O
jornal O GLOBO em seu editorial de 31/08, fez seu mea-culpa da História ao
confirmar a participação das organizações mantenedora do jornal, propriedade da
família de Roberto Marinho, no apoio do levante golpista patrocinado pelos
militares em 1964 contra o governo de João Goulart no que resultou em dos
piores momentos da História recente do Brasil, os "anos de chumbo" da
ditadura dos militares.
Hoje,
o momento é outro, após um período de tormenta militar-civil no país, temos o
restabelecimento da democracia, ainda com seus típicos solavancos, mas a
realidade que de bom-mocismo as organizações Marinho não tem nada. Durante o
golpe dos militar de 1964, foi construído o maior império de comunicações do
país com ajuda direta dos próprios militares: as organizações Globo.
Agora,
quase cinquenta anos depois, fazer uma espécie de retratação soa falso, para
não dizer perverso, uma vez que fica parecendo que o jornal procura driblar das
suas responsabilidades perante a História. Nunca é favorável a fazer uma
operação ao "caças as bruxas" com a História (sempre típico de
momentos de levante de um dado grupo para “varrer” as oposições), mas devemos
sempre buscar a verdade dos fatos, sem optar necessariamente pela vingança ou o
revanchismo homicida ou histórico.
A
História não se orienta pelo determinismo, pela quiromancia, pelo fatalismo
histriônico ou pelo messianismo proto-religioso. A História, é o produto de sua
realidade aparente e seus agentes, contextualizada dentro de sua dimensão e
cercada pelos fatos concretos envolvidos. A retratação do O GLOBO vem com
décadas de atraso. Portanto, se por um lado faz um serviço para a
"memória" da História mas, todavia se torna irrelevante na medida que
sua postura de grande contingenciada da área de telecomunicações no país
permanece quase inalterada, ou seja, como se a postura golpista ainda permanecesse
no país, e a organizações Marinho sempre ao lado das elites regionais e
nacionais e, ainda, se mantendo impositiva e influenciadora de todo sortilégio
político, econômico, social, esportivo e cultural. Não é de estranhar uma
afirmação de quem faz realmente "cultura" no Brasil é a Globo, tal é
o seu poder de participação dentro de nossa sociedade.
Não
basta, em algumas linhas editoriais, descrever uma mera desculpa protocolar
meio sem jeito, é preciso mudar as formas monopolistas dos meios de comunicação
sem as quais qualquer movimento de auto-confissão apenas servirá para buscar
calar alguns críticos, criar uma falsa aura de imparcialidade e fazer gozar
todos aqueles que acham que a História deve ser lida com um simplório
maniqueísmo de contos de fada: o grande “Mal” que se redime com algumas
palavras ao vento.
Que
não façamos tábula rasa do passado. Se as organizações Globo deve algo para a
História brasileira, certamente é a hora dela abrir mão de seu poder
político-econômico em prol de um sistema mais amplamente democrático de
comunicações. Porém, isto iria muito mais além do que uma mera desculpa de meia
página.
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