terça-feira, 20 de junho de 2023

ENQUANTO A POPULAÇÃO FICA SEM TETO, O GOVERNO TORRA O ERÁRIO EM PROGRAMAS DE BENEFÍCIOS PARA O GRANDE CAPITAL


É difícil defender um governo que se rotula como “Esquerda”, mas só produz programas que encaixaria com total tranquilidade em qualquer “governo de Direita”, minimamente, preocupado com o eleitorado em eleições futuras. O reeditado Programa “Minha Casa Minha Vida” do terceiro mandato de governo Lula é mais um bom exemplo deste “fenômeno”.

Por mais que, aparentemente, se propagandeia que é uma “luz no final do túnel” da moradia, o Programa “Minha Casa Minha Vida” não é (e nunca foi!) um programa de moradia popular. Pelo contrário, com o uso massivo de subsídios públicos, é mais um programa de transferência de recursos do Estado para as mãos das grandes empreiteiras atenderem as famílias que possuem um padrão de renda intermediário, levando em consideração a faixa mínima estabelecida para os padrões imperativos para aderir ao Programa.

Com a nova mudança no programa, anunciada hoje pelo governo, terça-feira, 20 de junho, elevou-se o teto dos imóveis financiados para R$ 350 mil e, por sua vez, o teto do subsídio, no valor de R$ 55 mil. Um verdadeiro “tiro no pé” daqueles que precisam de um teto para morar! Tudo isto é um prato suculento para as empreiteiras ampliarem os valores reais dos imóveis novos ou na planta por todo o país, produzindo o chamado “efeito cascata”, tendo em vista os robustos subsídios governamentais! Temos então os sintomas do capitalismo em seu estado genuíno: a fome incessante de lucros à qualquer custo!

Na onda da reciclagem dos programas governamentais anteriores de Lula, mais um esqueleto foi tirado do baú neste mês: o Programa do “Carro Popular”. Mais uma vez, o subsídio estatal entrou em cena para financiar carros que estão longe do “bolso popular”. Conforme previsto, o efeito de alta nos preços dos automóveis novos ocorreu diante dos subsídios com relação aos esdrúxulos financiamentos do “carro popular”, cujo termo “popular” ficou apenas no nome.

O gasto do erário é exorbitante diante dos programas de incentivo ao consumo de bens! Somente nos primeiros quinze dias do mês de junho, o programa estatal do “carro popular” consumiu cerca de R$ 300 milhões das benesses estatais. Trocando em miúdos: o governo que se diz de “Esquerda” está fazendo a festa do “dinheiro fácil” para alegria de empreiteiras e empresas automobilísticas, ou seja, transferência direta de renda do Estado para o grande capital.

Todavia, a realidade é muito mais dramática! A massa dos brasileiros que vivem no limbo da miséria sequer consegue obter o mínimo para se alimentar, precisando de auxílios como o “Bolsa Família”. Para estes casos, o Programa “Minha Casa Minha Vida” não favorece a implantação de moradias populares de baixo custo.

Segundo pesquisa efetuada pela Fundação João Pinheiro com base no levantamento de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), estimou-se que o déficit habitacional, em números do ano de 2019, está na ordem de seis milhões de moradias! Em contraste com este número, a partir da promessa do governo e do próprio presidente Lula, o atual Programa estatal deve entregar apenas cerca de 30 mil moradias por ano. Nesta velocidade e mantendo o ritmo prometido por Lula, para zerar o déficit habitacional de 2019, o Brasil demorará cerca de duzentos anos para isto acontecer, ou seja, o tempo que não teremos mais pessoas vivendo em situação precária e sem nenhuma dignidade no país!   

Não dá para esperar que em dois séculos se resolva o problema de moradia no Brasil! Para a dura realidade brasileira, é preciso construir programas específicos, essencialmente estatais, que direcionem para a grande e emergencial demanda da maioria da classe trabalhadora brasileira.

Ademais, é fundamental atender esta demanda de forma mais rápida e menos prejudicial para o famélico orçamento das famílias. A moradia popular deverá ser uma obrigação constitucional que garanta a todos o acesso irrestrito a um teto! É fundamental uma política pública de construção de moradias populares de baixo custo e não ficar apenas financiando e ampliando os rendimentos do grande capital imobiliário.

(Wellington Fontes Menezes)


* Para ampliar a leitura: https://economia.uol.com.br/noticias/agencia-brasil/2023/06/20/valor-de-imoveis-do-minha-casa-minha-vida-sobe-e-vai-ate-r-350-mil.htm

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