quarta-feira, 5 de março de 2025

O SHOW DE TRUMP

 


Ontem, 04 de março de 2025, no primeiro discurso de Donald Trump no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, o bufão bravateiro fez seu show de bizarrices: ofendeu tudo e a todos, acusou sem provas quem ele quis, zombou da previdência social, anunciou um pacote de 500 bilhões de dólares para as Big Techs, usou a habilidosa estratégia de vincular toda da Esquerda com a insanidade da ideologia "woke", se mostrou solidário com as vítimas de violência causadas por "criminosos imigrantes ilegais", chamou ao palco pessoas de casos dignos de programas sensacionalistas de quinta categoria da televisão. Mentiu, ameaçou e distorceu fatos até se esgotar!

Ademais, Trump prometeu uma cruzada contra a todos os países do mundo, contra a imigração ilegal, contra os "mexicanos traficantes" e associou "imigrantes" à criminosos. Trump afirmou que vai tomar tudo que for do interesse estratégico estadunidense para os Estados Unidos, do Canal do Panamá até a Groelândia, inclusive o planeta Marte!

Trump vociferou um mundo de charlatanismo típico do tiozão do churrasco de família, mas quase nada de política concreta, exceto a transferência direta do capital estatal migrando para os cofres da plutocracia estadunidense.

Aqui está a grande jogada de Trump: enquanto diverte o seu eleitorado estadunidense de fanáticos e um bando de otários pelo mundo, ele começa aplicar o maior "choque de ultra-liberalismo" na administração federal, transferindo recursos públicos para o setor privado, ampliando ainda mais a participação e os ganhos dos sedentos bilionários.

Enquanto isto, ontem, Trump reafirmou a negativa da ajuda das forças armadas e financeira para a União Européia e, desta forma, se avizinha a liquidação da OTAN. Em virtude destas medidas de Trump e usando a Ucrânia do comediante fascista Zelensky como bode expiatório e elegendo Putin como o "novo vilão do mundo", a União Europeia está criando um fundo de quase um trilhão de dólares para uma corrida armamentista que só tem precedentes no período que antecederam das duas genocidas guerras mundiais no século XX.

Quem vai ganhar com a loucura desesperada européia para comprar monstruosidades de guerra? A maior indústria bélica do mundo, os Estados Unidos do "herói pacifista" Tramp!

Não será estranho se a economia estadunidense crescer e se manter aquecida nos próximos meses ou até a reeleição de Trump.

Zelensky foi um fantoche útil bancado por Biden e Kamala para afrontar Putin. Agora, Trump vai utilizar este mesmo fantoche para a União Européia mergulhar na loucura armamentista e aquecer com euros o parque industrial dos Estados Unidos.

Todo o circo do show de Trump flertando com a Terceira Guerra Mundial, em um mundo com lideranças e democracias esvaziadas e fragilizadas, atores globais ainda em indefinição, todo sortilégio de fascismos em ascensão no Ocidente e o capitalismo, para variar, em nova crise sistêmica. 

(Wellington Fontes Menezes)

terça-feira, 4 de março de 2025

ALEGRIA, ALEGRIA: VIVA O CARNAVAL?

 


Que lindo é o carnaval! Você é um dos sete milhões de desempregados no Brasil das estatísticas oficiais. Na realidade, um potencial para treze milhões de almas boiando à céu aberto no sol de Mefisto sem carteira de trabalho.

Seja sobrevivendo de bicos, seja respirando com ajuda parental ou bolsa-qualquer-coisa governamental, o tempo passa sem vida. Pressionado pelas circunstâncias, o sujeito é esmagado até a raiz do cabelo e da alma, sem perspectiva alguma na inútil e sôfrega vida. De antemão, o futuro é uma palavra desconhecida no vocabulário.

Todavia, se acalme e deixe tudo para lá! Agora, é carnaval! Você poderá soltar a franga, sambar, rebolar, chacoalhar, gritar, cacarejar até cair nas ruas e praças públicas. Não dizem que é a alegria que move o mundo?

Quem sabe até um Oscar para um filme que você não assistiu e tampouco entenderá, talvez poderá mudar a sua vida? A ignorância é um balsamo para querubins, pecadores e espoliados! Alegria, alegria, já dizia Caetano em uma das suas mais famosas canções. Será verdade esta premissa alegórica de carnaval?

Viva o colírio alucinógeno que transforma trabalhadores e desesperados em cordiais cordeiros de um imenso sanatório naturalizado!

Viva a boçalidade da modinha da "ancestralidade", onde um punhado de ratazanas fantasiadas de baianas do acarajé de posam como farsantes intelectuais da miséria de uma África Subsaariana saqueada, empobrecida, abandonada e padece com infinitas guerras locais fratricidas!

Viva o reino da perversão de um mundo onde bilionários, sem a intermediação de vassalos fascistas e neoliberais obedientes ao dispor deles, tomam o poder com as próprias mãos e destroçam a vida do oceano de atordoados úteis e inúteis diante o moinho satânico do capitalismo!

Viva a dispersão de vermes mutantes do fascismo que escoam para fora do esgoto! Uma malta de sociopatas sedentos por ódio cego e sangue inocente se apresentando na esfera pública, fartamente bancada pelo Grande Capital, fingindo estar à serviço da honra estrupada dos trabalhadores desalentados!

Viva uma apodrecida Esquerda partidária, inútil e eleitoreira que perdeu o bonde descarrilhado da História e foi sequestrada por parasitas narcisistas e rastejantes jagunços oportunistas de plantão.

