Após pontapé no deputado federal Marcelo Freixo que buscou uma promissora aliança com o PT/RJ, o seu próprio partido, o PSOL/RJ, melou tal empreitada e abriu mão de uma possível união do campo das esquerdas para construção de um “campo democrático” visando a prefeitura carioca no primeiro turno das eleições deste ano.
Frente a este autoritarismo narcisista partidário, o PSOL/RJ agora lançou a candidatura de uma cover do espólio do neo-ícone Marielle Franco, a atual deputada estadual, Renata Souza. Mais uma das "marielles" genéricas da linha de produção do estereótipo político que vem se tornado "padrão" nas esquerdas brasileiras. Por sinal, a direita, como sempre, mimetizadora dos feitos das esquerdas, vem também adotando as práticas "standard" com suas "marielles de direita” e, naturalmente, acampado o mesmo “discurso empoderado da lacração”, ou seja, o chiste autoritário identitário.
O histriônico discurso da “representatividade identitária”, apesar do ar angelical, se esconde em meandros do discurso capitalista. O estratagema empregado é o "foco na narrativa e muito drama de vida", bem ao gosto do estilo estadunidense de "crescer por si mesmo" no mundo do capital! Vamos lembrar o que vem se adotando o perfil obsessivo do esquerdismo fluminense (por sinal, o mesmo vem criando metástase de um “padrão nacional”!) com uma espécie de "mariellização" estereotipada com suas narrativas pessoais romantizadas para adoçar o coração do eleitor.
Quanto mais trágica a "narrativa de vida" do sujeito, maior será o potencial eleitoral! Nada mais torpe do que uma mediocridade esdrúxula que vem tomando conta das esquerdas de indistintos partidos! Os projetos pessoais “empoderados” estão reproduzindo uma práxis de uma esquerda capturada pela lacração narcísica neoliberal e, rasteiramente, insiste em sufocar a racionalidade política e os projetos coletivos de sociedade.
Por falar em bizarrices, mais curioso ainda é quando a chapa do PSOL/RJ recruta como vice-prefeito um coronel reformado da Política Militar para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro. Claro, vão dizer que ele é um "PM mansinho e bonzinho". Okay, somos otários, vamos acreditar nisto tudo e que a Terra é quadrada! A questão não é questionar a idoneidade do coronel, mas questionar a lógica de se colocar tal sujeito para disputar uma chapa para cargo majoritário. Todavia, para quem adora gritar tanto contra a "militarização da polícia" e seus excessos, se torna paradoxal ter um “militar” como vice. Ademais, não seria estranho parir um pastor ou similar no posto. Aliás, foi-se o tempo que as esquerdas eram coerentes com seus discursos e, agora, a hipocrisia identitária ganha terreno.
Por fim, esqueçamos toda a racionalidade da estratégia política diante da hegemonia da extrema direita. Imbuídos com premissas de que a “representatividade egóica do sujeito” é a salvação da lavoura, as esquerdas vão com tudo com a demagogia do romantismo narcisista barato contra os milicianos do Rio de Janeiro. A miséria política das esquerdas é o horizonte desastroso diante da realidade dos fatos. Uma esquerda perdida em discursos fúteis, umbilicais e delirantes, sem força para se colocar como real opção de governo, aderentes à economia neoliberal de um Brasil perdido no tempo, capturado pelo jaguncismo fascista e, para sacramentar, perdeu a vergonha de contabilizar o número de mortos de uma devastadora pandemia.
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