A
democracia e o capitalismo são elementos distintos diante de uma ordem
econômica onde os lucros e o controle do poder político são os interesses
basilares.
O
"moinho satânico" como descreveu Karl Polanyi a respeito do
capitalismo, é movido em direção do monopólio, ou seja, a concentração
insaciável de riquezas em pequenos núcleos econômicos. Portanto, a burguesia
concentradora de riquezas não se sente defensora de premissas democráticas e,
ao contrário do que se imagina, não é defensora da miragem do "livre
mercado".
Não
é a toa que em golpes de Estado e em regimes autoritários e fascistas, o tal
"Mercado", o fantasiado simulacro da ordem econômica, apoiou e
incentivou as estratégias e táticas de destruição da democracia em seus
respectivos momentos históricos.
O
Estado sempre foi usado como suporte para a manutenção da ordem econômica e,
por sua vez, o garantidor oficial da lucratividade e do poder político da
burguesia. Os casos da Itália e Alemanha assoladas pelo nazi-fascismo entre as
décadas de 1920 a 1940, as burguesias nacionais apoiaram e deram sustentação
econômica para os respectivos regimes autoritários.
Para
situarmos no exemplo do Brasil, nos golpes de 1964 e 2016, onde forças
militares protagonizaram o primeiro caso e os Poderes Legislativo e Judiciário
atuaram no segundo caso, em ambos os casos, a ordem patronal apoiou em massa a
execução da destruição da combalida democracia brasileira. No atual estágio do
esfacelamento da democracia no Brasil, o (des)governo de Bolsonaro somente
resiste devido ao apoio maciço que a
burguesia operante no país fornece à agenda ultraliberal do neofascismo jagunço
bolsonarista destruidor de garantias e normas civilizatórias em nome do
capital.
A
grande ilusão liberal é aquela que prega o casamento (in)fiel da suposta
democracia com o capitalismo. Por sinal, historicamente observado, o
capitalismo organizado por um aparelhamento burguês e uma tecnocracia robusta
pode sobreviver a qualquer meio político o qual ele possa subornar e controlar
para manter suas estruturas orgânicas funcionando. A virtude do capital é a
metamorfose adaptativa e não as querelas idílicas do "livre mercado".
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