terça-feira, 6 de novembro de 2018

VENCER O FASCISMO JAGUNÇO DA TRAGÉDIA BOLSONARO: RESISTIR NO PRESENTE, RESGATAR O FUTURO



Vivemos um momento histórico onde já não cabe mais o papel da servidão voluntária atrelada ao gozo da mediocridade coletiva. Chegamos ao fundo do poço em relação à nossa ignorante estupidez perante os fatos presentes e um sentimento indescritível de desconforto perante o futuro imediato para quem tem um mínimo de lucidez intuitiva. Chegou a hora de cessarmos a cômoda e irresponsável caçada aos “vilões” escolhidos seletiva e sorrateiramente por um aparelhamento midiático desde os protestos juvenis de passagens de ônibus de São Paulo que datam de 2013. De lá para cá, a onda conservadora se avolumou, perdeu o controle da Direita conservadora e se transformou em um perverso mar de alucinação da extrema-direita. A Caixa de Pandora se estraçalhou de vez e os monstros transbordaram para a sociedade.

O discurso de satanizar um único partido ou uma única pessoa por todos os sortilégios de desgraças deste país alimentou uma tragédia. O resultado disso foi à histórica alienação social que colocou a rapinagem dos abutres corruptos da extrema-direita ao poder. O país envenenado por uma grande mídia seletiva e antidemocrática ajudou a alimentar um tipo grotesco e particular de fascismo à brasileira, o “fascismo jagunço”, a saber: ignorante na forma e conteúdo, desprovido de qualquer projeto político, violento, psicótico, e grotesco em suas práticas, um culto ao irracionalismo selvagem, aliada a eclosão de um fanatismo religioso, um jorro de ódio ao conhecimento e a qualquer manifestação de atitude racional.

Com o fracasso do neoliberalismo sedimentado no projeto tucano de governar o país nos anos de Fernando Henrique Cardoso e as limitações do modelo social-democrático dos anos petistas de Lula e Dilma Rousseff (projeto esse sabotado pelo golpe de estado de 2016 contra a presidenta Dilma), os setores econômicos mais exploradores da mão-de-obra do país abraçaram o ultraliberalismo jagunço da extrema-direita. É fundamental salientar que não existe historicamente uma extrema-direita exitosa na ocupação do poder, em qualquer país do mundo, sem estar apoiada por grandes grupos econômicos para financiar seu circo de aberrações. Para aqueles que ainda estão em sono profundo, passou da hora de acordarem para a vida real que está impregnada de fantasia suicida e desejos mórbidos de eliminação do outro. É inadmissível aceitar o discurso da autodestruição social propagada incessantemente nos últimos seis meses de uma campanha inescrupulosa, mentirosa e desonesta do arauto da destruição jagunça, o ex-capitão fracassado do exército que passou para a reserva, Jair Bolsonaro, vulgo o “bunda suja” conforme atribuiu a “Revista Veja” aos militares que não evoluíram na meritocracia da carreira militar. Bolsonaro, segundo Veja, teria recebido tal designação pelo sua inaptidão aos ditames do exército e, somado a isto, devido sua polêmica participação em traquinagens circenses em quartel. Até o início do presente ano de 2018, o então ilustre “bunda suja” não passava de um desconhecido da esmagadora maioria da população brasileira.

A terrível noite de 28 de outubro de 2018, após o anúncio da vitória de Bolsonaro contra o petista Fernando Haddad, será lembrada por uma tragédia anunciada e sinalizada para todos aqueles que queriam e estavam dispostos a observarem com percepção e paciência. A eleição de Bolsonaro para a presidência do Brasil representou um desastre histórico para nossa democracia e para a sociabilidade inerente ao país.

Quem era afinal o presidente que virou “mito” sem ter feito absolutamente nada que possa de alguma forma merecer tal alcunha? Bolsonaro é uma farsa fraudulenta e não passa de uma velha raposa parasita da apodrecida política clientelista nacional que foi vendida por astutos assessores de marketing, como Steve Bannon (o polêmico ex-assessor do presidente Donald Trump que venceu via fraudes na campanha eleitoral nos Estados Unidos) aos desavisados como algo “novo” contra as velhas estruturas da política. Após ser sucessivamente eleito como deputado federal pelo Rio de Janeiro (1991-2018), Bolsonaro surfou por uma sopa de letras por diversos partidos da Direita como o PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e estava no PSC quando, ainda neste ano de 2018, Bolsonaro foi catapultado como candidato a presidência por um obscuro e inexpressível partido, o Partido Social Liberal (PSL), cuja estrutura mais se apresenta como uma organização miliciana do que um partido político por suas prestação de contas serem nebulosas e práticas questionáveis.

