segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Caduquice Avermelhada
É lastimável assistir o que vem sendo reduzida a grande parte da esquerda brasileira que mais parece um pano de prato esquecido em algum canto da casa.
Um discurso beirando o choramingo querendo chamar a atenção dos partidões para ser o potencial "rival" nas eleições, o PSOL lança a discutível candidatura ao Planalto do senador Randolfe Rodrigues, do Amapá. Expressividade nacional? Zero.
Uma grande questão psicanalítica é a aversão que as esquerdas tem em buscar sedimentarem um projeto mínimo em comum. Logo, se esfacelam entre si para disputarem o bastião de quem é mais vermelho entre os vermelhos e quem poderá lustrar com mais galhardia as botas de algum ditador que sequestra Karl Marx em discursos demagógicos e populistas.
Correndo em círculo em busca do próprio rabo, vai mais uma eleição onde as esquerdas, no Brasil, seguem brigando entre si e totalmente desarticuladas, muito mais por culpa de seus egos colossais e umbigos celestiais do que uma suposta "onda de perseguição fantasmagórica" da direita. Para estes saudosistas de um mundo que não mais existe, o muro de Berlim continua intacto desde 1989.
Ainda tem os bêbados de plantão, que para colocar mais lenha no fogaréu, apostam de forma escrota e estúpida na violência "black bloc", o neofascismo esquerdóide, angariando fantoches mascarados para fazerem teatros circenses pelas ruas. Claro, o importante desta política de cabeças-ocas é brigar com a polícia e anunciar um fanático evangelho de que que estamos à beira do Apocalipse. Em cada teatro de violência mascarada e vandalismo gratuitamente torpe, um novo inimigo “numero um” lançado diante das caras encarapuçadas! Tudo muito inteligente e tão estratégico como pata de cavalo para colocar o fio de linha numa agulha.
A esquerda brasileira não apenas não consegue se reinventar como opção política viável e confiável para a população, como também não deixa de ser cada vez mais patética e caduca com seus próprios méritos. Como é de se esperar, a sempre espertalhona direita brasileira, para variar, agradece tamanho autismo político dos que se dizem "vermelhinhos". Neste ínterim, o PT, como centro-esquerda-endireitada, segue ainda sendo referência política como projeto de poder e conquistando adeptos das alas mais conservadoras.
É preciso entender, e isto é muito difícil para boa parte dos oradores fundamentalistas das esquerdas mais radicais, que não basta apenas discursos desbotados e velas para velhos defuntos. É necessário olhar o presente, refletindo o passado, para de fato, projetar algum novo futuro. Sem isto, ou seja, sem uma urgente e profunda autocrítica e visão para além da ponta do nariz, é viver na ilha de alguma fantasia cubana.
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