Com toda esta euforia desmedida por compras, atropelos e
consumo desenfreado, salpicar de afagos cínicos, mesas recheadas de contratos
burocráticos e firulas amareladas, poderíamos ao menos refletir que o espírito
que simboliza o período é aquele orquestrado por um movimento de fraternidade e
solidariedade.
O valor da presente data cristã deveria, ao menos,
representar, um momento de possibilidade de pensar um outro mundo, com menos
padrões de desigualdade e maior divisão da riqueza, com os frutos serem
melhores distribuídos e que paramos com esta neurótica e fratricida
"mania" de destruirmos uns aos outros. Aos não-cristãos e aos
"religiosos" ateus, as premissas servem perfeitamente para todos.
Que possamos pensar na Paz como uma possibilidade real,
para ser operacionalizado no cotidiano e não apenas representar uma vaga
metáfora no porta-retrato do calendário do ano anterior. A Paz como uma
construção de não-agressão e de solidariedade perante o outro e como valor
fundante de uma sociedade realmente fraternal. Isto não é utopia se pensarmos o
quanto somos desprezíveis do ponto de vista atomístico diante da escala do
nosso vasto universo. Somos nada perante o Cosmo e podemos ser tudo perante um
outro ser vivo habitando este planeta.
Ah sim, não há problema com os presentes em si mesmos. A
questão é que quando há uma possibilidade de confraternização, quando tudo se reduz
somente em esvaziados "presentes". Logo, o que sobra de tanta
"presenteio" é o velho embrulho amassado e atirado ao lixo para
virar, no máximo, candidato à matéria inorgânica. Uma oportunidade como o
Natal, deve (e carece) pedir muito mais...
Enfim, um bom Natal a todos!
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