sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Da pizza para o samba: para além do carnaval mensalônico
À surdina pré-carnavalesca, eis o que se aprontou no país das bundas sacolejantes, do alcoolismo patrimonialista permitido e do samba generoso no pé. Para além da absolvição da acusação de "quadrilha" dos mensalônicos ligados ao PT, independente do clima político que se instalou dentro do permissivo STF, tem-se a clara sensação do imenso estrago que faz diante do imaginário subjetivo da população brasileira: uma terra de ninguém e arrasada por "pizzas" por todos os poros.
Não adianta meus amigos petistas, que prezo com simpatia, fazerem peripécias para tentar criar discursos que possa "absolver" gente escrota como Marcos Valério e Delúbio Soares, além de José Dirceu, a versão petista do alcoviteiro czarista russo Gregori Rasputin. Difícil é tirar leite de pedra ou uma lasca de honestidade em caule de margarida chafurdada no esgoto.
A grande lição que se faz de tudo isto é que ainda somos uma "Republica das Bananas", um lugar onde o crime e a canalhice compensam e recompensam os seus autores. Sim, aceitemos o fato que foi um julgamento com viés político com bravatas de um Joaquinzão-papa-anjo, isto também deve ser levando em consideração. Mas devemos lembrar que o estrago na imagem do partido há muito se fez presente e a guinada conservadora petista também, logo, chegará seu momento de esgotamento eleitoral. Vamos lembrar que nenhum programa assistencialista, por mais "cidadão" que possa existir em seus pilares, será capaz de resistir ao descontentamento popular e a sede de poder explícito da direita.
Tal como o modelo exaurido de Hugo Chávez na Venezuela que o ex-maquinista abilolado do Nicolas Maduro terminou de conduzir os modestos avanços para jogar bem diante do ventilador, temos nossa versão de políticas próximas à exaustão. O modelo economicista brasileiro, com endividamento das famílias pela via exclusivista do consumismo sem lastro com a cidadania, indica que para ampliar reformas de forma mais radical, é preciso muito mais que demagogia ou bravata. Lá como cá, parece que ninguém aprendeu ou quer aprender as evidentes lições.
Não basta dizer que tal político é supostamente "honesto", tem que ao menos se parecer honesto. Claro que honestidade, simplesmente, não ganha votos imediatos, mas é um bom “seguro” para eventuais turbulências eleitorais.
Aos amigos que aplaudem as estranhas procissões de processos rumo a "absolvição" de acusados de corrupção no âmago do poder brasileiro na gestão do então presidente Lula, é preciso lembrar que nada temos a comemorar. É patente ainda que um mar de lama impregnou na imagem de um partido que outrora já foi o símbolo de esperança e luta de um Brasil que ousara sonhar para além da mediocridade materialista imediatista. Venceu a política dos comezinhos e da boquinha: a premissa do mensalão em agradar parasitas travestidos de políticos. Há um outro caminho para além da corrupção ou toda política é fadada à ser um elemento necessariamente corrupto?
Se os "absolvidos" mensalônicos se tornarão "heróis da pátria" então, nesta mesma linha de raciocínio ufanista, quem também não poderia dizer que mafioso Marcola e seu funesto PCC seriam também tão dignos e legítimos em assumirem os tentáculos do poder político nas asas do Palácio do Planalto? Poderá até ser uma comparação "injusta", mas cabe perguntar o que diz agora o imaginário popular do “brasileiro comum”, aquele que de fato, decide eleições, patina em sacrifícios cotidianos e vive à espera de um outro Brasil. Seria apenas miragem de carnaval?
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