Sem ter efetivamente sequer um “plano de governo”, exceto a divulgação de um arquivo de “PowerPoint” recheado de bobagens senis que ronda o imaginário ignorante dos usuários de redes sociais, Bolsonaro é uma fraude ambulante que foi vendida por parte significativa da imprensa nacional como um “fenômeno de sucesso”. O que nos remete tal ao então governador do Estado de Alagoas, ao arrogante e impetuoso Fernando Collor de Mello que surgiu para o Brasil como o folclórico “caçador de marajás” em 1989 do nanico partido, o PRN. O resultado da “aventura Collor” que foi apoiado pela grande mídia brasileira, em particular, a Rede Globo, foi o aprofundamento da devastação da economia brasileira que tinha como herança a situação dilacerada pelos anos Sarney com a alta inflacionária, explicitada com o sequestro do “confisco das poupanças” de milhões de contribuintes, início das privatizações de empresas públicas como forma de “modernidade”, recorde de desemprego e um mar de corrupção que levou ao “impeachment” do seu mandato em 1992.

Parte significativa do eleitorado brasileiro não aprendeu a lição dos anos Collor e apostou novamente no erro grosseiro e muito bem conhecido! Contudo, como toda tragédia na segunda ocorrência é um desfile farsesco, Bolsonaro é uma espécie ambulante de “Collor piorado”, como demonstrou em inúmeras oportunidades tal quesito como foi registrado em todas as mídias conhecidas. O presidente eleito é um descontrolado sistemático que não consegue sequer responder uma meia dúzia de perguntas que não sejam fanfarronices e, para variar, é incapaz de fazer um discurso sem gaguejar, cometer gafes ou falar mal de alguém. Somada a tudo isto, Bolsonaro tem o explosivo agravante de trazer a toda a nefasta aparelhagem de militares ao poder, por sinal, situação inédita desde que os militares voltaram para a caserna com o fim da trágica aventura ditatorial dos generais em 1985. A eleição de Bolsonaro representou o retorno inacreditável e irresponsável do entronamento sistemático dos militares ao poder por via das urnas!

Bolsonaro despontou em sua insignificante vida política como um contumaz falastrão grosseiro que mostrou sua jocosa ignorância em toda oportunidade que teve para fazer seu podre teatro repugnante: pedir a volta da ditadura militar, fazer apologia à violência e ao estupro, fazer honrarias aos covardes torturadores do nefasto regime militar, ofender mulheres, gays, negros, indígenas, nordestinos, “esquerdistas” e, claro, sua maior especialidade, utilizar-se ao máximo do aparelhamento e das verbas públicas da Câmara dos Deputados. Na lógica de rapina de Bolsonaro, usar verbas públicas para enriquecer seus próprios bolsos e de seus filhos, não é corrupção, apenas o “PT que é corrupto”.  E diante da sua “lógica de espertalhão”, milhares de eleitores fecharam os olhos nas urnas e entronou um sujeito que somente pensou a vida inteira no próprio bolso enquanto foi político no próprio sistema que ele acusou ser “podre” diante do seu “bunker” escondido do eleitorado durante sua campanha eleitoral de enfermo oportunista. O episódio circense da “facada” em Bolsonaro, durante o primeiro turno das eleições, até hoje não foi esclarecido e gerou dois ganhos imediatos e valorosos à Bolsonaro: hiperexposição na mídia como uma espécie de “santo salvador” que resistiu ao “atentando” e a fuga de qualquer debate o qual ele saberia que seria um completo fracasso com sua total incapacidade de orientar-se por palavras minimamente sensatas ou cognitivamente compreensíveis ao público.

Bolsonaro é mundialmente visto como um perigoso e inaceitável retrocesso político, econômico, trabalhista, social, cultural, soberania nacional e humanitário. Uma campanha eleitoral baseada em grotescas mentiras, as alardeadas “fake news” jorradas em redes sociais, em particular, no aplicativo WhatsApp denunciado pelo jornal paulistano “Folha de S. Paulo”, deu o tom da completa ausência de ética de um grupo que não mostrou nenhum projeto real para o país, exceto a promoção da barbárie promovida por asseclas de Bolsonaro em nome da violência e da promoção do ódio e de mentiras grotescas. É inacreditável que o tanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) ficaram omissos, se fizeram de mortos, com a avalanche de crimes eleitorais promovidos pela equipe política de Bolsonaro e seus empresários que turbinaram com verbas ilícitas o seu generoso “Caixa 2”.