Trabalhar, trabalhar, trabalhar e, depois, virá o inevitável descarte! No frio do inverno ou derreter como banha de porco na frigideira dos tormentos climáticos. Tudo por um salário de miséria e, ainda, tem uma malta fascista das falsas identidades que azucrina o otário trabalhador para fazê-lo acreditar que tudo se reduz a um problema de preconceito sexual, gênero, racial ou xenófobo!

Alegria só é válida com vida correndo nas veias daqueles que trabalham, lutam pela sobrevivência e dignificam o sentido humanidade. Basta de alegria tola e gratuita!

Quem não bebe da fonte desértica de esperança deverá se embriagar de indignação! Toda mobilização por mudança pressupõe como matéria-prima a indignação.

Não há outra alternativa! Só uma indignação combativa, coletiva, organizada, solitária e estratégica poderá canalizar alguns lampejos de mudanças sociais diante de um mundo que impõe a miséria da alegria conformista como obrigação.

Na história processual das civilizações, jamais a alegria alienada se convergiu em mudança concreta! Pior ainda, para qualquer mobilização, é na frustrante alegria melancólica da quarta-feira de cinzas se encontra o pior dos inimigos subjetivos.

Aceitar as injustiças é compactuar com suas perversões. Em um sistema onde o acúmulo de riquezas é para satisfazer excentricidades de um punhado de perversos espertalhões, tudo se destina à cômoda mesmice.

Padecemos de um conformismo naturalizado que corrói nossas vísceras e a nossa capacidade de enxergar a realidade. Uma orgia da ignorância sistêmica que faz acreditar que tudo é aceitável, inevitável e adaptável: do nascer ao sepultamento. Entre os dois extremos, é aprendido à fórceps, que todos que sustentam uma lucidez alegre e comedida devem se equilibrar diante do sofrimento, suor, sangue e migalhas sazonais de alegria.

Assim, entre a alegria do delírio e a alegria da lobotomia, aceitaremos passivamente uma vida sem sentido e de vil sofrimento para dar todo o conforto possível para a classe capitalista usurpadora e parasitas que sempre explorou da força de trabalho sem uma gota de piedade.

Enfim, é inevitável para todos que desejam uma vida saudável com justiça socioeconômica e consciente: sem indignação não poderá existir liberdade!

(Wellington Fontes Menezes)

sábado, 1 de março de 2025

A VEZ DO LUMPEN-INTELECTUALISMO NO CULTO AO "PERIFERISMO"


 

A mediocridade e a irrelevância social e política na qual a universidade se revelam quando deixa de cumprir o seu central papel humanitário, civilizatório e técnico-científico para se preocupar com as ondas voláteis e demagógicas do populismo em busca de autoafirmação e seletivas claques instantâneas.

Somente em tempos de refluxo cognitivo identitário, patrocinado pelo neoliberalismo, que os arautos da playboyzada periférica se transformam em virtuosos "intelectuais públicos", cujo grande mérito é falar sobre o próprio umbigo narcísico, projetar uma idealização de ostentação do consumismo, fazer careta de "homem mau" e destilar a inveja ressentida pela playboyzada rica "de fato".

Tal estratégia não é aleatória e carrega consigo a fantasia reacionária, rasteira e demagógica a qual a universidade se "aproximaria do povo" premiando o rebotalho da cultura do gueto. Segundo esta lógica, ao produzir uma imagem de "popularesca servidora", a universidade se tornaria "útil à sociedade". Seria este papel de animador de velório o fulcral destino manifesto da universidade, em particular, a universidade pública?

A mesma lógica se integra na demagogia da política neoliberal do cotismo que auxiliou na fragmentação da cidadania e contribuiu para fabricar toscos ressentimentos, alienação sobre a história nacional, alimentar a onda fascista de supremacismos raciais e impulsionar os oportunistas do alpinismo social.

O "fetiche da periferia" é um sintoma do declínio político-cultural do pensamento progressista no Ocidente que ficou órfão, após a queda do Muro de Berlim, cujas ideologias de mudança social em macro-escala se transformaram em errantes distopias reacionárias, narcísicas e culturalistas.

Com a globalização do neoliberalismo, o Ocidente mergulhou em uma viagem sem volta e sem um novo horizonte que não seja a própria decadência de um tempo histórico.

Diante deste paradigma civilizatório, os mentecaptos da Escola Austríaca foram reabilitados e revigorados (em destaque, Mises e Hayek) e plasmados naquilo que se transformou na macroestrutura ideológica  ultra-capitalista do neoliberalismo.

No Brasil, o processo é muito similar: uma sedução pela bricolagem estética culturalizante e pela aclamação dos desvios daqueles que usam os interesses pessoais como projeção do mote do "vítimismo da sociedade".

Ao premiar arautos do neoliberalismo com a centelha do "periferismo", a universidade faz um duplo jogo perdido: se rende à um retorno da estética Kitsch, ou seja, da cafonice fantasiada de modernidade e acena para alimentar a ideologia neoliberal que cria seus falsos "heróis" (ou seja, os ditos "heróis silenciados" que os arautos identitários adoram alardear aos quatro ventos).

Tais heróis paridos a partir da fantasia de uma suposta e idílica "história esquecida", mas, conforme a cartilha neoliberal com viés da "ideologia woke", são personas pró-ativas, oriundas de uma ancestralidade perdida e, sob a cena principal, são imagéticos empreendedores do próprio Ego.

A premiação de "representantes culturalistas" diz mais sobre a penumbra do tempo histórico o qual sobrevivemos com olhos cerrados e menos sobre a questionável qualidade dos premiados.

(Wellington Fontes Menezes)

 

PARA SABER MAIS: https://www.metropoles.com/sao-paulo/racionais-mcs-doutor-honoris-causa-unicamp

O SHOW DE TRUMP

  Ontem, 04 de março de 2025, no primeiro discurso de Donald Trump no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, o bufão bravateiro fez se...