como é o caso do pré-sal, qual sentido teria ao abrir mão desta empresa estatal e entregar de mãos beijadas para empresas estrangeiras que não dispõem de tecnologia suficiente para fazer a empreitada de extração diante destas condições técnicas, físicas e geográficas?
Ao que parece Dilma, para garantir uma "blindagem" via capital financeiro da próxima eleição, preferiu abrir mão da soberania do país em extrair e comercializar a vasta promessa do pré-sal e flertar com um confortável aplauso dos especuladores da economia alheia.
sábado, 19 de outubro de 2013
O fantástico mundo do autismo universitário.
Cá fico pensando com meus botões. Quando será que meus os colegas
uspianos que desfrutam o privilégio de estudarem numa bela universidade como a
USP, o qual sou grato eternamente, acordarão para o mundo real? Quem sabe,
eles, por mais fetichista que possa parecer, perceberão que o mundo não gira em
torno do umbigo uspiano e, por incrível que pareça (para eles) que também
existe vida para além dos portões da entrada principal e os muros que separam a
universidade da favela São Remo.
Há um esgotamento deste discurso esquizofrênico infanto-apocalíptico de se
achar que a democracia universitária somente será possível pela via da
truculência de atos midiáticos, ancoradas por depredações e sucessivas invasões
de prédios da universidade. Aliás, é mote do autoritarismo agressivo típico da “direita”
que vem paulatinamente parasitando as ações de muitos atos que se consideram da
“esquerda”. Sintoma claro da perda das referencias básicas de modelos
alternativos do pós-muro de Berlim e aprofundamento da onda de clivagem
neoliberal. É muita ingenuidade ou arrogância achar que a água se tornará vinho
apenas quando se entronar, via "voto popular", algum reitor populista
que faça vistas grossas com as traquinices de alguns minguados e oportunistas
alunos. Feito isso: Pronto! Eis a “universidade popular dos trópicos”
consolidada a base de marretadas, talvez a única da Via Láctea!
A eleição para reitor é o suprassumo da "democracia aristocrática" uspiana?
Claro que não! Primeiro é uma ilusão achar que a cereja é mais importante que o
bolo. Ademais, as unidades administrativas que integram a universidade são autônomas,
com direções e gestões independentes dos centros de decisão da reitoria. Aliás,
curiosamente, o DCE-USP vir pedir transparência democrática para a reitoria é
no mínimo demagógico. Sem querer entrar no mérito deste grande vespeiro, nada
mais obscuras são as eleições de muitos centros acadêmicos (incluso o DCE-USP),
sempre loteados com as mesmas figurinhas carimbadas e os mesmos discursos
decorados de alguma cartilha de partidos de um esquerdismo jurássico e
messiânico. Se levarmos para um viés mais radical poderia ser indagado por que
as contas financeiras dos centros acadêmicos são tão pouco transparentes?
Parece uma bobagem, mas não é. Aliás, esta uma das questões fundantes da gestão
a qual participei do período que estava na diretoria do CEFISMA-IF-USP, no inicio
dos anos 2000. Lembro-me o quanto era difícil conversar com os alunos a
respeito da transparência das contas públicas do “CA”, que por sua vez, também
era fundamental para a credibilidade de uma gestão de qualquer centro
acadêmico. Creio que não possível abusar de um velho ditado popular, “em casa
de ferreiro, espeto é de pau”. Claro que,
na época, não me sobraram críticas dizendo que nossa diretoria era da “direita”
(como se a “direita” fosse tão preocupada com a lisura do patrimônio público! Inclusive, dentro da diretoria, não havia um consenso sobre tal posicionamento entre todos os diretores).
Mas destes males, e comparações perversas do malufismo é uma meu coração já foi
purificado! Os anos passam e as velhas práticas permanecem, tanto do lado das
administrações universitárias, quanto dos centros acadêmicos.
Vale lembrar também que se encontra embolorada e manjada a tática de “endemonizar
o Estado repressor” contra os pobres alunos uspianos. Se o Estado reprimou algum
setor social, certamente nunca foram os queridos alunos uspianos. Definitivamente,
isto somente “cola” na cabeça daqueles que não conseguem conviver com um Estado
mais democrático e vivem torcendo para algum um retorno retardado da ditatura,
paradoxalmente, desejo esse nutrido por pessoas que sequer nasceram durante o período militar. Eis ainda
uma mentalidade autoritária recalcada destes grupos extremistas que loteiam a
universidade por pura farra revolucionária de araque.
