A cordialidade pacífica do brasileiro é
mais um outro mito entre tantos de rondam o imaginário das pessoas. Não somos
tão cordiais assim e tampouco tão querubins perante outras sociedades. O
aumento da compra de armas reflete a sanha do engodo que para se proteger da
violência dos grandes centros urbanos seria buscando na corrida armamentista, a
solução mágica contra ela. Diante disto, para os caubóis de plantão, todas as
lógicas de "autodefesa pessoal" caem por terra, do ponto estritamente
das Leis da Física, o tempo de reação do indivíduo é sempre menor do que aquele
que aponta certeiramente o dedo no gatilho, no entanto, a crença continua
presente e engordando o lucro sanguinário dos fornecedores de armas.
Por sua vez, o Poder Público finge que
não é com ele a conta do mar de sangue e violência brutalizada. O fator
fundamental é a percepção da deficiência da polícia na prevenção global do
crime cotidiano e que contribui para a sensação de insegurança e fomenta o
imaginário armamentista.
Naturalmente, a questão social continua
relegada à último plano em uma sociedade eminentemente consumista, inserida em
gritantes desníveis socioeconômicos e que a todo momento patrocina o status de
poder de consumo. Logo, não poderia ser diferente no reflexo da criminalidade
baseada na violência explícita.
A corrida armamentista é um reflexo
contundente do desastre do neoliberalismo social na sociedade que se tornou tão
voraz e impregna no imaginário popular a solução do empreendedorismo
unipessoal. Sendo assim, na cartilha de sobrevivência do deserto neoliberal,
para todos os males terrenos, a justiça se faz com as próprias armas do
cidadão.
Em tempo: Diante de tantas armas de fogo
em poder de pessoas que não tem a menor habilidade para manuseá-las, ainda terá
alguns saudosistas do revolucionarismo jurássico que acharão que isto será o
caminho para alguma transloucada revolução! (Aliás, quando o sangue é alheio,
quem se importa?)
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Recomendável a leitura da matéria da Folha de S. Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/07/1310085-compra-de-armas-pela-populacao-de-sao-paulo-aumentou-5732-desde-2004.shtml
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