quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Mitologias Periféricas



É ilusão achar que o funk/rap/hip hop são "culturas revolucionárias periféricas" como alardeiam enfeitiçados pós-modernos da academia ou fora dela. Como se costuma endeusar muitos teóricos da pós-modernidade neoliberal, o suprassumo do combate às agruras do capital estaria na periferia.

Essa mesma periferia sendo alardeada como totem de um processo de subproduto do capitalismo tardio e grotescamente selvagem. A tal cultura periférica  não mais é do que uma contracultura reacionária, narcisista e com ar blasé de um masturbatório autoritarismo adolescente que acaba despertando apenas uma visceral inveja do estilo consumista da pequena burguesia (ou seja, o estrato disforme de uma "classe média").

Modos de consumo, culto a marcas e processos de consumismo são elementos comuns a jovens de díspares poder econômico. Uma apologia da ignorância em seu sentido pleno com um mar de arrogância juvenil, agora com viés do "empoderamento" da obsessão das redes sociais.

A indústria cultural capta quase sempre com muita precisão formas de construção e instantâneo descarte dos volúveis desejos juvenis. Por sinal, jovens pobres que sonham em serem tão exploradores e consumistas quanto os patrões dos pais destes mesmos jovens ou, quando estão empregados, seus próprios patrões. O desejo da ilusória ascensão social é apenas a carga de mimetização de um midiático e perverso aparato para legitimar as disparidades sociais promovidas pela voracidade do capital.

Nada mais poderoso na ideologia do capital do que construir e retroalimentar supostos críticos do seu sistema que não passam de adoradores (in)volutários de suas entranhas.

Não se compreende o sistema capitalista fazendo carinha de "mano" emburrado e tampouco gestos sistemáticos e obsessivos corporais. Como se apenas a teatral "performance do gueto", por si mesma, já seria suficiente. Para a desilusão de muitos, o mundo é mais complexo do que a vã "filosofia periférica" do senso comum.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A miséria do discurso neoliberal pós-moderno na Educação



O histriônico discurso neoliberal pós-moderno do empoderamento narcisista e subjetivo do aluno rebaixou, rapidamente, o papel do professor para um patamar secundário de ação e passivo às interferências grotescas dos grupos senis protofascistas ao estilo da famigerada "Escola sem Partido".

A campanha voraz para a banalização do trabalho docente tem um duplo viés: se por um lado, a atuação do professor se torna cada vez menos relevante na sala de aula e na sociedade diante do massacre ideológico da escravidão sensorial dos sujeitos pelo capital; por outro lado, tal trabalho poderá ser substituído pelo aparelhamento mercantil de grupos empresariais que parasitam o lucrativo mercado da Educação. Sendo assim, se tornou práxis o discurso do mercado que prega o "modernismo empoderado": um professor poderá "perfeitamente" ser substituído por um simples celular com internet dando poder ao aluno estudar onde e como quiser! A mágica da promessa do conhecimento por osmose de dados!

Para isto, a rapinagem do cartel das empresas do ramo alardeia com falaciosa perversão a propaganda  jocosa da educação do futuro na palma da mão do estudante. Diante da desertificação de modelos de mundo que possam opor-se consistentemente a lógica de mercantilização da vida, a ideologia que reina hegemonicamente é a ideologia do capital sob diversas metamorfoses e discursos criativos para se apresentar como inevitavelmente necessária, racional e palatável.

Grupos de estéreis fraseologias identitárias e conservadores protofascistas se unem em falsa oposição na dispersão do autismo social em prol da supremacia do capital. A Educação é o elemento-motriz e sintomático das interações sociais em curso. O capital reutiliza a ideologia conforme suas conveniências mercantis sem nenhum apreço ao futuro de uma sociedade e dignidade humana.

Quando a Educação abandona sua função primaz de ser oponente visceral da barbárie para ser colocada como um shopping center de alucinadas bricolagens narcíseas da miséria humana, sua essência primordial se torna completamente desnecessária.

Recuperar o sentido de formação crítica, cognitiva, reflexiva, social e transformadora da Educação é a tarefa urgente diante dos ataques das alucinações identitárias e protofascistas em um Brasil que não desiste de promover a autodestruição da sociabilidade e a escravidão dos trabalhadores em prol dos privilégios dos enraizados e impiedosos donos do poder.


TRUMP NÃO FOI UM (NOVO) ACIDENTE DA HISTÓRIA. FOI UMA ESCOLHA!

  Quase todas as tentativas de explicação que surgem do campo de uma Esquerda, magnetizada pelo identitarismo, é de uma infantilidade atroz,...