Sabidamente, a USP serve como um grande refletor para diversas
universidades públicas brasileiras, por sua importância acadêmica, por sua
importância em seus números absolutos. É quase consenso que ela precisa
ser mais aberta, manter seus sites mais atualizados, não fazer traquinagens em
editais de processos seletivos que “aparecem e desaparecem” no seu site,
divulgar mais seus eventos públicos e, sem quer aqui citar outros casos
obscuros que mereceriam destaques nas páginas policiais. A impressão é irrefutável
que a USP mostra-se “fechada” em si mesma, como uma criança autista em seu
mundo. Portanto, a USP está longe de ser esta maravilha democrática que muitos
acreditam que instantaneamente irá se atingir meramente votando em algum
reitor. Todavia, é importante ainda entender que a lógica de reprodução
umbilical uspiana se reproduz nestas sequencias teatrais onde o mundo é apenas
a representação que a visão de alguns deseja da USP.
Definitivamente, a sociedade paulista não esta nenhuma pouco interessada
se o reitor da USP irá ou não ser decidido por algum voto de aluno, ou se algum
“reitor-boa-gente” liberará cachaça e marijuana a todos os interessados no
campus. A sociedade paulista quer uma universidade, que possa contribuir para
a dinâmica do conhecimento social e que ajude a proporcionar as mudanças
necessárias em prol do conhecimento e de retornos para a sociedade por parte
dos seus alunos, professores e pesquisadores.
A sociedade banca esta grande universidade, a qual ela permite
disponibilizar de um orçamento bilionário (como é o caso da USP), assim como outras grandes
universidades públicas, mas não é apenas para fazer a cada dois ou três meses
birrinhas de um grupo de alunos na dança do ocupa-desocupa-ocupa-desocupa
prédios administrativos e diretores administrativos que batem o pezinho no chão e fazem
biquinho para não negociar nenhuma reivindicação legítima. No final, tudo termina em uma generosa pizza até
a próxima ocupação. Tudo bacana e nada resolvido! Já se tornou obrigatório no
calendário anual da universidade: Fuvest, semana de recepção dos calouros e
ocupações de prédios administrativos.
Que é preciso novas relações institucionais na administração
universitária é flagrante e imperativo, mas sem recair nas mesmas bravatas
costumeiras que não levam a lugar algum e imobiliza a universidade. Nesta
batalha de foice de cegos, entre gestores, alguns apocalípticos alunos e
professores omissos ou desinteressados, quem perde é a própria universidade que
parece não avançar perante o tempo histórico. Na janela, a sociedade que apenas
assiste perplexa e sem nunca entender as razões que tantos choramingam de
barriga cheia. Por incrível que possa parecer para alguns elementos
autoritários, a democracia universitária jamais se dará na forma da marretada e
tampouco do fanatismo da arrogância catártica, mas apenas com amplo dialogo de
todos os setores que compõem as esferas da universidade.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
O adesismo destemperado e a bajulação do fascismo.
Estamos no momento atual
que não se pode falar mais mal de nada dos extremismos políticos, seja da
direita, seja da esquerda. Como se tudo merecesse ser canonizado por adesão
espontânea e destemperado, como se tudo
que supostamente seja "novo" representasse um objeto cândido e
divino. Abaixo, mais um destes artigos da Revista FÓRUM que utilizam uma longa
lista de supostas justificativas de que atos de vandalismo organizado seja o
suprassumo para um novo mundo.
A tática de endeusamento da violência é simples, coloca-se numa mesma panela, jogam-se todos os ingredientes e todas as justificativas possíveis e improváveis despeja-se gasolina e um palito de fósforo aceso e ponto: o leitor é vencido pelo cansaço e é convencido, antes que ele possa refletir, que tais mimosos fascistinhas devem ser adotado como um crianças puras e indefesas. Os ovos do serpentário são sempre muito bonitos e indefesos até eclodirem os elementos de suas cascas.
Devemos lembrar que a História é pródiga de ação de grupos autoritários e fascistas, do passado e da atualidade. Por exemplo, uma entidade não-governamental estadunidense, a “Southern Poverty Law Center” cadastrou mais de mil diferentes grupos de fascistas somente atuando em território dos Estados Unidos e em todos os estados daquele pais.
A novidade dos protestos do Brasil foram a influencia contaminante das mídias em julho e junho passado, criando um clima artificial e apocalíptico (como se o País do Carnaval iria se desmanchar em purpurina dentro de alguns dias) e ação de grupos fascistas, como o Black Blocs, com uma metodologia violentamente intolerante importada de grupos fascistas europeus. Como sempre, as premissas de copiar o que vem de fora é daqueles que a alma colonizada e acredita que tudo que atinge a metrópole, seja na Europa ou nos Estados Unidos, é bom para se mimetizado no Brasil. A importação do fascismo europeu não é novo, e o país teve suas caricaturas de grupos como o Integralismo de Plínio Salgado, nos anos 1930.
