Curioso
como a Grande Mídia consegue criar fatos e notícias e colocá-las como positivos
ou negativos de maneira acachapante. A questão da "vitória" brazuca
no surf com o garoto Gabriel Medina é um bom exemplo. Duvido que 99% dos
brasileiros acreditavam que o surf entraria em alguma categoria de “esporte”, e
pelo menos 99,9% conheceria que existia algum "campeonato mundial de
surf". Vamos ser sinceros que a hipócrita é a fina flor do sorriso
amarelo.
Tchan-tchan-tchan,
eis que surge o “Brasil das ondas”! De repente, e não mais que de repente, o
rapaz virou uma "estrela nacional" instantânea por "representar
a garra do país em sal, suor e ondas"... No que mesmo? Há sim, aquilo que
é ficar em cima de uma prancha sobre as águas. Legal, bravo,
clap-clap-clap!... Mas qual o
significado para receber tantas manchetes de primeira página em jornais e
portais de notícia? É o popular
complexo-de-vira-lata gritando que até se tivéssemos sido campeão do campeonato
mundial de par-ou-ímpar teríamos um “guerreiro” nacional? Talvez a questão
esteja bem além da famosa premissa de Nelson Rodrigues.
Nada
contra a prática "esportiva" e muito menos contra o repentino
"campeão mundial" seja lá quem organiza o tal evento e credibilidade
para o propósito. Surf é surf, demagogia é outra história. Aqui, a questão não
é desqualificar a vitória do garoto, mas é sintomático o poder de manipulação
entre positivo e negativo de uma dada notícia pelos quais os aparelhos
midiáticos causam dentro da "opinião pública". A promoção da comoção
publica é o espetáculo da notícia.
Vejamos
os últimos fatos contundentes do cenário nacional. Em meados do ano passado, uma
súbita queda artificial se abateu na popularidade da presidenta Dilma. Sem nada
aparente que possa ampliar ou declinar naturalmente o humor popular perante a
governanta, inicialmente na cidade de São Paulo, uma somatória de protestos que
não tinha nada a ver com seu Governo Federal. A grita era contra a elevação da
tarifa de ônibus da capital, mas que sorrateiramente,
a Grande Mídia buscou incansavelmente utilizar-se daqueles mecanismos
democráticos para se voltarem contra o governo federal.
Sintomaticamente,
uma repentina convulsão nacional histérica e catártica tomou o país de forma
histriônica que “batiam cabeças” com tantas demandas difusas, mas que havia em
comum em quase todos os protestos foi um ranço conservador, retrógrado e alguns
borrões fascistóides. Curioso foi o fato de até mesmo a presunçosa Folha de São
Paulo, que antes pedia para a polícia bater nos manifestantes do “Movimento
Passe Livre” em fervor editorial, repentinamente, vendo a oportunidade de
atacar o governo federal, até lançou um bizarro “cronograma de manifestações”
em suas folhas impressas e em edição eletrônica. De ataques viscerais ao
oportunista apoio aos protestantes. Mera coincidência de espírito cívico? E logo
quem, a “imparcial” Folha?
Para
muitos entusiastas polianas ou saudosistas de algum tempo remoto deram o nome
pomposo e falacioso de “jornadas de junho”, mas prefiro o termo “protestos de
inverno” que faz mais jus ao todo imbróglio conservador e catártico do
ocorrido.
Em
agosto passado, temos a comoção nacional pela morte cinematográfica do então
candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos que era uma carta fora do
baralho político, criou-se o mito da floresta, a senadora Marina Silva para
sucessão com ares apocalípticos. O mesmo
ocorreu com o insosso candidato tucano, Aécio Neves, que sequer tinha apoio
suficiente dentro do partido (desde o início, de fato, a cúpula paulistana do
PSDB nunca apoiou o mineiro, em especial, o governador Alckmin). Vendo o jogo
primário de Marina ir ralo abaixo, a Grande Mídia voltou a apostar qualquer
coisa que fosse contra um eventual novo governo do PT, ou seja, no momento, o
então tucano Aécio Neves. Para os controladores da Grande Mídia, a questão
nunca foi de nomes políticos para a sucessão presidência, mas candidatos-títeres
que interrompam o ciclo do PT no Planalto. O resultado foi uma eleição baseada
numa sangria desatada e um circo midiático que somente favoreceu o candidato anti-petista.
A vitória se deu em curta margem percentual a qual favoreceu a reeleição de
Dilma.
Em
suma, do céu ao inferno, ou vice-versa, o poder midiático de criar heróis
circunstanciais e inimigos viscerais pela fabricação de sensações positivas ou
simples notícias ou mentiras deslavadas. Quem controla o quarto poder do grande
império das famílias midiáticas? O fato certeiro é que sem a democratização da
mídia teremos os velhos e podres mecanismos de fabricação de notícias e
manipulação de versões e opiniões sobre os fatos da aparente realidade por
parte dos grandes grupos de interesses políticos e econômicos no Brasil. Nesta
onda, a turbulência derruba todo o país que não consegue se estabilizar na
prancha da demagogia e da fabricação de noticias.
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