sábado, 26 de setembro de 2009

VEJA que Bobagem!: A crise hondurenha pelas tintas da esquizofrenia neoliberal


A revista VEJA do Grupo Abril não cansa de ser ridícula. A edição 2132 (30 de setembro) desta semana, estampada na capa o título “Imperialismo Megalonanico”, conseguiu novas absurdas proezas como é típico de sua fascistóide linha editorial.


Numa “salada jornalística” de análise totalmente preconceituosa, taxa impiedosamente Honduras como sendo uma mera “republiqueta de bananas”, apóia descaradamente o golpe de Estado naquele país e sobram mentiras sobre a atuação de Brasil e Venezuela na região. Nada é inferido sobre o histórico de crise e dependência de Honduras. É como se o povo hondurenho adorasse ser dependente de monoculturas e acendesse velas para louvar o subdesenvolvimento!


Imergindo numa leitura esquizofrênica e caricatural, VEJA acusa o Brasil de “intervir” em Honduras e ser “subalterno” à política de Hugo Chávez. Assim como tinge Chávez como um fanático religioso “que não se conforma em perder o investimento feito na conversão dele [Zelaya] ao seu credo”, as cores para Lula é de um “imperador megalonanico”. No mundo de VEJA, a diferença é que Chávez é o “patrão” do continente latinoamericano e Lula o seu braço direito abobalhado, ou melhor, “esquerdo”! Para a figura do presidente deposto, Manuel Zelaya, sobrou o papel de um bonachão e bigodudo marionete. A revista também descarrega nas tintas descrevendo Zelaya como sendo “o incrível latifundiário que virou ícone esquerdista” além de achincalhá-lo como sendo dono de uma “aparência bizarra e com sinais evidentes de distúrbios mentais”. VEJA que bela “imparcialidade” jornalística!


Diz ao longo da “reportagem” da “democrática” VEJA: “Zelaya é um problema dos hondurenhos que encurtaram seu mandato antes que ele o espichasse indefinidamente”. Na leitura da revista, Zelaya é o homem-mau que tomou de assalto a embaixada brasileira para fazer “palanque eleitoral”. Tanto a revista simplesmente não diz a respeito do apoio popular do presidente deposto e como também busca pateticamente legitimar o golpe de Estado! A má-fé de VEJA além de desqualificar os fatos, ridicularizar todo o drama que está vivendo o povo hondurenho e ainda faz de suas páginas um palanque para golpistas. Este é o serviço que VEJA presta aos seus leitores. De forma leviana, assim a revista trata de forma simplória e estúpida a situação hondurenha: “A situação em Honduras só tinha importância para Zelaya. Se as eleições fossem realizadas, um novo presidente assumiria e o deposto cairia no anonimato”. Isto é simplificação dos fatos pela lente de VEJA: um mundo plano erguido por duas gigantes tartarugas!


Culturalmente subserviente, VEJA acha que o mundo deve ser curvar perante o imperialismo estadunidense até a exposição explicita do cóccix. A revista reduz a América Latina como sendo um mero “subcontinente americano”. Segundo a revista, a questão de Honduras: “É um problema dos Estados Unidos pela proximidade geográfica e por estar na sua esfera de influência histórica”. Para a revista, sequer algum país do globo poderá ter seus problemas internos sem auxílio da sapiência do “Big Brother”! Logo, como lição de submissão, para VEJA, tudo deverá ser entregue de mãos beijadas para os Estados Unidos. Para VEJA não existe diplomacia, mas tão somente “cada um por si” no perfeito mundo do “liberalismo econômico” sob a voraz batuta estadunidense. O unilateralismo na esfera das relações internacionais não há mais espaço, porém no mundo encantado de VEJA, ainda a mentalidade é amparada no escore da Guerra Fria: vermelhos “demoníacos” que engolem neófitos contra os heróis azulzinhos “bonzinhos”!


A revista semanal com a maior tiragem absoluta do Brasil, VEJA destila sem pudor sua visão míope, a linguagem cínica e egocêntrica. Sobressalta tudo isto com a torpe mesquinhez sob o rótulo de “reportagens”. VEJA escancara nas tintas a deturpação dos fatos, o maniqueísmo e o preconceito explícitos e se mantém como a bastilha do ranço neoliberal. Fiel cabo eleitoral de qualquer partido ou político de cores bem à direita do espectro político, a intolerante VEJA que tanto se orgulha do seu imenso umbigo neoliberal esquece que o mundo é muito maior do que suas páginas amareladas.


Apesar do império econômico do Grupo Abril (dona também do monopólio de distribuição de jornais e revistas em bancas no país), cedo ou tarde, a Verdade tende a ser erguer com mais força, apesar das toneladas de entulho que caminhões de mentiras trabalham para sepultá-la. Como o “belíssimo” papel de VEJA que presta para a sociedade, tem aqueles que se vangloriam com o ilibado papel da imprensa no país. Alguns confundem o torniquete do poder econômico com a surrada “liberdade de expressão”.


VEJA é o semanário de maior produção de notícias no país. Seus números são impressionantes. E mais impressionante ainda é a pouca circulação de novos títulos de revistas e jornais do segmento jornalístico no país. Com meia dúzia de grandes grupos empresariais que controlam a divulgação da informação no Brasil, pode-se dizer que a circulação de informações é refém de num “latifúndio da mídia”. Por sinal, fere frontalmente a liberdade de expressão e meios de livre circulação da informação. Diante do gozo do imenso poder econômico VEJA diz o que bem quer e como quer construir e amplificar sua cadeia de falácias.


A revista se aufere como sendo um colosso crítico do poder político (aliás, ela se promove como uma sendo uma virgem e ingênua garota “apolítica”), mas esquece de mencionar que boa parte de sua receita é oriunda da publicidade das empresas que estampam suas logomarcas em suas páginas e as quais VEJA tanto defende em supostas “reportagens”. Basta ver a lista de seus jornalistas sem o menor apreço pela ética, desdenham da construção e investigação em prol da elucidação dos fatos e escrevem sem o menor compromisso público que um jornalismo “mínimo” carece. E ainda tem gente que acredita que existem Coelhinho da Páscoa, Papai Noel, neoliberalismo “bonzinho” e “jornalismo imparcial”!

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