Eleito presidente dias atrás, as primeiras movimentações da cúpula de Bolsonaro formada por patrões predadores, velhos políticos corruptos, nepotismo psicopata, mafiosos que se utilizam da religião para formar impérios econômicos criminosos, economista vigarista em superministério da destruição, fantoche de astronauta, juiz fascista inescrupulosamente oportunista, financiador de campanha eleitoral e um mar de trogloditas militares jagunços dão o tom dos horrores bizarros que o país atravessará para servir apenas ao banditismo inconsequente da endinheirada e atrasada elite nacional e servir aos interesses econômicos e geoestratégicos dos Estados Unidos.

A agenda bolsonarista em pauta é a destruição dos direitos previdenciários dos trabalhadores, novo ataque aos direitos trabalhistas, a privatização das empresas públicas que ainda restou após o desastre do nefasto biênio de Michel Temer do pós-golpe de 2016, a diluição de cerca de 380 bilhões de dólares de reservas externas (conquistadas nos anos Lula e Dilma), a entrega da Petrobrás e dos suculentos campos de pré-sal para as petrolíferas estrangeiras e o discurso fascista da perseguição política contra os “inimigos indesejáveis”. A perseguição aos movimentos sociais, professores, jornalistas, grupos identitários e os tais “esquerdistas” (ou seja, todos aqueles que ousarem a se opor as insanidades de Bolsonaro) estarão na agenda do terror e coação para desviar atenção da opinião pública contra o futuro fracasso das medidas econômicas e políticas de Bolsonaro.

No plano externo, já começaram os estragos com a China, Palestina, Egito que alertaram sobre as falas toscas de Bolsonaro e prometeram retaliações a respeito. A tentação para a invasão militar contra nosso país vizinho, a Venezuela, como resposta a vassalagem que país se sujeitou ao presidente estadunidense, Donald Trump, ainda está na agenda do desequilibrado presidente eleito e seus asseclas irresponsáveis. Bolsonaro é a devastação ambulante, uma espécie de Rei Midas ao contrário do “toque de ouro” da mitologia grega clássica: onde Bolsonaro toca vira destruição.

Bolsonaro é a casamento maldito entre o ultraliberalismo tosco e selvagem, o escravismo colonial da elite econômica do atraso, a violência e a coerção covarde dos militares e o neopentecostalismo das máfias da Bíblia. Aos trabalhadores, a massa que Bolsonaro sempre teve repugnância e desprezo, pois sempre votou contra eles na sua vida de parlamentar em prol dos ricos, restará o arrocho salarial, jornadas análogas à escravidão, o fim da aposentadoria real e a precarização dos empregos. É preciso deixar bem claro a seguinte lição para todos: cada dia a mais de Bolsonaro no poder será um dia a mais de devastação e mortes no Brasil.

Com Bolsonaro no poder, teremos a certeza de cortes sem limites em áreas sociais e, no maior ódio de Bolsonaro, à área de Educação. Afinal, alguém que sempre desprezou a Educação não poderia deixar impune seu ódio pelo conhecimento, pela lucidez, pela sensatez. Bolsonaro representa à apologia à ignorância primitiva que muitos cidadãos brasileiros guardam dentro de si sua completa incapacidade de compreensão de mundo: abriu-se então a era da “guerra contra o conhecimento, o anti-intelectualismo” no Brasil. No lastro da insanidade persecutória do grupo irracional denominado “Escola sem Partido” (ESP) cujo objetivo é perseguir e atacar professores em nome de crendices irracionais e religiosas, não foi a toa que um dos seus primeiros e toscos pronunciamentos de Bolsonaro, recém-eleito, foi se dirigir às redes sociais e pedir aos alunos “denunciarem” professores que fazem suposta “doutrinação” e tais que professores irão receber um “presentinho” do presidente eleito. Que presentinho é esse, Bolsonaro?

A política de “naturalização do jaguncismo” de Bolsonaro começou na grande mídia antes mesmo de ser oficializado presidente. É completamente surreal que as vigarices insanas que Bolsonaro excreta serem tratadas como meras “gafes”, “mal-entendidos”, ou pior ainda, “adaptações ao poder”, como se um sujeito de 63 anos fosse ainda uma criança que recebeu brinquedo novo e não sabe ainda brincar com ele! A alucinação mediada por uma enxurrada de mentiras canalizadas captura a subjetividade coletiva e constrói-se uma espécie de “realidade paralela” de distorção desta realidade, onde a mentira se torna a verdade e vice-versa e a truculência se “normaliza” como uma “ética do grande pai opressor”, mas que os filhos devem obedecer!

