terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

MAIS UMA NARRATIVA DO DESCARTÁVEL CINISMO INTELECTUAL QUE ALUCINA O BRASIL


O cinismo intelectual da colega socióloga da Bahia mostra como parte de uma fraquíssima e alucinada foulcautianização das análises sociológicas brasileiras pós-modernas virou um puxadinho caricatural de uma cepa da Sociologia bipolar racialista identitária estadunidense. Todas as complexas dimensões da sociedade brasileira se reduziram aos estereótipos da raça, gênero e fobias sexuais. Puro delírio do sanatório pseudocientífico!

A colega socióloga entrevistada da reportagem da FOLHA DE S.PAULO, não deixou explícitas as terríveis condições da atual luta de classes no Brasil e o processo de exploração dos trabalhadores. Em detrimento da realidade, ela procurou fazer uma caricatura generalista da imigração da miséria, como se em alguma parte do mundo, imigrantes pobres fossem recebidos com largos sorrisos, braços abertos e festa carnavalesca por povos nativos.

Nos últimos anos, basta lembrar os navios abarrotados de refugiados de guerra, fome e outras catástrofes humanitárias sendo abordados na região mediterrânea por forças policiais dos países europeus. Mais, relembremo-nos do símbolo que se forjou diante do bizarro cenário anti-imigração com o corpo do menino sírio encontrado desfalecido em plena areia da praia de uma cidade da Turquia, em 2015.

Ao simplificar caricaturalmente a realidade, diante da narrativa identitária, a questão da imigração tornou-se um problema atendido invariavelmente pelo alardeado pseudo-conceito do "racismo estrutural". Como será que são tratados os imigrantes latino-americanos não-negros no Brasil, particularmente, os bolivianos e peruanos? Seriam eles cortejados com pompas e louros em trabalhos análogos à escravidão? Com tapete vermelho, passistas de escola de samba e frenética bateria de escola de samba por eles não serem negros? Oras, não force a barra, colega!

Assim vegeta parcela do atual "pensamento crítico brasileiro" envenenado pelo identitarismo: flutuando em um vaso de senis bobagens estereotipadas identitárias, em detrimento da realidade explícita dos que negam enxergá-la ou, propositadamente, ocultá-la. Análises simplistas e caricaturais, como as da entrevistada da FOLHA, apenas contribuem com um serviço rasteiro, minimizando a devastação social, feita pela exploração secular e sistemática do capital no Brasil!

(Wellington Fontes Menezes)

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