sexta-feira, 3 de julho de 2015

Lutas raciais não devem justificar o ódio irracional e ocultar a verdadeira luta de classes pan-racial.


De fato, é bom o novo clipe da música “Boa Esperança” do rapper Emicida, forte e intenso. Todavia, deixo salientar que não sou apreciador do gênero, mas entendo sua pertinência cultural na sociedade. Porém, o que realmente não aprecio é a apologia da violência, por mais legítima que possa ser a revolta é natural do ser humano, mas um mar de ódio é também um oceano de barbárie. Não há diferenças entre negros, brancos ou qualquer outra coisa se não for a imposição política dos grupos, ou seja, a dominação social e a condução da exclusão como modelo operante da civilização capitalista.

Brancos não são mais "bonzinhos" ou "mauzinhos" que os negros assim como seus desejos perversos não são melhores ou piores de acordo com a sua tez. A dominação e a luta de classes vão além da mera questão racial e está na esfera das oportunidades dos grupos imporem suas ideologias.

Se por hipótese, todos os brancos fossem assassinados pela via do ódio racial como sugere o clipe de Emicida, brotaria da terra e sobre ela, enfim, um paraíso negro no planeta? Um rico negro não é menos pilantra que um rico branco, todavia, a ascensão do primeiro é mais difícil que o segundo dentro do mundo capitalista de origem branca europeizada. Aos que fazem apologia ao assassinato dos brancos também usaria todo o vigor contra negros igualmente perversos e dominadores quanto os de pele de cor diferente? Seriam os negros menos materialistas que os brancos e o gozo dos homens negros de ter relações sexuais com mulheres brancas seria o mesmo que têm ao transar com mulheres negras? É importante destacar que tais questões não são triviais e não devem ser refletidas de forma tão superficial como comumente assiste-se de vários setores sociais e de grupos que exalam a intolerância e um racismo atávico.

Se a cor significasse apenas e tão somente estratagema primordial para a eclosão da bondade humana não teríamos tantas desigualdades entre grupos éticos no continente africano, por exemplo, em estados governados por negros. Logo, é importante salientar que este debate é muito mais profundo do que a mera e sensível desejo de ódio de uma cor sobre a outra. É legítima a luta pela igualdade humana, todavia considero nefasta a promoção do ódio e da violência como medida compensatória de um dado desejo de ódio motivado pelo poder.

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