O final dos anos 1980 deixou claro que a polarização da Guerra Fria virou História. Com o colapso do Muro de Berlim, a perda de rumo dos partidos de esquerda, a fragmentação do sentido da política, o neoliberalismo social contaminando as regras da vida pública e íntima, temos, novamente, o fantasma da orfandade política em meio ao caos que virou a perda de referencia programática, em especial, da esquerda.
Para alguns setores que acredita que tudo vale a pena se não há mais sinapse neural para se realizar, os fantoches do fascismo surgindo como “alternativa” para a suposta estagnação da democracia. A apologia da novidade é como um suposto respiro para quem esta carente e com flacidez de suas convicções políticas. Todavia, deve-se ressaltar, que o “novo” em questão, o Black Blocs, é na sua essência, o velho e carcomido, e até a cor “preta” já fui utilizada por outros grupos intolerantes e fascistas no passado.
Curiosamente, um dos meus artigos a respeito dos “protestos de inverno” no país foi recusado de ser publicado por uma revista “supostamente” de esquerda cuja explicação dada por eles foi que eu haveria “criticado” um dado grupo o qual eles eram simpatizantes. logo, os autores da revista não “concordavam” com meu posicionamento e ponto final, portanto, sem a publicação do texto. Como podemos ver, entre tantos movimentos, o adesismo automático e pouco reflexivo é um mecanismo que vem se tornando cada vez mais frequente para quem acredita que tudo vale a pena bajular e flertar, inclusive com práticas fascistas travestidas com um claro engodo proto-revolucionário.
A tática de endeusamento da violência é simples, coloca-se numa mesma panela, jogam-se todos os ingredientes e todas as justificativas possíveis e improváveis despeja-se gasolina e um palito de fósforo aceso e ponto: o leitor é vencido pelo cansaço e é convencido, antes que ele possa refletir, que tais mimosos fascistinhas devem ser adotado como um crianças puras e indefesas. Os ovos do serpentário são sempre muito bonitos e indefesos até eclodirem os elementos de suas cascas.
Devemos lembrar que a História é pródiga de ação de grupos autoritários e fascistas, do passado e da atualidade. Por exemplo, uma entidade não-governamental estadunidense, a “Southern Poverty Law Center” cadastrou mais de mil diferentes grupos de fascistas somente atuando em território dos Estados Unidos e em todos os estados daquele pais.
A novidade dos protestos do Brasil foram a influencia contaminante das mídias em julho e junho passado, criando um clima artificial e apocalíptico (como se o País do Carnaval iria se desmanchar em purpurina dentro de alguns dias) e ação de grupos fascistas, como o Black Blocs, com uma metodologia violentamente intolerante importada de grupos fascistas europeus. Como sempre, as premissas de copiar o que vem de fora é daqueles que a alma colonizada e acredita que tudo que atinge a metrópole, seja na Europa ou nos Estados Unidos, é bom para se mimetizado no Brasil. A importação do fascismo europeu não é novo, e o país teve suas caricaturas de grupos como o Integralismo de Plínio Salgado, nos anos 1930.
O final dos anos 1980 deixou claro que a polarização da Guerra Fria virou História. Com o colapso do Muro de Berlim, a perda de rumo dos partidos de esquerda, a fragmentação do sentido da política, o neoliberalismo social contaminando as regras da vida pública e íntima, temos, novamente, o fantasma da orfandade política em meio ao caos que virou a perda de referencia programática, em especial, da esquerda.
Para alguns setores que acredita que tudo vale a pena se não há mais sinapse neural para se realizar, os fantoches do fascismo surgindo como “alternativa” para a suposta estagnação da democracia. A apologia da novidade é como um suposto respiro para quem esta carente e com flacidez de suas convicções políticas. Todavia, deve-se ressaltar, que o “novo” em questão, o Black Blocs, é na sua essência, o velho e carcomido, e até a cor “preta” já fui utilizada por outros grupos intolerantes e fascistas no passado.
Curiosamente, um dos meus artigos a respeito dos “protestos de inverno” no país foi recusado de ser publicado por uma revista “supostamente” de esquerda cuja explicação dada por eles foi que eu haveria “criticado” um dado grupo o qual eles eram simpatizantes. logo, os autores da revista não “concordavam” com meu posicionamento e ponto final, portanto, sem a publicação do texto. Como podemos ver, entre tantos movimentos, o adesismo automático e pouco reflexivo é um mecanismo que vem se tornando cada vez mais frequente para quem acredita que tudo vale a pena bajular e flertar, inclusive com práticas fascistas travestidas com um claro engodo proto-revolucionário.
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http://revistaforum.com.br/blog/2013/10/black-blocs-licoes-do-passado-desafios-do-futuro/
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