segunda-feira, 3 de abril de 2023

59 ANOS DO GOLPE MILITAR: É PRECISO FAZER O ACERTO DE CONTAS COM O BRASIL



CINQUENTA E NOVE ANOS DEPOIS, o legado maldito do Golpe Cívico-Militar de 31 de março de 1964, ainda se personifica em nossos dias. 

Toda a História da República brasileira sofreu um trágico retrocesso do tosco e assassino militarismo, com a subida ao poder no famigerado 31 de março de 1964, até a anistia e "abertura" em 1985. Naturalmente, um processo golpista não se constrói na calada da noite, mas dentro das franjas do poder e curtido na salmoura do tempo. 

A tentação do golpismo militar no Brasil começou, desde a instalação da República, no final do século XIX e caminhou, protagonizando e pautando, os trôpegos passos da vida republicana à brasileira até os nossos dias com a ascensão da milícia-militar de Jair Bolsonaro. 

A reacionária burguesia brasileira sempre se escorou no militarismo como cães de guarda contra qualquer insurreição popular. O "medo do povo" sempre marcou a ideologia da burguesia nascente e se impôs como ideologia de Estado. 

A cidadania, este longo processo de sociabilização da civilidade, sempre foi mitigada e concedida, depois de muitas lutas sociais, em doses homeopáticas e suprimidas de vez quando foi conveniente aos interesses do Grande Capital.

Não haveria o GOLPE DE 1964, se não ocorresse um processo sistemático de abdução das massas promovido pela Grande Mídia, na surreal movimentação contra o tal "perigo vermelho", a criação ficcional do fantoche do comunismo. 

Os mesmos ilusionistas de 1964, estiveram presentes no GOLPE DE 2016, derrubando a então presidenta Dilma Rousseff e, consequentemente, auxiliando a instalação do projeto miliciano de Bolsonaro e sua corja de militares golpistas. 

As inacreditáveis "procissões" de alienados da extrema direita em frente aos quartéis e os bizarros atos terroristas de 08 de janeiro de 2023 em Brasília, só tiveram sucesso com o auxílio, entusiasmo e permissão de parcela significativa dos setores militares. Até agora, diante deste trágico espetáculo da barbárie de extrema direita, ninguém foi punido e tudo se mantém como se nada tivesse acontecido! 

As Forças Militares foram e continuam sendo, uma monstruosidade inaceitável para o país. A Constituição Federal de 1988 foi, extremamente, omissa com relação aos militares, permitindo-lhes, até mesmo, que elementos fardados da ativa e da caserna participem, livremente, da política nacional, inclusive concorrendo às eleições.

Não é possível que passadas seis décadas, o Brasil ainda permaneça sobre a sombra do militarismo! É preciso virar a página do militarismo no Brasil. É preciso punir, sem trégua, o militarismo golpista:

* Punir os monstros de 1964;

* Punir os lacaios de 2016;

* Punir os genocidas que lotearam os ministérios de Bolsonaro, em particular, o Ministério da Saúde, e que fizeram de tudo para ampliar o número de vitimas e mortos durante os momentos mais dramático da pandemia; 

* Punir os apoiadores de terroristas de 08 de janeiro de 2023.

* Registrar e reparar o passado, permanentemente, com a fundamental verdade histórica que jamais tivemos "presidentes militares" durante o Golpe Militar, mas ditadores militares que tomaram o poder pela covardia, autoritarismo, força descomunal e aprisionaram todo o arcabouço da democracia. Por extensão, ao longo da República, tivemos ditadores militares e não presidentes militares.

Não haverá a mínima chance de uma democracia, estável e durável, se o Brasil seguir sendo tutelado pelo parasitismo chantagista do militarismo. Basta de fechar os olhos e colocar, para debaixo do tapete, todo o caldo de terror, autoritarismo e submissão impostos historicamente à nação por parte do maldito legado das Forças Armadas!

Atualmente, o governo Lula, que sofreu um histórico e imperdoável ataque terrorista em 08 de janeiro, tem uma oportunidade e obrigação históricas de construir uma política e legislação que proíba, para sempre, o militarismo e seus membros de se projetarem na política via eleições gerais; proibir exibições pessoais em mídias em todos os seus formatos; vetar cargos públicos aos militares ou exercer qualquer atividade que não seja a de segurança militar registrado na Constituição e punir os históricos responsáveis por tamanha destruição deste país.

Conscientizar, esclarecer, conhecer os fatos históricos é consolidar elementos que possam solidificar a democracia e, resgatar dos escombros, os valores da cidadania.

(Wellington Fontes Menezes)

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