sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O FEMINISMO PÓS-MODERNO OU COMO O CAPITALISMO MOLDA O DISCURSO DA EMANCIPAÇÃO DA MULHER VIA INTERESSES DO MERCADO

 


Na Pós-modernidade, o narcisismo é patológico, egoísta e perverso, em prol das demandas do mercado. O capitalismo é metabólico e se molda as diversas circunstâncias psicossociais da vida sociopolítica e econômica.

Na nova onda de modismos sociais, temos a retórica surreal do "arrependimento da maternagem" das mulheres. Sintoma tão bizarro, quanto neurótico, mas que pode ser compreendido pela vertente do capital que usa o discurso da "emancipação feminista" para alimentar o cárcere da ideologia.

O desejo da maternagem é unipessoal, ou seja, cabe â mulher, a decisão final da experiência de uma jornada intrinsicamente biológica e afetiva. Todavia, quando esta trajetória se transforma em discurso social, algo de muito estranho está por detrás de retóricas que se apresentam como genuínas e libertadoras. 

Na entrevista para a BBC, uma jovem feminista israelense que expele uma espécie de ódio pela maternidade e, de forma narcísica, encoraja outras mulheres a reproduzir o seu próprio sintoma. De acordo com seu depoimento, a maternidade soa quase como uma agressão ou pecado para as mulheres, um ato que impossibilita a vida plena diante da constituição biológica de gerar filhos. Logo, o “segredo da vida” não é a escolha da opção genuína de ter filhos, mas seria muito mais útil para as estruturas do capital a “liberdade da mulher”.  Tal mirabolante jogada esconde o discurso metamórfico do capital que trata servidão voluntária como “escolhas conscientes”. 

Tal discurso da “negação da maternagem” soa como canção de ninar para os ouvidos de rapina do capital. Para os doutrinadores do capitalismo, os trabalhadores não deveriam sequer ter vida biológica, se eles pudessem transformariam todos os trabalhadores em máquinas sem custos, para seus interesses de reprodutibilidade do capital e lucros ilimitados! Mais uma vez, temos aqui o conhecido jogo midiático da particularidade de casos pessoais (quase angelicais!) que tentam ser vendidos como uma espécie de regra moral e normalizadora de comportamento nas sociedades embriagadas de valores capitalistas. 

Visto de outro modo, a retórica que tenta ser implementada em questão é a da chamada “falácia da composição” da construção argumentativa: a partir de um caso particular, generaliza-se toda uma situação, como se ela tivesse as mesmas características da particularidade. Por sinal, pautar ideologias, normas e condutas culturais sempre foi uma prática prioritária da estrutura de dominação capitalista. 

Ademais, segue o mesmo cabedal de lugares-comuns do discurso culturalista identitário: culpa da "sociedade patriarcal", machismo, misoginia e negação das estruturas biológicas dos seres humanos. Parece um pacote “libertador”, mas como tudo se configura na essência do capital, é apenas aparência. 

Sintomaticamente, diante da retórica das identidades pós-modernas, no caso, sobre o "feminismo", nada é dito quanto aos exaustivos processos de produção profissional e tarefas domésticas das trabalhadoras, os quais não permitem espaço para a maternagem das mulheres. Claro, tudo para não atrapalhar os tais processos produtivos e não diminuir os lucros do patronato! 

Não é a toa que o discurso identitário é tão submisso aos valores da perversão capitalista. Nesta esteira da histeria da "guerra cultural", o capital despeja sua usina de querosene na  fogueira de irracionalismo que ele produz e usa seus papagaios ativistas para conquistarem corações e inconscientes dos bestializados de plantão. 


>> Link da entrevista na BBC: https://www.bbc.com/portuguese/geral-59410141


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