· Números oficiais no Brasil (20/04/2020):
· → Número de contaminados: 40.851
· → Número de mortos: 2.575 (acréscimo de 113 mortos
nas últimas 24 horas)
· → Taxa de letalidade: 6,3%
1. Em meio a pandemia, uma estranha alteração
de dados no Brasil
Dados consolidados do
Ministério da Saúde mostraram, hoje, 20/04, uma estranha modificação no número
de mortos que caiu de um montante inicial divulgado de 2.845, para 2.575 corrigido
às pressas e sem a habitual coletiva do ministério para a imprensa. Número esse
que mostra uma diferença de 9%, ou seja, 270 mortos pelo novo coronavírus (SAR-Cov-2)
e uma taxa pontual de letalidade de 6,3%! Segundo o próprio Ministério da
Saúde, o erro da contabilidade se localizava no Estado de São Paulo que havia
divulgado o número regional de mortos, nesta segunda-feira, 20 de abril, de
forma “equivocada”. A taxa de evolução da contaminação nacional bate um novo patamar,
com 40.851 casos confirmados de contaminação.
Em um momento crítico
da pandemia no Brasil, parece pouco crível um erro tão grosseiro que distorce o
número real dos casos de COVID-19 no país. Por outro lado, o governo de
Bolsonaro, com apoio do grosso do patronato nacional, vem estruturando uma
campanha midiática crescente nas redes de rádio e televisão, em particular,
entre aqueles que receberam mais verbas do governo federal, para minimizar os
efeitos da pandemia e criticar o isolamento social. Por sinal, o mesmo discurso
genocida empenhado pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro vem criando
corpo ao longo do país, panfletando a quebra irresponsável da política sanitária de isolamento social e
expor toda a população aos riscos catastróficos da contaminação por
coronavírus.
O genocida discurso do cinismo negacionista da
doença se limita à correlação de que o isolamento social afetaria o nível de
emprego e prejudicaria a economia. Como se uma população contaminada e doente
pudesse trabalhar com maior eficiência e como se o Governo Federal não pudesse
lançar mecanismos próprios de assistência social, como a distribuição de renda
mínima para todos que precisarem ficar em suas casas e ter recursos para a
sobrevivência.
Para quem não compreendeu
ainda os efeitos de quebrar ou “afrouxar” o isolamento social sem passar pelo
pico de contaminação da pandemia, basta observar os casos da Itália, Espanha,
Reino Unido e Estados Unidos, entre os principais destaques, que tiveram que
voltar atrás na decisão equivocada e adotar o “lockdown”, ou seja, o fechamento
ou interrupção total, de forma intensa, de toda a vida social de uma dada
região, cidade ou país. Não é a toa que tais países lideram, no globo, em
número de casos de contaminação e mortos.
Não é possível falar em
relaxar o isolamento social, diante de um vasto número de contaminados e mortos. O país
não chegou ao pico de casos e teremos ainda uma consolidação de casos em
investigação, com muita subnotificação que provocará uma distorção nos números finais.
Ademais, com o avanço da contaminação pelo coronavírus, começa a se
intensificar o número de leitos ocupados nos hospitais brasileiros, em
particular, aqueles referentes ao atendimento público. A grande questão é
evitar o colapso do sistema de saúde e não deixar milhares de doentes à própria
sorte.
Com políticas frágeis,
precárias e insanas de negação da doença, por parte do irresponsável governo
Bolsonaro, o Brasil deverá ser um dos países de maior impacto arrasador da COVID-19 no
mundo. O próprio presidente Bolsonaro faz uma militância assassina.
Inacreditavelmente, todos os dias, Bolsonaro ocupa as mídias para descascar
deboches sistemáticos contra as medidas de isolamento social e minimizar, com
gracejos sórdidos, todos os dados referentes a pandemia no país. Nenhum outro
presidente do globo conseguiu ter uma postura tão irresponsável diante da maior
crise sanitária do século XXI no planeta!
