A práxis da liberdade, no sistema capitalista, é uma eterna e sedutora prisão voluntária. Eis o nível de regressão da maturidade dos sujeitos Pós-modernos na era da infantilização alienada da vida.
Na Ética Pós-Moderna, se faz necessário criar neologismos para inventar e justificar o encantamento apologética dos "corpos livres" (a bravata do delírio foucaultiano que impregnou o mundo acadêmico pós-moderno!) diante de currais para a diversão (supostamente, livres do fetiche dos "olhares preconceituosos") sob o véu da doutrinação narcisista sobre o vazio existencial.
Um exemplo peculiar é o bordão do neologismo da "não-monogamia", ou seja, a ficção verborrágica para o sujeito que é solteiro (ou solitário!), mas se acha tão importante para o "planeta Universo" que não poderá se vincular a nenhum outro ser ou grupo social. Tal bordão vai além do apelo sexual, mas se instrumentaliza na dissociação do sujeito diante da negação da sociabilidade.
Contudo, a observa-se o sentido da premissa do "Ser Livre", ou seja, o "Ser Insocial", não aderente à lógica da socialização humana. A patologia do umbigo é tão atroz que não se constrói vínculos efetivos nos laços sociais. Deste modo, toda a coletividade não se tornaria mais importante, uma vez que a sociedade, outrora "coletiva", seria construída apenas por indivíduos, remetendo a um conhecido aforismo provindencial da ex-Primeira Ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, a rainha do neoliberalismo.
O narcisismo é, portanto, uma forma de doutrinamento e controle social arregimentado pelas rédeas sedutoras do capital. Nesta lógica de operação de manipulação de massas, se pauta a Educação neoliberal que coloca o estudante (sujeito esse que nada sabe e está na condição de aprendiz), como centro do mundo e, de antemão, um sujeito de suposto saber inato à existência!
Daí, tem-se o sucesso do "mito do empreendedorismo" na sociedade atual: o sujeito que se ergue, economicamente, por si mesmo, sem ajuda no malévolo "Estado". Premissa negacionista aplicada à exaustão, na Educação, em todos os níveis, que fazem Friedrich Hayek e Ludwing von Mises, apóstolos do ultra-liberalismo, contorcerem-se de gozo no jazigo do umbral do Inferno.
O narcisismo se tornou, no mundo da hegemonia neoliberal, um formidável instrumento de controle social. Muito além dos limites impostos por um psicologismo estéril, é preciso compreender o funcionamento das estruturas psicológicas como eficientes alicerces de domesticação dos sujeitos em um mundo onde o pensamento hegemônico neoliberal opera, silenciosamente, pela dissolução da própria sociabilidade.
(Wellington Fontes Menezes)
👉 Para aprofundar a leitura:
https://www.uol.com.br/splash/noticias/2024/08/17/forro-nao-mono.htm
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