Sintomática é a visão neurótica e escrota
de manifestações pseudo-sexuais com imagens de santos para simplesmente
"chocar" o público em Copacabana. Espera-se que a arte promova a
reflexão ou até mesmo o ornamento da criatividade humana e não apenas sirva
como depósito de excrementos de intolerâncias boçais e gratuitas. Chocar o
público é o mecanismo mais fácil de chamar a atenção, todavia é um elemento de
mão-dupla, ou cria-se debate, ou cria-se ojeriza.
As atuais garotas
"protestantes" mascaradas da burguesia teatral em Copacabana, que por
sinal, região onde já viveu dias melhores com garotas mais sensuais e com mais
sensibilidade, parece definitivamente que perderam o rumo e a consciência
cívica. Torna-se tão patológico a intolerância contra ritos religiosos, quanto
o desrespeito à violência contra a mulher. Todavia, fazer uma salada neurótica
misturando todos os elementos e parindo cenas de absurda e gratuita
intolerância, é sintoma que tanta luz narcísica do manifestório juvenil mais
radical que tomou conta do país nas últimas semanas, no caso de Copacabana,
literalmente, saiu pela cloaca.
Não é possível que nenhum militante da
chamada "esquerda" que tenha colocado um mínimo de leitura marxista
afixado nas sinapses neurais possa compactuar com a intolerância fascista
contra as religiões. Ademais, é ate mesmo um sacrilégio destruir e teatralizar
imagens sacras, uma vez que muitos militantes partidários, cada um ao seu modo,
tem o culto próprio de suas igrejinhas ideológicas ou pseudo-ideológicas. Logo,
como é possível aceitar que desrespeitando de forma bizarra e vexatória imagens
religiosas possa contribuir com algum significado mais contundente de qualquer
que seja o debate. A religião poderá até ser o ópio do povo, como apontava Karl
Marx (eu particularmente, não compactuo com tal premissa), mas certamente a
intolerância é o motor da barbárie.
Na sanha manifestatória que alguns
grupos infanto-juvenis mais agressivos e intolerantes, é possível já
identificar muito mais traços que lembra as atitudes intolerantes da Juventude
Hitlerista da Alemanha nazista do que algum tipo de contribuição mais
promissora para o debate das demandas emergenciais para o país. Além do mais,
os mesmos que praticam da intolerância boçal ao se masturbarem com imagens de
santos católicos, em plena praça pública, são os mesmos que choramingam na
mídia contra a intolerância das forças policiais quando essas descem o porrete
nos "vândalos" (os novos e repentinos "santificados" da
mídia). Como diz o velho ditado popular, "pimenta nos olhos dos
outros..."
Não basta apenas ser um jovem
revoltadinho contra o planeta Terra. Toda revolta é legítima e existe até mesmo
um divã psicanalítico para ser trabalhado o mal-estar de muitas de suas
manifestações. Aos que recaem nesta premissa infantilizada de aderência a uma
violência banalizada e intolerante, é preciso saber colocar um pouco as sinapse
neurais para funcionar e perceber que até mesmo um movimento reivindicatório
precisa ter um mínimo de organicidade e, minimamente, um lastro de coerência.
Não observando tais aspectos, a sanha da "rebeldia" catártica do
momento é apenas um mero exercício de excreção de testosterona e estrogênio
pelas ruas.
Milhões de pessoas já perderam suas
vidas vitimadas pela insanidade intolerante de grupos "iluminados"
por uma cegueira opressora, ao longo da história. Agora, em pleno 2013, apesar
de todas suas pesadas estruturas, no Brasil que tenta se reconfigurar como um
país mais democrático e multiculturalista, não tem mais espaço para
representações do ódio banalizado. Nem que seja proveniente das crianças
mimadas do teatro reivindicatório de Copacabana.
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