É ilusão
achar que o funk/rap/hip hop são "culturas revolucionárias
periféricas" como alardeiam enfeitiçados pós-modernos da academia ou fora
dela. Como se costuma endeusar muitos teóricos da pós-modernidade neoliberal, o
suprassumo do combate às agruras do capital estaria na periferia.
Essa mesma
periferia sendo alardeada como totem de um processo de subproduto do
capitalismo tardio e grotescamente selvagem. A tal cultura periférica não mais é do que uma contracultura
reacionária, narcisista e com ar blasé de um masturbatório autoritarismo
adolescente que acaba despertando apenas uma visceral inveja do estilo
consumista da pequena burguesia (ou seja, o estrato disforme de uma
"classe média").
Modos de
consumo, culto a marcas e processos de consumismo são elementos comuns a jovens
de díspares poder econômico. Uma apologia da ignorância em seu sentido pleno
com um mar de arrogância juvenil, agora com viés do "empoderamento"
da obsessão das redes sociais.
A indústria
cultural capta quase sempre com muita precisão formas de construção e instantâneo
descarte dos volúveis desejos juvenis. Por sinal, jovens pobres que sonham em
serem tão exploradores e consumistas quanto os patrões dos pais destes mesmos
jovens ou, quando estão empregados, seus próprios patrões. O desejo da ilusória
ascensão social é apenas a carga de mimetização de um midiático e perverso
aparato para legitimar as disparidades sociais promovidas pela voracidade do
capital.
Nada mais
poderoso na ideologia do capital do que construir e retroalimentar supostos
críticos do seu sistema que não passam de adoradores (in)volutários de suas
entranhas.
Não se
compreende o sistema capitalista fazendo carinha de "mano" emburrado
e tampouco gestos sistemáticos e obsessivos corporais. Como se apenas a teatral
"performance do gueto", por si mesma, já seria suficiente. Para a
desilusão de muitos, o mundo é mais complexo do que a vã "filosofia
periférica" do senso comum.
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