Bolsonaro é o ícone de uma massa de ignorantes com “lugar de fala” eleito com grotesca propaganda fraudulenta em urna. A ascensão da extrema-direita jagunça no Brasil representou um “grito de liberdade” e sem nenhuma vergonha para as almas grotescas que se encontravam no armário e que vinha ensaiando seu perambular por solo brasileiro desde 2013. Para Bolsonaro, um velhaco tosco, perverso e irresponsável, a vida humana não significa nada, apenas o seu propósito de vida foi perambular muito bem à custa do dinheiro público que as benesses de deputado federal ofereceram para si e para alojar toda a sua família de predadores do bem público. Bolsonaro é a ode ao nepotismo sem nenhuma gota de vergonha onde colocou todos os seus filhos em cargos políticos.

Bolsonaro massacra a realidade presente com sua metralhadora de insanidades perversas e, assim, sequestra o futuro do Brasil. Não podemos engolir ilusões baratas na vã tentativa de achar que um ser extraterreno irá iluminar a cabeça de um sujeito que já provou inúmeras vezes, diante dos olhos de quem se negou a ignorar a realidade, ser um desajustado feroz e desequilibrado.

Ninguém tem o direito de roubar o nosso futuro, a nossa dignidade, a nossa esperança. Bolsonaro emergiu das trevas do corrupto e parasita baixo clero da Câmara dos Deputados onde vegetou por lá quase três longas décadas para se projetar em 2018 como o grande fantoche de “herói nacional”. Todo grande farsante apresenta o mesmo discurso e escondem por detrás dele os reais interesses que é impor os trabalhadores brasileiros à servidão dos patrões, ampliar o lastro da miséria e a submissão covarde e voluntária os interesses de Donald Trump e seus abutres de Washington. Tudo em nome de castigados bordões vazios tão velhos quanto à era da pedra lascada, como "família", "pátria" e "Deus". O deus que Bolsonaro vive a balbuciar não é compatível a nenhum outro Deus de qualquer religião que seja usada como parâmetro comparativo. O único deus de Bolsonaro é o da morte! É para quem possui alguns preceitos religiosos, nada é tão pecador do que fazer apologia à violência e invocar o nome de Deus absolutamente em vão para ocultar a total incapacidade de gerir alguma coisa ou manusear as palavras com um mínimo de sensatez.

É preciso salvar a democracia para que possamos ser salvos! É preciso ainda compreender os valores que estão intrínsecos na democracia que não podemos abrir mão deles por mera e grotesca falta de conhecimento a respeito. Precisamos reorganizar a estrutura emocional, a consciência política e a compreensão de que estamos vivendo uma escancarada luta de classes e sem pudor algum: tudo exposto em prol da devastação do país que será alicerçado por pilhas de corpos inocentes ao chão.

Sim, a democracia ficou derrubada com a eleição de um fascista farsante, mas não vencida. Não podemos admitir que uma grotesca camarilha de parasitas perversos e irresponsáveis que tomaram de assalto o poder por via da fragilidade do aparelhamento das instituições que se dizem “democrático” faça o que bem quiser com nossas vidas, nossos entes queridos, a nossa sociedade, o nosso país, o nosso futuro e a nossa esperança. Quem não tem consciência de si e de mundo é um eterno escravo daqueles que não tem pudores para impor a escravidão.

Não podemos aceitar a lógica dos destruidores da democracia em nome de nossa cumplicidade acomodada e acovardada do império da destruição que representa a podridão devassa de Bolsonaro e sua milícia de saqueadores do erário. Não podemos ceder aos monstros (é assim que devemos encarar os perversos e impiedosos que não tem nenhum apreço pela dignidade humana!) sob a penalidade de alimentar a sangria e cavarmos a sepultura daquilo que conhecemos por uma sociedade civilizacional. Precisamos começar a organizar a mobilização popular nacional por uma frente única com estudantes, trabalhadores, partidos políticos progressistas, movimentos sociais de toda a natureza e todos aqueles que prezam a dignidade humana e os valores democráticos, cujo mote poderá ser VENCER O FASCISMO: RESISTIR NO PRESENTE, RESGATAR O FUTURO.

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