quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Bingo! (Game Over?)


Parecia que já estava enterrada a idéia da abertura da farra das casas de jogos de azar, popularmente conhecido no Brasil como “bingos”. Ledo engano! Os fantasmas da jogatina e dos caça-níqueis ressuscitam mais uma vez no Congresso brasileiro. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados votará nesta quinta-feira, 16/09, o possível reinício da legalização do bingo no Brasil. Mais uma vez com a surrada premissa da “promoção do emprego”, políticos com seus longos rabos presos com esquemas de máfias de jogos querem liberar a jogatina.



Teatro. Para fazer mídia, sensibilizar a “opinião pública” e usando a defesa de trabalho como mote, a Força Sindical (este sindicato por sinal, sempre ao lado dos interesses de empresários e cafajestagens contra os trabalhadores) se encarregará de fazer a devida “pressão” no Congresso em nome dos trabalhadores que ficaram desempregados com o fechamento dos bingos. Esquema de manipulação semelhante ocorre com chefes do tráfico em zonas de guerra civil à brasileira (seja no Rio de Janeiro, seja em São Paulo ou mesmo Salvador) que obrigam moradores destas deletérias localidades a queimarem ônibus e carros em via públicas, fechar ruas e bradarem por “justiça social”. Tais cenas se tornaram cada vez mais comuns nas periferias dos grandes centros de exclusão socioeconômicos. Mais bizarro e surreal, impossível!



Para o relator do projeto e antigo aliado do ex-prefeito Paulo Maluf, o deputado Regis de Oliveira e membro do Partido Social Cristão (PSC) de São Paulo (por sinal, esta é uma sigla partidária que se autodefine como sendo “cristã”!) a liberação dos bingos é benéfico para o país. Segundo Oliveira, “o fechamento de bingos, cassinos e casas de jogos de azar provocou prejuízos à sociedade e ao Estado brasileiro”. Ainda seguindo a linha “evangelizadora” do deputado onde afirma que os angelicais “estabelecimentos foram obrigados a fechar”, o que "gerou a demissão de um número enorme de empregados". Como se fosse lícito gerar “empregos” sob qualquer situação. Partindo desta lógica do imediatismo eleitoreiro, até mesmo o trabalho escravo seria “louvável”!



Seguindo a linha de “raciocínio” do assecla de Maluf, Regis de Oliveira deveria propor a oficialização de todas as bocas de fumo das esquinas e guetos de todo o país. Sendo assim oficializaria o nobre emprego de milhares de “aviõezinhos”, outros milhares de “atividades”, centenas de gerentes e tantos outros nobres sentinelas do narcotráfico. Aliás, são mulheres, adolescentes e crianças neste fantástico e macabro exército de mão-de-obra ociosa servindo ao narcotráfico das mais ordinárias e distintas formas. Seguindo adiante, talvez em nome da “promoção do emprego” já oficializariam o tráfico de animais, órgãos e mulheres cuja movimentação anual pelo planeta alcança cifras bilionárias. Quanto de impostos poderia ser recolhido para o Estado através da mesma contravenção que sua força policial combate? Isto é, na surreal hipótese que eles seriam pagos pelos mafiosos donos de casas de jogatinas! É claro, como sempre nestas horas, invoca-se a necessidade de fomento do erário via criação de impostos para os três pilares desagregados e esquecidos das políticas públicas: educação, saúde e segurança pública. Que linda é a “consciência social” de nossos ilustres parlamentares!



Com a proibição das casas de bingos, como é de esperar, os deputados que devem favores eleitoreiros e financeiros aos gigolôs do jogo se esforçaram em demasia para novamente liberar a contravenção. Tanto esforço que em surdina acelerou o regime de votação do projeto do relator Oliveira. Claro, para uma parte da nobreza parlamentar, os bingos e a lavanderia de dinheiro sujo provenientes de negócios escusos são vitais para o desenvolvimento econômico na nação!



Agora, novamente o circo estará armado para aprovação do relatório e posterior oficialização da lavagem de dinheiro por via das jogatinas dos bingos, cassinos e caça-níqueis de todas as espécies de maracutaias. Parabéns, parlamentares! O crime organizado agradece.

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