domingo, 1 de setembro de 2013

O "mea-culpa" d´O GLOBO





O jornal O GLOBO em seu editorial de 31/08, fez seu mea-culpa da História ao confirmar a participação das organizações mantenedora do jornal, propriedade da família de Roberto Marinho, no apoio do levante golpista patrocinado pelos militares em 1964 contra o governo de João Goulart no que resultou em dos piores momentos da História recente do Brasil, os "anos de chumbo" da ditadura dos militares.

Hoje, o momento é outro, após um período de tormenta militar-civil no país, temos o restabelecimento da democracia, ainda com seus típicos solavancos, mas a realidade que de bom-mocismo as organizações Marinho não tem nada. Durante o golpe dos militar de 1964, foi construído o maior império de comunicações do país com ajuda direta dos próprios militares: as organizações Globo.

Agora, quase cinquenta anos depois, fazer uma espécie de retratação soa falso, para não dizer perverso, uma vez que fica parecendo que o jornal procura driblar das suas responsabilidades perante a História. Nunca é favorável a fazer uma operação ao "caças as bruxas" com a História (sempre típico de momentos de levante de um dado grupo para “varrer” as oposições), mas devemos sempre buscar a verdade dos fatos, sem optar necessariamente pela vingança ou o revanchismo homicida ou histórico.

A História não se orienta pelo determinismo, pela quiromancia, pelo fatalismo histriônico ou pelo messianismo proto-religioso. A História, é o produto de sua realidade aparente e seus agentes, contextualizada dentro de sua dimensão e cercada pelos fatos concretos envolvidos. A retratação do O GLOBO vem com décadas de atraso. Portanto, se por um lado faz um serviço para a "memória" da História mas, todavia se torna irrelevante na medida que sua postura de grande contingenciada da área de telecomunicações no país permanece quase inalterada, ou seja, como se a postura golpista ainda permanecesse no país, e a organizações Marinho sempre ao lado das elites regionais e nacionais e, ainda, se mantendo impositiva e influenciadora de todo sortilégio político, econômico, social, esportivo e cultural. Não é de estranhar uma afirmação de quem faz realmente "cultura" no Brasil é a Globo, tal é o seu poder de participação dentro de nossa sociedade.

Não basta, em algumas linhas editoriais, descrever uma mera desculpa protocolar meio sem jeito, é preciso mudar as formas monopolistas dos meios de comunicação sem as quais qualquer movimento de auto-confissão apenas servirá para buscar calar alguns críticos, criar uma falsa aura de imparcialidade e fazer gozar todos aqueles que acham que a História deve ser lida com um simplório maniqueísmo de contos de fada: o grande “Mal” que se redime com algumas palavras ao vento.

Que não façamos tábula rasa do passado. Se as organizações Globo deve algo para a História brasileira, certamente é a hora dela abrir mão de seu poder político-econômico em prol de um sistema mais amplamente democrático de comunicações. Porém, isto iria muito mais além do que uma mera desculpa de meia página.

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