Como é delicioso o cinismo desta Ex-esquerda neoliberal, que opera como capacho obediente do grande capital. Fernando Haddad é o símbolo desse capachismo de Ex-esquerda. Ora, se o cotismo é como uma "reforma agrária", como afirma Haddad, então por que não tenta lotear os latifúndios do agronegócio para os trabalhadores?
Em vez de
ampliar a diversificação e universalização do acesso e melhorar as condições
efetivas da educação no Brasil, o raso e sensacionalista populismo cotista naturalizou-se
nas práticas governamentais diante da pavimentação do deserto de futuro imposto
pela ideologia neoliberal.
O
"cotismo" era o prêmio de consolação, usado como esfarrapada desculpa
provisória diante das históricas disparidades econômicas da classe trabalhadora
brasileira, para "melhorar a educação".
Para não
trabalhar por um Estado de bem-estar social permanente, com mudanças
estruturais na sociedade brasileira, a opção "negociada" da ex-esquerda
neoliberal — no poder desde 2002 — foi a lógica eleitoral do assistencialismo
imediatista, de menor impacto frente aos interesses da burguesia. Porém, como
era previsível, a mentira do "cotismo provisório" cristalizou-se como
"verdade inquestionável" e tornou-se um engodo permanente.
Nada se
cria, tudo se cotiza! Nada mais simplista e demagógico do que dar uma
"canetada" governamental criando "reserva de mercado" para
vagas em universidades públicas e concursos públicos — em especial, aqueles que
oferecem altos salários.
Portanto,
fomentar a ilusão da ascensão social via cotização de "vagas
universitárias" ou concursos públicos cristalizou-se na sociedade, sem
levar em conta a realidade econômica de rebaixamento dos salários nominais e da
perda efetiva do poder de compra por parte da classe trabalhadora. Sendo assim,
a precarização da vida tornou-se peça integrante da farsesca propaganda da
"nova classe média", cada vez mais endividada e sem rumo.
Para
alimentar a insanidade pós-moderna, existem aqueles que acreditam, como
hercúleos catequistas, que o fetichismo do cotismo é um "projeto de
esquerda" — com um punhado de vagas —, quase um "socialismo
tupiniquim"! Karl Marx se revira no túmulo nestas horas alucinógenas! O
mais insano é achar que o cotismo é a nova prática de Robin Hood da
pós-modernidade, como se a burguesia realmente trabalhasse e estivesse ocupando
cargos nos serviços públicos... Haja chá de cogumelo para essa malta de
aloprados!
No jogo
da coberta curta — em que se puxa de um lado e se descobre o outro —, o cotismo
ampliou o ilusório discurso do alpinismo social diante da nefasta onda identitária.
Ademais, ainda temos uma farsesca guerra cultural entre oportunistas e falsas
oportunidades.
Com o
passar do tempo, no Brasil do deserto neoliberal, os índices educacionais
seguem catastróficos, o analfabetismo funcional avança, e a demagogia da tábua
de salvação do cotismo continua em alta.
As vagas
das universidades públicas transformaram-se, justamente, nessa torpe tábua de
salvação, usada para mascarar pífias e demagógicas políticas públicas. E, sendo
assim, segue a todo vapor para projetos eleitoreiros de políticos de plantão.
Por
sinal, a eleitoreira Ex-esquerda neoliberal abraça o sadismo da Direita
e finge demência para ignorar que tais medidas cotistas esbarram no
universalismo democrático preconizado na Constituição Federal de 1988.
Enquanto
isso, entra e sai governo, com diferentes fantasias ideológicas, mas o
Ministério da Educação (MEC) segue sendo loteado pela lógica neoliberal dos
interesses espúrios de empresários, ONGs e fundações privadas — como é o caso
do famigerado Conselho Nacional de Educação (CNE).
(Wellington
Fontes Menezes)
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