sábado, 25 de outubro de 2014

Quem não gosta de política é um eleitor conservador




Muitos eleitores (e não são poucos) afirmam não gostarem de política. Claro, ninguém é obrigado a torcer somente para o Flamengo para evitar a unanimidade. Todavia, ao contrário do futebol, a política interfere direta e indiretamente na sociedade e o "descolamento" da política por parte deste grupo quase sempre não é verdadeiro.

Curiosamente as mesmas pessoas que se dizem não gostarem de política votam sempre nos mesmos candidatos que situam entre os corruptos, conservadores e reacionários. Para variar, sempre dizem em coro que tem ojeriza ao PT e os demais partidos de esquerda que, em geral, chama-os de "comunistas" (com sentido pejorativo como se fosse algo demoníaco). Ademais, o mesmo vale para suas impressões para sindicatos de trabalhadores e movimentos sociais que tais grupos acreditam somente sabem fazer baderna e atrapalhar o país.

Os mesmos eleitores que se dizem "não gostar de política" não procuram ou se preocupam em saber dos seus candidatos que votam ou votaram e, em geral, dizem não se importar para o que eles fazem na política. Todavia, adoram repetir que todos os políticos são iguais, mas, sintomaticamente, nunca votam em partidos de esquerda.

Ao contrário do senso comum, os eleitores que dizem "não gostar de política" são os mais conservadores e votaram predominantemente em candidatos a direita e extrema-direita cujo discurso é o mais simplório possível. A lógica é da proteção unipessoal, o "eu" contra o "outro", logo a política seria algo distante de sua vida, mas, na dúvida, votam em candidatos que melhor possa representar a defesa deste "espaço vital umbilical".

Um típico eleitor que se nega a entender política vota em candidatos que serão os que melhor negam a ideia da política, daí a opção pelos mais conservadores e que deixam pouco espaço para o debate. Por exemplo, candidatos que defendem a pena de morte para a "resolução" dos crimes e a polícia para dissolver greves e manifestações são sinais de conservadorismo eficiente e asséptico e agradam o perfil do eleitor em questão.

Para variar, os mesmos eleitores que se dizem "não gostar de política" recusam entender os processos políticos e debater suas consequências. Quando o faz, é de forma grotesca, irônica ou agressiva, sempre buscando uma justificativa do temor "vermelho" para a sociedade ou tagarelando o senso comum com uma lógica tão profunda quanto um pires.

O mesmo grupo em questão também tem uma tendência narcísica de não se preocupar em nada além que estiver ao alcance do seu umbigo, daí o seu suposto (e falso) desinteresse pela política. A indiferença é também um traço de posicionamento político perante o outro e o qual se posiciona sempre de forma conservadora.

Para desconstruir a lógica do senso comum, curiosamente os eleitores que se dizem "não gostar de política" buscam suas informações sempre em revistas fascistóides e em jornalões da Grande Mídia e, por sua vez, reproduzem o discurso destes aparelhos ideológicos da direita de forma inconsciente. Não é a toa que a fascista Revista VEJA e as Organizações Globo são os principais cabos eleitorais da direita nos últimos anos no Brasil.

Ser conservador não é apenas uma questão eleitoral, mas um posicionamento perante a vida. Daí a grande dificuldade de se debater com este tipo de perfil, uma vez que para que haja debate é preciso que o outro reconheça a necessidade do diálogo que em geral, perfis conservadores, se negam a reconhecer como um mecanismo imprescindível das relações sociais.

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