quinta-feira, 5 de junho de 2014

Greves oportunistas e a "fabricação" da imagem do caos no país: por que somente agora as "Alices" acordaram do sono do comodismo?





O cenário é do reino do País de Alice com clonazepam: de repente, todo mundo quer aparecer com sua reivindicação sob a mira dos holofotes midiáticos surfando na Copa do Mundo e emitir um emaranhado de ladainhas reivindicatórias. Aqui não está em juízo a pertinência delas, as supostas demandas, mas o modo pelo qual muitos protestos oportunistas vêm se instrumentalizando em um momento especial e de olho das eleições de outubro. O alvo é bem claro, atacar ao máximo o Governo Federal, mais particularmente, a presidenta Dilma Rousseff.

A greve da classe trabalhadora deve ser vista como um elemento poderoso e legítimo no campo de conquistas de reivindicações. Todavia, o que venho observando ultimamente é o oportunismo parasitário de alguns sindicatos pelegos e minguados grupos que efetivamente não tinham nenhuma participação popular. Todos estes “novos atores” sempre tão acomodados e, estranhamente "acordaram" de algum lugar do passado e, de forma súbita desabrocham o desejo de se aparecer diante do evento da Copa do Mundo. Mera coincidência?

É pura covardia e falta de clarividência estratégica provocar a chantagem da truculência em um momento importante para o país. Se tais grupos fossem realmente responsáveis, provavelmente a postura seria outra e saberiam das consequências políticas. Tiveram todo o tempo do mundo para se projetarem, agora, esperam os holofotes da impressa internacional para dar a projeção midiática do caos no país?

Que tipo de esquerda oportunista é esta que vem se apoderando de instrumentos dos trabalhadores e de luta popular para justamente fazer o trabalho sujo que somente a direita ganha com tais posturas? Quem ganha com esta invenção do caos no país? Levando em consideração que tais grupos seriam de alguma esquerda, é sabido que com uma parcela desta esquerda alucinógena que temos ultimamente, quem precisa de direita?

Do nada, vejamos o Movimento Sem Teto, por exemplo, conseguiu uma militância tão grande (e inexplicável pela sua rapidez agregadora) em busca de terrenos, por exemplo, em frente a estádios de rápida valorização comercial? Qual é a lógica destas mobilizações que supostamente seriam de "moradia popular"? É justíssimo o direito a moradia, mas somente agora se deram conta disto? Da injustificada greve dos professores da Prefeitura de São Paulo, o SINPEEM, o sindicato da categoria, e do seu oportunista presidente, Claudio Fonseca, por sinal, vereador do PPS (ex-PC do B) na capital, lidera uma greve com gatos pingados de mais de trinta dias e depois aceita proposta de reajuste da prefeitura que antes mesmo da deflagração da greve, já havia dado aos professores. Ou seja, o importante é ficar se projetando na mídia de olho nas próximas eleições do oportunista presidente do SINPEEM. No coro dos atuais descontentes instantâneos, aparece os metroviários para fazerem a paralisação de suas atividades, deixando milhões de pessoas à pé e faltando uma semana para a abertura da Copa do Mundo. Mais oportunismo, impossível!

Nas universidades públicas, como é o caso da USP, nem devemos levar muito mais a sério, pois a greve uspiana é tão datada como o Carnaval, todo ano pipoca e não importa qual seja o motivo. Já se banalizou e virou piada de péssimo gosto! Assim como alguns professores adoraram as "férias antecipadas" e encerraram abruptamente alguns cursos (inclusive de Pós-Graduação). O sindicato dos policiais, em São Paulo, criou um novo meio de fazer greve: terceirizar os grevistas de roupas uniformizadas e que não seriam policiais de fato, em caravanas, e nesta quarta-feira estavam em frente ao “Itaquerão”, palco da abertura da Copa do Mundo, ditando suas reivindicações. O grupo reclamava do Governo Federal uma demanda salarial que é obrigação de governo estadual?

O Poder Público tem feito pouco, avançado de forma lenta nas questões sociais, todavia, o que considero abusivo é mecânico uso de massa de manobra justamente, agora, em um momento que deveríamos ter uma pausa e tranquilidade necessária de alguns dias durante um evento importante para o país no cenário mundial. Toda esta construção do caos para fazer frente ao noticiário internacional?

O caminho das esquerdas jamais deverá ser o caminho das chantagens demagógicas e o uso torpe de uma turba voluntaria para ser usada por grupos conservadores. Fatos assim apenas dão possibilidades de haver mais espaços aos fantasmas e neuróticos de plantão que surgem das catacumbas da direita mais conservadora e nefasta.

É preciso deixar bem claro: chantagem contra a população é um certeiro tiro no pé dos próprios movimentos de trabalhadores e movimentos que se dizem sociais. As Alices oportunistas que balbuciam o caos apocalíptico brasuca sempre quebram suas caras de fachada quando os olhos são maiores que a capacidade de abocanhar interesses mesquinhos e imediatistas.

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