As últimas novidades da
insanidade, derivada das ações de Bolsonaro, em meio à pandemia, foi trocar seu
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta que vinha tendo uma atuação mais
regular à frente do ministério e apoiando as recomendações da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), para colocar seu compadre de campanha eleitoral, o
obscuro Nelson Teich, um médico que não tem o menor vínculo com políticas
públicas de saúde, sem a menor empatia governamental com a questão social e reza na cartilha
nefasta negacionista da doença, derivada da insanidade genocida da cepa selvagem e ignorante da extrema
direita brasileira. Um desastre anunciando que somente ampliará o número de corpos
empilhados nos lotados cemitérios pelo Brasil afora...
2. A taxa de letalidade da COVID-19
Em termos técnicos,
temos que a taxa de letalidade é a proporção do número de mortos pelo número de
casos confirmados de contaminados pelo coronavírus, ou seja, o percentual o
qual se tem o esperado o número de mortos pelo conjunto populacional que foi
contaminado.
Em termos comparativos, com dados da OMS o coronavírus SARS-Cov-2 está com uma taxa de letalidade média de 6,8% no mundo, abaixo ainda de outras doenças globalizadas como a MERS-COV (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) em torno de 34% e a SARS-COV (Síndrome Respiratória Aguda Grave) ao redor de 10%, o sarampo com 1,4% e a gripe comum (influenza, como a H1N1 e outras gripes) com taxa abaixo de 0,1%. A mais letal de todas as doenças de histórico recente ainda é a ebola, com as incríveis taxas que variam entre 25 a 90%. A taxa de letalidade é variável no incremento do nível de idade e de situações específicas como doenças pré-existentes da população.
Em termos comparativos, com dados da OMS o coronavírus SARS-Cov-2 está com uma taxa de letalidade média de 6,8% no mundo, abaixo ainda de outras doenças globalizadas como a MERS-COV (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) em torno de 34% e a SARS-COV (Síndrome Respiratória Aguda Grave) ao redor de 10%, o sarampo com 1,4% e a gripe comum (influenza, como a H1N1 e outras gripes) com taxa abaixo de 0,1%. A mais letal de todas as doenças de histórico recente ainda é a ebola, com as incríveis taxas que variam entre 25 a 90%. A taxa de letalidade é variável no incremento do nível de idade e de situações específicas como doenças pré-existentes da população.
3. Brasil e a comparação com o cenário mundial
O Brasil segue com uma das
maiores taxas de letalidade do mundo com 6,3% e elevação crescente da curva de mortos
por COVID-19. Como dados oficiais, o mundo hoje se encontra com 2.481.298 casos
de coronavírus e 170,436 mortos (dados até as 23 horas do dia 20/04), ou seja, uma taxa de letalidade crescente de
6,9%. Observando estes dados, é possível analisar uma tendência crescente e
assustadora da “história natural da doença” que poderá caminhar para uma
letalidade média em torno de dois dígitos!
Nos últimos dias, a
Bélgica com 5.828 mortos tomou o topo dos italianos, com a maior taxa de
letalidade do mundo com relação ao número de contaminados, que está em torno de
14,5%. A Itália que liderou o número de mortos no mundo, até poucos dias,
atualmente está com 24.114 óbitos por COVID-19 e uma taxa de letalidade de
13,3%. A França, com 20.265 mortos e o Reino Unido com 16.509 mortos, possuem
taxa de letalidade em torno de 13%. Espanha, com 10,4% de taxa de letalidade,
contabiliza 20.852 óbitos.
Os Estados Unidos que
estavam com a incrível marca de um terço dos casos confirmados de COVID-19 no mundo,
caiu para 17% (782.987 casos registrados), apesar do maior número de mortos do
globo (41.777), com uma taxa de letalidade de cerca de 5%. Da mesma forma que
Bolsonaro no Brasil, o presidente estadunidense, Donald Trump, vinha debochando
da doença até perceber, tardiamente, a catástrofe que se abateu no próprio
país. O coronavírus abateu mais estadunidenses do que qualquer atividade terrorista em seu território e muito mais letal que o fatídico atentado ao World
Trade Center, em 2001, em número de mortos. Observando outra perspectiva, o número
de mortos pela COVID-19 nos Estados Unidos está se aproximando do total de soldados
estadunidenses mortos durante todo o período da dispendiosa e sangrenta Guerra do Vietnã, no período de 19 anos, quando o governo de Washington decidiu
invadir o pequeno país do Sudeste Asiático. Apesar dos números avassaladores, há
uma demonstração de que os Estados Unidos podem estar chegando ao pico da
contaminação da doença, com um discreto declínio do número de casos em algumas regiões do país.
