domingo, 21 de dezembro de 2014

Surfando na demagogia: como criar fatos e manipular opiniões




Curioso como a Grande Mídia consegue criar fatos e notícias e colocá-las como positivos ou negativos de maneira acachapante. A questão da "vitória" brazuca no surf com o garoto Gabriel Medina é um bom exemplo. Duvido que 99% dos brasileiros acreditavam que o surf entraria em alguma categoria de “esporte”, e pelo menos 99,9% conheceria que existia algum "campeonato mundial de surf". Vamos ser sinceros que a hipócrita é a fina flor do sorriso amarelo.

Tchan-tchan-tchan, eis que surge o “Brasil das ondas”! De repente, e não mais que de repente, o rapaz virou uma "estrela nacional" instantânea por "representar a garra do país em sal, suor e ondas"... No que mesmo? Há sim, aquilo que é ficar em cima de uma prancha sobre as águas. Legal, bravo, clap-clap-clap!...  Mas qual o significado para receber tantas manchetes de primeira página em jornais e portais de notícia?  É o popular complexo-de-vira-lata gritando que até se tivéssemos sido campeão do campeonato mundial de par-ou-ímpar teríamos um “guerreiro” nacional? Talvez a questão esteja bem além da famosa premissa de Nelson Rodrigues.

Nada contra a prática "esportiva" e muito menos contra o repentino "campeão mundial" seja lá quem organiza o tal evento e credibilidade para o propósito. Surf é surf, demagogia é outra história. Aqui, a questão não é desqualificar a vitória do garoto, mas é sintomático o poder de manipulação entre positivo e negativo de uma dada notícia pelos quais os aparelhos midiáticos causam dentro da "opinião pública". A promoção da comoção publica é o espetáculo da notícia.

Vejamos os últimos fatos contundentes do cenário nacional. Em meados do ano passado, uma súbita queda artificial se abateu na popularidade da presidenta Dilma. Sem nada aparente que possa ampliar ou declinar naturalmente o humor popular perante a governanta, inicialmente na cidade de São Paulo, uma somatória de protestos que não tinha nada a ver com seu Governo Federal. A grita era contra a elevação da tarifa de ônibus da capital, mas que  sorrateiramente, a Grande Mídia buscou incansavelmente utilizar-se daqueles mecanismos democráticos para se voltarem contra o governo federal.

Sintomaticamente, uma repentina convulsão nacional histérica e catártica tomou o país de forma histriônica que “batiam cabeças” com tantas demandas difusas, mas que havia em comum em quase todos os protestos foi um ranço conservador, retrógrado e alguns borrões fascistóides. Curioso foi o fato de até mesmo a presunçosa Folha de São Paulo, que antes pedia para a polícia bater nos manifestantes do “Movimento Passe Livre” em fervor editorial, repentinamente, vendo a oportunidade de atacar o governo federal, até lançou um bizarro “cronograma de manifestações” em suas folhas impressas e em edição eletrônica. De ataques viscerais ao oportunista apoio aos protestantes. Mera coincidência de espírito cívico? E logo quem, a “imparcial” Folha?
Para muitos entusiastas polianas ou saudosistas de algum tempo remoto deram o nome pomposo e falacioso de “jornadas de junho”, mas prefiro o termo “protestos de inverno” que faz mais jus ao todo imbróglio conservador e catártico do ocorrido.

Em agosto passado, temos a comoção nacional pela morte cinematográfica do então candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos que era uma carta fora do baralho político, criou-se o mito da floresta, a senadora Marina Silva para sucessão  com ares apocalípticos. O mesmo ocorreu com o insosso candidato tucano, Aécio Neves, que sequer tinha apoio suficiente dentro do partido (desde o início, de fato, a cúpula paulistana do PSDB nunca apoiou o mineiro, em especial, o governador Alckmin). Vendo o jogo primário de Marina ir ralo abaixo, a Grande Mídia voltou a apostar qualquer coisa que fosse contra um eventual novo governo do PT, ou seja, no momento, o então tucano Aécio Neves. Para os controladores da Grande Mídia, a questão nunca foi de nomes políticos para a sucessão presidência, mas candidatos-títeres que interrompam o ciclo do PT no Planalto. O resultado foi uma eleição baseada numa sangria desatada e um circo midiático que somente favoreceu o candidato anti-petista. A vitória se deu em curta margem percentual a qual favoreceu a reeleição de Dilma.

Em suma, do céu ao inferno, ou vice-versa, o poder midiático de criar heróis circunstanciais e inimigos viscerais pela fabricação de sensações positivas ou simples notícias ou mentiras deslavadas. Quem controla o quarto poder do grande império das famílias midiáticas? O fato certeiro é que sem a democratização da mídia teremos os velhos e podres mecanismos de fabricação de notícias e manipulação de versões e opiniões sobre os fatos da aparente realidade por parte dos grandes grupos de interesses políticos e econômicos no Brasil. Nesta onda, a turbulência derruba todo o país que não consegue se estabilizar na prancha da demagogia e da fabricação de noticias.


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