domingo, 8 de setembro de 2013
O Retorno do Idiota
Olavo de Carvalho, um filósofo da soberba elite, é um destes típicos intelectuais que a direita conservadora aplaude e dá gargalhadas com suas fanfarronices. Ele, Olavo, se acha um iluminado que tem respostas para todos os males da Via Láctea e considera "idiota" todos aqueles que ousarem discordar de suas iluminações tão modernas quanto as pinturas rupestres do Paleolítico Superior. Ele é um destes prosadores fascistóides, bem ao estilo de articulistas de folhetins, especialistas em avacalhar, com todo sortilégio de falácias, qualquer corrente mais progressista no planeta e lamber as botas de coturnos de generais e gravadas de políticos estadunidenses e europeus, e exaltam toneladas de bobagens senis toda semana na igualmente fascistóide Revista Veja, ou mesmo os requintados do Estadão e os travestidos da Folha de São Paulo. Aliás, para gente assim, somente o modelo do "imperialismo democrático" estadunidense é que funciona no mundo e o restante de planeta deve ser catequizado por tais premissas "libertárias".
Assim como muitos que possuem um fascismo recalcado, Olavo é um admirador das ditaduras. Ele certamente considera que é sob o manto do autoritarismo o melhor regime para apaziguar as diferenças, ou seja, na hipótese de discordância da metodologia autoritária, existem dois caminhos similares: o bolor do xadrez ou sete palmos de terra.
Como todo bom elemento da elite, Olavo certamente nunca teve problemas reais em sua vida de “olhos de lince da elite”. Nunca lidou com questões mais cruciais do cotidiano real para saber que o salário do trabalhador termina antes do mês, sobre a dificuldade de se formar em um país carente de estrutura educacional e sobra escolões caça-níqueis, nível de vida sempre muito tensa com a fragmentação do serviço público e o transporte público é pior que acomodação de sardinha oleosa em lata. Portanto, é muito fácil filosofar groselhas e prospopéias nos "States", tomando um vinho envelhecido nos melhores barris de carvalho e degustando caviar em suntuosos restaurantes ianques. É muito fácil exalar o riso histriônico sobre as debilidades latino-americanas, a fragilidade brasileira e o turvo momento que as esquerdas passam em momentos de desertificação neoliberal. Para Olavo, a História é uma ficção e tudo que é realidade é o que passa em sua mente. Sigmund Freud, ou qualquer outro psicanalista, explicaria bem tais fenômenos obsessivamente neuróticos. Afinal de contas, protegido do seu “bunker” anti-pobreza e anti-realidade, o mundo é simplesmente dividido entre os olavinhos e os idiotas. Fácil assim!
Talvez o único idiota, de fato, não é quem discorda da truculência conservadora de Olavo, mas quem acredita, tal como ele, que é mundo deve ser regido pelas leis darwinistas, onde o mais forte, simplesmente, tratora o mais frágil e o fim da História será o baile da seleta burguesia sobre as cabeças de toda a plebe idiotizada.
Ademais, Olavo não é bobo, ou seja, de idiota não tem nada, apenas é um espertalhão reacionário, como alguns outros com mais ou menos recalque, que promove o discurso da manutenção do “status quo”, onde as elites permanecem imóveis e as demais classes estagnadas, preservadas em formol, para todo o sempre. O seu novo livro, recém-lançado em terras tupiniquins, "O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota", publicado pela Editora Record, é um convite à filosofia da estupidez e o cinismo político, uma espécie de mau-caratismo para as gerações presentes e futuras. Uma viseira perversa para todos aqueles que acreditam que a humanidade deverá seguir como um pântano, real e simbólico, dominado pelo autoritarismo das elites e o poder econômico das grandes corporações.
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