segunda-feira, 29 de julho de 2013

Intolerância: Patologias do Excremento Manifestório





Sintomática é a visão neurótica e escrota de manifestações pseudo-sexuais com imagens de santos para simplesmente "chocar" o público em Copacabana. Espera-se que a arte promova a reflexão ou até mesmo o ornamento da criatividade humana e não apenas sirva como depósito de excrementos de intolerâncias boçais e gratuitas. Chocar o público é o mecanismo mais fácil de chamar a atenção, todavia é um elemento de mão-dupla, ou cria-se debate, ou cria-se ojeriza.



As atuais garotas "protestantes" mascaradas da burguesia teatral em Copacabana, que por sinal, região onde já viveu dias melhores com garotas mais sensuais e com mais sensibilidade, parece definitivamente que perderam o rumo e a consciência cívica. Torna-se tão patológico a intolerância contra ritos religiosos, quanto o desrespeito à violência contra a mulher. Todavia, fazer uma salada neurótica misturando todos os elementos e parindo cenas de absurda e gratuita intolerância, é sintoma que tanta luz narcísica do manifestório juvenil mais radical que tomou conta do país nas últimas semanas, no caso de Copacabana, literalmente, saiu pela cloaca.



Não é possível que nenhum militante da chamada "esquerda" que tenha colocado um mínimo de leitura marxista afixado nas sinapses neurais possa compactuar com a intolerância fascista contra as religiões. Ademais, é ate mesmo um sacrilégio destruir e teatralizar imagens sacras, uma vez que muitos militantes partidários, cada um ao seu modo, tem o culto próprio de suas igrejinhas ideológicas ou pseudo-ideológicas. Logo, como é possível aceitar que desrespeitando de forma bizarra e vexatória imagens religiosas possa contribuir com algum significado mais contundente de qualquer que seja o debate. A religião poderá até ser o ópio do povo, como apontava Karl Marx (eu particularmente, não compactuo com tal premissa), mas certamente a intolerância é o motor da barbárie.



Na sanha manifestatória que alguns grupos infanto-juvenis mais agressivos e intolerantes, é possível já identificar muito mais traços que lembra as atitudes intolerantes da Juventude Hitlerista da Alemanha nazista do que algum tipo de contribuição mais promissora para o debate das demandas emergenciais para o país. Além do mais, os mesmos que praticam da intolerância boçal ao se masturbarem com imagens de santos católicos, em plena praça pública, são os mesmos que choramingam na mídia contra a intolerância das forças policiais quando essas descem o porrete nos "vândalos" (os novos e repentinos "santificados" da mídia). Como diz o velho ditado popular, "pimenta nos olhos dos outros..."



Não basta apenas ser um jovem revoltadinho contra o planeta Terra. Toda revolta é legítima e existe até mesmo um divã psicanalítico para ser trabalhado o mal-estar de muitas de suas manifestações. Aos que recaem nesta premissa infantilizada de aderência a uma violência banalizada e intolerante, é preciso saber colocar um pouco as sinapse neurais para funcionar e perceber que até mesmo um movimento reivindicatório precisa ter um mínimo de organicidade e, minimamente, um lastro de coerência. Não observando tais aspectos, a sanha da "rebeldia" catártica do momento é apenas um mero exercício de excreção de testosterona e estrogênio pelas ruas.



Milhões de pessoas já perderam suas vidas vitimadas pela insanidade intolerante de grupos "iluminados" por uma cegueira opressora, ao longo da história. Agora, em pleno 2013, apesar de todas suas pesadas estruturas, no Brasil que tenta se reconfigurar como um país mais democrático e multiculturalista, não tem mais espaço para representações do ódio banalizado. Nem que seja proveniente das crianças mimadas do teatro reivindicatório de Copacabana.

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