quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A PANDEMIA NÃO É O PIOR DOS PESADELOS!

 
          Ao contrário do que governos reféns do ímpeto dos perversos capitalistas querem impor, a pandemia não acabou em nenhum lugar do mundo. No Brasil, o relaxamento ou, simplesmente, o fim da quarentena, apenas reforçou a irresponsabilidade governamental, gerando nefastas consequências da maior crise sanitária de todos os tempos. Muito diferente de celeumas na boca de papagaios de redes sociais e negacionistas das catacumbas da irracionalidade, a pandemia não é o pior dos pesadelos que a humanidade enfrenta no momento.

         De fato, o novo coronavírus representa mais uma desgraça para a humanidade, mas é um desafio que somente a consciente e solidária construção coletiva de prevenção poderá mitigar os efeitos da contaminação em massa e as mortes tão, lamentavelmente, desnecessárias. Todavia, sem compreender as interações da complexa sociabilidade humana, toda a retórica entoada fica entre o catastrofismo inútil e o cinismo genocida.

          Apesar do desejo da tal "volta à normalidade" com a promessa de uma vacina eficaz, nenhum dos estudos mostraram claramente que teremos um antídoto tão miraculoso globalmente em curto espaço de tempo (se é que o teremos exatamente desta forma!).  Uma pergunta que suscita muitas dúvidas: Será possível uma saída evocando alguma panaceia para esta crise sem efeitos colaterais? O tempo ainda será um elemento a ser elaborado para que se possa construir estratégias que busquem salvar vidas e a própria estrutura social. Afinal, o que é "normalidade" em tempos de capitalismo em crises sistêmicas?

        Os impactos econômicos da pandemia já demonstraram que o capital tem seu limite que é a própria fragilidade da natureza humana. A destruição em série para obter lucros esbarra na limitação do elemento humano. Por sinal, mostrou, novamente, que nada é mais importante para os capitalistas do que os seus lucros. Sem escrúpulos, o patronato submeteu grande parte dos trabalhadores de todo o mundo aos riscos do contágio, em nome da manutenção dos famigerados lucros.  Essa impiedosa busca atravessa qualquer súplica de proteção racional da vida!

         Vidas foram confinadas, mas nenhuma delas se compara às perdas humanas pela COVID-19. Contudo, nada parece ser capaz de sensibilizar a grande massa da população trabalhadora, condenada àquilo que se assemelha a uma "vida de gado", ou seja, alienada da sua subjetividade e sem nenhum valor para os donos do capital. Na lógica do capitalismo sem freios, o trabalhador somente será útil enquanto produtor de lucros, ou será descartado para a vala-comum do ostracismo de uma sociedade fadada ao consumismo em massa.

             O mundo dos grandes avanços tecnológicos voltados para o lucro, sem sequer uma preocupação com o sentido para a vida humana, é o mesmo mundo da esterilidade de vidas que não encontram significado para a própria existência. Para aqueles que conseguem, ou conseguiram, fazer sua proteção por via da quarentena, a pandemia desvelou um vazio muito além do que se imaginava na solidão dos sujeitos confinados em seus domicílios. A selvageria do capital vem transformando o mundo em um grande pasto de seres reféns do medo, do vírus e, acima de tudo, do irracionalismo em acreditar que é destruir ou ficar alheio a tudo, a forma de conseguir o seu salvação. A pandemia mais feroz se encontra na barbárie promovida pelo capital e aplicada, por seus abutres, aos lacaios de um sistema de opressão e alienação em massa, o qual ressalta e escancara todo o autoritarismo de governos inescrupulosos e potencializam a cultura da miséria humana.

            A globalização de uma pandemia retrata a interdependência cada vez maior entre os países e as pessoas. Em poucos meses, o vírus se alastrou tão rapidamente em todos os continentes e o planeta se transformou em uma "grande aldeia" (usando aqui um bordão que registra o cinismo dos neoliberais!). A fragilidade da vida ficou ostensivamente exposta e o medo do contágio se tornou referência primária em quase todas as preocupações diárias. Apesar de ser uma obviedade, mas em tempos de obscura militância negacionista, é importante ressaltar que somos seres biológicos e não máquinas para servir ininterruptamente a um punhado de seres gananciosos e perversos sem escrúpulos!

             Sintomaticamente, surgiu uma onda de histeria das identidades neo-eugenistas, incentivada pelo capital em plena pandemia. Para quem tem as rédeas do poder, a alucinação coletiva sempre foi um ótimo estratagema para dividir e dominar. É importante esclarecer que nenhuma vida é mais importante do que a outra e, tampouco, as cores decorativas sobre a pele merecem significar algum nível de relevância. A humanidade é única e, guardadas das devidas diferenças circunstanciais, os desafios globais são importantes para todos.

         A pontual pandemia mostrou a necessidade de outro modelo de sociabilidade, uma nova ética humana para um novo patamar civilizacional. A secular endemia causada pelo capital fragilizou os laços sociais, dividiu olhares de mundo, sodomizou valores humanitários e mercantilizou o próprio sentido da vida. A socialização dos recursos de todas as matrizes é vital para que os desequilíbrios se tornem mais amenos e a miséria social seja minimizada no planeta, assim como os níveis de contaminação da pandemia.

          Na lógica fratricida do capital, quando todos acharem que devemos matar uns aos outros e exaurir todos os recursos da Terra, ao ponto de deixá-la inóspita à vida humana, perguntar-se-á aos protagonistas da barbárie: Para qual planeta do universo os vencedores do genocídio global, isto é, se houver algum, irão partir e se estabelecer confortavelmente? Por fim, vale lembrar que toda a opulenta ganância desmedida é um futuro atestado de óbito.


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