domingo, 29 de junho de 2014

A flor da pele: a preocupante crise emocional da Seleção.





No maior teste dos selecionados brasileiros dos últimos tempos, uma seleção jovem, inexperiente em Copa do Mundo, que carrega o peso e a pressão de 200 milhões de técnicos de futebol cuja disputa acirrada é em casa, sempre festiva emoção, mas altamente explosiva. Se a casa é um trunfo para os donos dela, para os adversários, inquilinos provisórios, é uma conquista de ouro desbancar com muito mais vigor o dono do imóvel.

O resultado é visto em campo, uma seleção nervosa, emotiva, errando muito e, acima de tudo, com picos de ansiedade que quase tirou neste sábado o tão alardeado "sonho do hexa". 

Sintomaticamente, se tornaram comuns as lágrimas durante a execução do hino nacional por parte dos jogadores brasileiros. Assistimos neste sábado o choro desmedido do goleiro Júlio César, antes e depois da cobrança de pênaltis. Neymar foi um símbolo do desgaste emocional, desabado em campo sendo amparado o Felipão. Até mesmo o sempre poço de gelo, Parreira, o grande técnico tetracampeão do mundo em 1994, estava muito exaltado na área técnica e brigando muito com o quarto árbitro sobre jogadas não sinalizadas pelo juiz inglês. 

A explosão emocional que bateu na trave de Júlio César na cobrança de Jara foi o ímpeto de explosão catártica dos jogadores. Seria leviano em não lembrar que a catarse foi também nacional, sim, de todo aquele povo que torcia pela Seleção, dentro do estádio e principalmente fora dele, e voltou a se apaixonar por ela. Se o futebol é ópio do povo, que a verdade seja dito: nada é mais aderente à afetividade nacional que um gramado bailando a camisa canarinho. 

A Copa do Brasil de amor e de ódio. Fato que somente com Felipão essa paixão com as cores nacionais voltou a ferver por parte da população. O mesmo Felipão pentacampeão em 2002. Diante dos ecos à capela do hino nacional, o velho bordão da “pátria de chuteiras”, a torcida e os jogadores em clima de euforia e catarse. A sobrevida passou para a próxima sexta-feira, contra um bom selecionado da Colômbia. Outro espasmo emotivo?

Assim é o Brasil, como todos os nossos problemas e com toda a emoção de não ser derrotado... Nunca! Nesta Copa, o maior de todos os adversários da Seleção Brasileira é ela mesma, sua ansiedade estampada nos rostos dos jogadores e o medo do fracasso iminente. O medo de perder para si mesma, a fragilidade de se olhar para o espelho e se reconhecer como gigante.

Independente de qualquer que seja o resultado nos próximos jogos, raramente, temos que reconhecer que o que se viu foi um elenco com muita garra para vestir a camisa verde-amarela. Coisas que somente Felipão pode reinventar (logo ele, que sabe muito bem explorar o lado emocional dos jogadores)!  

Com altos e baixos, vitória ou derrota, esta seleção merece o carinho do torcedor brasileiro. Já ficou para a História. É emocionante!

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