Em números mais
alentadores, em dados comparativos, a China, primeiro país do planeta a sofrer
com a pandemia, possui hoje 82.747 casos confirmados com 4.632 mortos e uma
taxa de letalidade de 5,6% e, posteriormente, a Coréia do Sul com 10.674 casos
confirmados e 236 mortos e com uma das mais baixas taxas de letalidade do
planeta, com 0,1%. Importante ressaltar que o governo da China não registra
mais casos de mortalidade e possui apenas novos casos de contaminação em número baixo (cerca de duas dezenas diárias) cuja origem não é por transmissão comunitária, mas por elementos externos ao país (contaminados de outras origens que ingressaram
em território chinês). O mesmo ocorre com a Coreia do Sul. Praticamente, tanto
a China quanto a Coréia do Sul poderão se dizer, temporariamente, livres da
contaminação por coronavírus.
4.
Alertas finais
É preciso ficar muito
alerta aos dados divulgados pelo Ministério da Saúde na nova gestão do bolsonarista Teich. Simplesmente, o novo ministro recusou-se, até agora, a aparecer em público, não formulou nenhuma medida concreta de combate a pandemia e vetou a entrevista coletiva da equipe do Ministério da Saúde para a imprensa que havia se tornado rotina na antiga gestão de Mandetta.
A obscuridade ganha dada vez mais espaço no proposital descontrole federal diante da maior crise sanitária dos últimos tempos causada pelo novo coronavírus. A sonegação ou a distorção das informações sobre o avanço do coronavírus no Brasil prejudica severamente o estudo e o controle da pandemia e, por fim, traz também prejuízos econômicos e sanitários graves ao não estimar as devidas medidas governamentais de posterior abertura social e comercial que possa proteger devidamente a população. Mais uma vez, a irresponsabilidade do governo Bolsonaro é criminosamente grotesca!
A obscuridade ganha dada vez mais espaço no proposital descontrole federal diante da maior crise sanitária dos últimos tempos causada pelo novo coronavírus. A sonegação ou a distorção das informações sobre o avanço do coronavírus no Brasil prejudica severamente o estudo e o controle da pandemia e, por fim, traz também prejuízos econômicos e sanitários graves ao não estimar as devidas medidas governamentais de posterior abertura social e comercial que possa proteger devidamente a população. Mais uma vez, a irresponsabilidade do governo Bolsonaro é criminosamente grotesca!
Patrocinada pela ala
extremista do governo federal tendo a frente o próprio Bolsonaro, o país segue
com sua ode ao irracionalismo da extrema direita. Parcela deste
grupo obscurantista que abraça o fascismo tupiniquim, em plena pandemia e contrariando
todas as recomendações da OMS, foi às ruas de algumas cidades brasileiras, neste
último domingo dia 19/04, para debochar (sim, debochar!!!) do coronavírus e pedir insanamente intervenção
militar. Certamente, tais atos escrachada e delirantemente golpistas foram os únicos da história do planeta Terra que
grupos saíram de suas casas para se aglomerarem correndo risco de contaminação
para negarem a existência de uma doença cujos números acima relatados são
assustadores!
É importante lembrar
que o maior fator de risco que ocasionaram milhares de mortos em todo o globo
e, em particular, no Brasil, é a supremacia da ignorância e da estupidez daqueles
que teimam negar a realidade e zombar das medidas necessárias
de isolamento social. A tosca ignorância causa mais mortes do que a ação devastadora do próprio
vírus!
[Taxas elaboradas por Wellington Fontes Menezes com dados consolidados do Ministério da Saúde e
Worldometer.info de 20/04/2020]
Wellington Fontes Menezes é doutorando no Programa de
Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense
(PPGSD/UFF)
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