Começa hoje oficialmente as Olimpíadas em um Brasil mergulhando em uma crise política sem precedentes e desorientado por mais um golpe de estado fabricado pelo legislativo, patrocinado pelos setores da grande mídia e da burguesia além de ter o sistema judiciário para dar benção ao sequestro do poder da presidenta Dilma.
O Rio de Janeiro é um indescritível paraíso a céu aberto chafurdado por crises sistêmicas típica da exclusão capitalista. A cidade-sede olímpica se torna em 2016 mais um marco histórico de realizações de mega-eventos. Traduzida de forma sintética: bilhões de reais dos cofres públicos jogados em quatro semanas de competições esportivas (muitas delas altamente questionáveis) e ponto final.
O legado olímpico tão alardeado virou torrentes de poeira e cheio fétido de esgoto diante de corrupção e obras que pouco impacto direto terão para minimizar as desigualdades daquela cidade. Quem somente lucra na prática com mega-eventos são seus organizadores internacionais e o setor privado de pura rapinagem. O legado público é muito pouco comparado o desperdício de investimentos do erário tendo questões tão dramaticamente latentes a serem saneadas em países como o Brasil.
Questiona-se avidamente o deslocamento de recursos públicos para a gestão privada dos esportes "olímpicos" patrocinadas pelas principais empresas multinacionais do planeta. A cidade-sede se torna refém dos desmandes de um comitê olímpico (COI e COB) que pouco se importa com a cidade e daqueles que habitam seu solo. Tais grupelhos apenas se preocupam com seus lucros em detrimento das tragédias diárias resultantes da exclusão social e violência endêmica.
Se o esporte agrega simbolicamente alguns países por alguns minutos ou dias (leia-se seus atletas e não dirigentes políticos), mais agregador ainda seria a urgente distribuição de riquezas que duraria vidas inteiras cujo legado transformaria miséria em dignidade humana. A concentração de renda não é apenas criminosa, mas sobretudo é assassina: extermina o futuro e constrói um inferno tudo que esteja fora do microcosmo da riqueza afanada.
O "espírito olímpico" deveria ser baseado na solidariedade e cooperação entre povos, mas o que o Rio de Janeiro sitiado por favelas, pobreza, exclusão social e tráfico de drogas dentro de uma das mais belas paisagens do planeta demonstra o quão estamos distantes de qualquer sentimento olímpico.
As Olimpíadas são para poucos, muito poucos, para aqueles que têm acesso "vip" e muita grana para torrar na cidade que é maravilhosa sim, mas desigual da mais cruel forma de indiferença humana.
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