quinta-feira, 17 de março de 2016

Aos instantâneos Doutores em Política das redes sociais


Aproveito a oportunidade para dar-lhes parabéns a todos que conseguiram se formar em doutores em ciências políticas e sociais somente assistindo a TV Globo e como leituras do Estado, Folha, e revista Veja e alguns desorientados vídeos anônimos do Youtube.

Fico com uma baita inveja, pois é tão cansativo e longo o processo de formação da graduação ao doutorado. Espero que em breve obtenha o meu título, mas nunca da forma tão fantástica e rápida daqueles que analisam política nacional sem ao menos ter um único livro digno de História do Brasil. Sim, assumo minha incompetência por não conseguir obter de forma tão imediata!

Sim, cada um tem sua opinião, mas ofender os demais que são contrários a sua opinião além de ser deselegante é insensato e pouco agrega para a civilidade. Não estou subestimando a inteligência de nenhum dos "doutores", fazendo um apelo à consciência.


Como sempre escrevo, a política não é uma novela da Globo. Como diria um velho bordão de comercial: parece, mas não é. Ela estabelece um longo vínculo de problematizações e conjecturas que não são triviais a qualquer leitura enviesada de Jornal Nacional entre uma garfada do jantar e um olhar na telinha.

Como diria o escritor Umberto Eco, escritor italiano falecido recentemente, as redes sociais se transformaram na seara dos imbecis. Ele foi um tanto duro, mas o que estamos vendo é um festival de grosserias sem nexo, sem propósito onde apenas o ódio e lançado como se fosse análise torrencial da política. Pior que isto poderá transpor para o cotidiano social, agressões toscas por alguém ser contrário ou a favor de algum fato ou portando uma dada vestimenta de uma determinada cor. Não podemos entrar na paranóia da Inquisição de execução sumária!


Vale ressaltar que podemos gostar ou não de política, mas acima de tudo, devemos manter a sobriedade e cordialidade entre os pensamentos dos outros. Ser adversário é diferente de ser inimigo! O primeiro é o confronte de idéias e o segundo é um rito de guerra. Não podemos partir para uma infantilizada guerra tribal a qual sequer os seus participantes sabem exatamente por que estão gritando uns aos outros.

Enfim, vamos com calma que o andor é de barro, já diria um velho ditado. Ao contrário que a grande mídia expele a todo o momento a fim de gerar um clima de histeria coletiva, a política é muito mais complexa do que a simplificação grotesca deseja desenhar com um único propósito: enganar deliberadamente as pessoas as quais tem pouco ou contato com a política.

Ademais, é preciso entender que se um país adentrar uma crise de esfacelamento das instituições democráticas, todos iremos pastar juntos sem direito a alfafa. Todos os mais pobres e desprotegidos, pois aqueles que provocaram tal crise, os ricos, pegam seus passaportes e dão o fora estourando champanhe e degustando caviar. Xingar, gritar entrar em clima de convulsão histérica contra esta ou aquela figura pública, por sinal, sempre aquela que a mídia quer que seja linchado, apenas mostra que o nível da intelectualidade política não é das mais requintadas.

Criticar sim, mas também procuremos ouvir outras versões, entender que não é possível que de repente, como num passe de mágica, todos ficaram de birrinha e querem que o país se exploda. Viver é, acima de tudo, conviver! Sabemos que o convívio mútuo é uma arte das mais refinadas. Ressalto que somente e tão somente xingar políticos com orgulho no coração não é debater política, mas justamente o contrário, é mostrar claramente que quem faz tal atitude não entende nada dos meandros políticos. Sim, você pode xingar quem desejar, mas lembre-se que o ódio é uma doença de fácil contágio.

Sem idéias mais sólidas, xingar por xingar cai na banalidade a qual não se sustenta sequer a um vento provocado por asas de pernilongo. A propósito, conversas de botequim são bacanas e legais, mas não significa também que entre uma cerveja e outra, o sujeito fica mais consciente em falar sobre os rumos do mundo da política.

Por fim, apenas reafirmo que não é fácil chegar ao doutorado. Não quer dizer que a pessoa é mais ou menos inteligente, todavia ao menos pressupões que ela tenha um pouco mais de leitura e amadurecimento sobre algum dado assunto em particular. Também não significa o entronamento de ninguém, uma vez que a política é a arte da sua prática, assim como tem muitos professores, sindicalista, militante de movimentos sociais e pessoas de uma simplicidade maravilhosa são mais astutos sobre a política sem ter um burocrático título.

A questão central é que a política é para além (muito além!) de uma partida de futebol. No futebol, o campeonato acaba e o único vencedor comemora o restante lamenta-se. Na vida prática, a política é diária e vencedores e perdedores são os elos que se constrói o mundo capitalista os quais nos inseriram a contragosto (Alguém pediu para nascer?).

Todavia, fico feliz que muitos acreditam serem doutores em sociologia política simplesmente num passe de mágica. Doravante, é prudente o destilar de menos ódio gratuito e mais ouvidos e razão. A vida não deve ser um campo de guerra de todos contra todos sem compreender para que lado se atire. O clima da desinformação semente serve aos interesses daqueles que querem se aproveitar justamente da ignorância alheia. O tempo certamente provará quem tem razão. Mais uma vez, vamos como muita calma que o andor é de puro barro. 

A solidariedade é o motor que é distingue os seres humanos e os objetos inanimados. Não precisamos de um diploma para ter conhecimento de mundo, mas precisamos do amor, esse afeto mais caro e árduo de ser operar, e que nos possamos (re)construirmos como seres humanos vivendo em conjuntos com outros seres igualmente humanos. Discordâncias sim, agressividades jamais! Não vamos nos esquecer: a solidariedade é sempre maior do que qualquer estupidez.


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