domingo, 5 de janeiro de 2014

O príncipe penetra e o circo da educação brasileira.





Alguns alunos e até ex-alunos da Universidade de Cambrigde, a suntuosa universidade inglesa torceram seus empinados narizes contra a presença do Príncipe real britânico, William, em seus muros. A questão em voga é que William, com ar de penetra, foi acusado de supostamente ingressar na tal universidade com notas insuficientes escondidas debaixo de sua coroa. Uma celeuma generalizada batendo no universo da meritocracia nas paredes do Cosmo. Implicância juvenil ou zelo pelas tradições da meritocracia à inglesa? Será que os excelentíssimos alunos irão invadir e depredar a reitoria local para protestar contra um ato que "desonra" o clã aristocrático da instituição? Pouquíssimo provável!

Imagine se os queridinhos de Cambrigde descobrissem no Brasil como funciona o novo acesso ao ensino público superior, cujas regras viram uma salada de frutas. São coisas tão rocambolescas como o tal sistema cotas para quem dizer a sua própria cor (nosso modelo copiador de "reparações de perdas históricas", ou seja, as novas visões pós-modernas de ser politicamente correto), depois tem um obscuro sistema informatizado com o nome de SISU que ninguém entende com funciona este troço (talvez haja uma rima mais apropriada!) e mesmo assim, o candidato poderá entrar via processo judicial alegando algum problema durante o transcorrer das provas do ENEM e ficar com alguma vaga. Se a questão é "simplificar" e for "justo", por que não deixar para a Caixa realizar um sorteio estilo Megasena para sortear as vagas em questão com direito a Megasena da Virada, com um único bilhete-inscrição o candidato, independente de sua cor ou fetiche sexual, ganharia vagas para dois cursos distintos? Seria o suprassumo do jeitinho todo nosso, bem brasileiro!

Diga-se de passagem, enquanto o Governo Federal deixa convalescer os piores níveis o Ensino Básico no país, temos a lei da compensação demagógica com múltiplas facilidades para suposto acesso às vagas do ensino superior público, mesmo sendo um estudante com níveis próximos do analfabetismo funcional. Vale o ditado: não estudo, mofe durante onze anos no ensino básico e depois você, caro aluno, ganha um bônus em alguma universidade, seja privada ou pública, não precisa nem saber ler direito, basta escrever em garatuja e postar intrigas ou falso testemunho no Facebook.

Não basta abrir lucrativos armazéns de ensino superior, seja público ou privado, e distribuir vagas conforme a cor da pele, o time de futebol, o número de pelos nas mãos do onanista estudioso, a preferência sexual do dia anterior ou o número de dentes completos na boca. Qualquer coisa parece servir para nos embriagarmos da tal "modernidade" com pés-de-barro e frieira nos dedos! Investir em todos os níveis educacionais, essencialmente os níveis básicos, seria racionalmente bem melhor do que querer reinventar a roda e chafurdar no atoleiro do teatro do "racismo à brasileira" (e para gozo de uma parcela da esquerda ninfomaníaca e fetichista ficaremos nesta retórica mais cem anos sem sair do fundo do poço!). Ninguém em sã consciência nega tal construção histórica, agora o que pouco ajuda é fazer tábula rasa do passado e ficar gozando nesta tecla sendo algo mais próximo de uma retórica misancene para fomentar debate interminável para uma certa casta da intelectualidade narcisista com seu vinho envelhecido à mão, mas, profundamente péssimo para uma profunda transformação da Educação como Política de Estado e não meramente como moldável projeto eleitoreiro.

Claro, se o "sucesso" é se medir por uma tênue camada de verniz social de suposta "ascensão da plebe" ao ensino superior, então o resultado é este mesmo: a educação como moeda eleitoral que na verdade, virou um verdadeiro circo demagógico. Portanto, diante deste circo brasileiro, até mesmo o ingresso do príncipe inglês seria tolerado numa boa, basta ele se autodeclarar-se que é "negro" ou "flamenguista" para efeitos cotistas (afinal, todos teremos alguns traços de misturas étnicas ou rubro-negras!). Mas lá, não é cá, para sorte deles, e espera-se que o principezinho não sofra muito "bullying" de seus futuros coleguinhas na faculdade.


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