sábado, 11 de junho de 2016

O atordoamento após o golpe: as esquerdas em busca de uma Xanadu


Durante o ato "Fora Temer" na Avenida Paulista, em São Paulo, nesta gelada noite de sexta-feira, 10/06, após ouvir a maioria das intervenções e devaneios das frentes que compõem a organização do movimento, a sensação é que estão como na canção de Olivia Newton-John em busca de uma imaginária Xanadu para resolver todos os problemas políticos diante de um golpe que está longe de trazer um retorno da estabilidade democrática.

Restou a alguns poucos como Rui Falcão (PT), Vagner Freitas (CUT), Gilmar Mauro (MST) e o Guilherme Buolos (MTST) terem intervenções mais pragmáticas e realistas de acordo com a conjectura do golpe, porém sem maior objetividade. O ponto importante tratado por eles foi a necessidade de uma greve geral contra o golpe de estado cuja faceta maior é a da quadrilha de Temer no Planalto. O discurso de Lula cativou a plateia, um excepcional orador, como sempre, no entanto foi mais uma fala da defesa de sua história e do PT frente aos ataques da quadrilha mafiosa instalada no Poder Judiciário do que exatamente em defesa de Dilma.

Notadamente não houve um discurso definido. Sequer a questão de dois grande “players” go golpe, o banditismo do Judiciário e da grande mídia golpista, foi lembrada ou citada como mais vigor. A impressão maior que apenas pelos gritos e força de vontade irão conquistar a Xanadu contra o golpe! Sequer ouve um apoio mais abrangente e explícito de um "Volta Dilma", mas apenas a manifestação de um sonoro "Fora Temer" que é importante como movimentação, mas sem conteúdo programático. 

Sintomas  estes sinalizam que o atoleiro da política brasileira é tão fundo que sequer as esquerdas conseguem um horizonte mínimo de discurso e ação além de meia-dúzia de palavras de ordem, apesar dos esforços dos grupos envolvidos no maior ato coletivo após o golpe. Tarefa que sozinhas e isoladas narcisisticamente tão terão mínima chance de vitória diante da consolidação do golpe costurado por um amplo leque dos setores mais selvagens e putrefatos da sociedade.

Após uma inércia assustadora pós-golpe seguida de uma letargia inexplicável entre uma perplexidade atormentada com a queda de Dilma e um pragmatismo arrogante eleitoral de olho em uma hipotética conquista em 2018, uma pergunta que fica: o que realmente quer o PT?

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