segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O ciclo da perversão da política sob o manto da fragilidade democrática.


Como um possível ciclo latino-americano de algumas gotas de melhoria na qualidade de vida social poderá desencadear paralelamente uma despolitização agressiva e retorno ao caos político-institucional? Tal suposto ciclo que deveria se aprofundado por reformas radicais na infraestrutura sociopolítica de uma sociedade com brutal desigualdade tenderá  a reconduzir os mais desastrosos governos de direita ao poder com tempo de duração muito maior que qualquer outro governo de caráter mais progressista. Como entender tal fenômeno?

As neuroses patológicas das classes médias são sustentadas pelo apelo narcísico e objetal apimentada pela cultura do consumismo imediatista alardeado pela Grande Mídia. A aposta na cultura do materialismo fútil e instantâneo reproduz toda uma ótica retro-fascistóide nas camadas remediadas de fácil absorção do ideário de modo de vida e cosmovisão das classes dominantes.

Disseminar o ódio sempre foi uma das maneiras mais simples e eficazes para produzir a fragmentação e a instabilidade sistêmica de um grupo, o que serve para  as classes médias e mais baixas do estrato social. Para isto, num mundo facilitado pelos meios de comunicação em massa nas mãos de um punhado de grupos econômicos, é muito mais fácil disseminar uma mentira pseudo-consistente e justifica-la como absoluta verdade.

O apelo de um grupo de elementos da classe média bem nutrida e bem vestida com suas belas grifes esnobes ao um insano golpe militar em plena paulistaníssima Avenida Paulista foi o exemplo de como a manipulação midiática e o destilar de um jorro de falsas tensões produzem no cognitivo político pouco desenvolvimento de uma camada estéril de pensamento e submissa aos interesses do Grande Capital.

As classes dominantes não precisam de nenhum esforço mais condizente na era da hipercomunicação instantânea, basta desempenhar um controle mais sistemático dos circuitos comunicacionais operantes dentro de um contingente populacional que cada vez mais reflete sobre sua própria existência e se deixa levar por versões muito mais agradáveis ao pouco esforço cognitivo de visão de mundo conectados em aparelhos portáteis midiáticos. Aí, sob o mando de um aparente mundo "sem fronteiras" se desencadeia uma guerra que nem Carl von Clausewitz poderia imaginar com tamanha articulação e que Joseph Goebbels já havia previsto com visionária maestria.


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