domingo, 8 de janeiro de 2017

Drogas, tráfico e violência: para sair do lugar-comum


Combater o narcotráfico é construir uma nova política antidrogas que libere usos, dite normas de convívio e que o cidadão hedonista assuma responsabilidades por seus atos. Tratar máfias criminosas interestaduais e até internacionais como "criminosos comuns" é um erro. Os elos de ligação entre estes grupos são mais sofisticados e vão desde a corrupção de agentes policiais à juízes e com penetração em todos os estamentos sociais, inclusive nos intestinos política e dos supostos "representantes do povo".

Confiná-los juntos como se fossem clubes do bolinha do crime é fazer a lição dos governos tucanos em São Paulo: permitir a formação do PCC debaixo do nariz do poder público. É preciso cessar o piegas romantismo carcerário acadêmico que não ajuda em absolutamente em nada e tampouco fazer com que a direita adora tratar: fingir que nada ocorre e "que se matem"! Uma guerra contra as drogas é uma batalha perdida por si mesma. É como enxugar gelo dentro na Antártida! Logo, é preciso "domesticar" a situação e enfrentá-la com menos retórica, paternalismo, moralismo e populismo barato.

É preciso reestruturar o sistema penal com penas mais flexíveis, curtas e eficientes do que a ilusão de longas penalidades para crimes que não envolvam homicídios/latrocínio. Ademais, é preciso flexibilizar a política antidrogas e regulamentar a questão de algumas drogas, no caso mais exemplar, a cannabis. Sabemos que a classe média é responsável direta pelo consumo de drogas e seus derivados e cabe a ela também ser responsável por parte do financiamento indireto da violência. A guerra do tráfico é para colocar na boca, nas narinas e mentes desta população todo sortilégio de porcarias alucinógenas. Todavia o custo em vidas pela proibição destes produtos é muito maior do que a regulamentação desde derivados, aliás, existem os lixos alucinógenos legais como cigarros, álcool e fármacos que trazem altíssimos custos sociais.

É preciso também ser menos moralista e complacente, encarar que uma parcela da sociedade quer se dopar legalmente e que cada um dos cidadãos precisa sair do berço da infância marmanja e assumir suas responsabilidades civis e penais quando fizer uso de tais substâncias e normas para utilização destas substâncias.

Uma nova política antidrogas deve requerer do Estado maior controle da venda de alucinógenos e responsabilidade civil e criminal dos seus usuários. Quanto às drogas, não existem soluções mágicas, mas é preciso diminuir drasticamente o comércio ilegal de tais substâncias. Não vale a pena fingir que se preservam as narinas irrequietas de um playboy em troca de um banho de sangue cotidiano diante da disputa para servir este “cliente” hedonista.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Uma nova esquerda é caminhar por outros caminhos sem o temor dos velhos vícios


O melhor mecanismo para trabalhar um novo mundo é superar a tragédia política da atualidade. Nada que uma boa guilhotina não seja capaz de operar grandes limpezas diante da atual junta golpista e toda a sua camarilha de sustentação cujo objetivo é apenas pilhar as riquezas nacionais e, concomitantemente, deteriorar ainda mais as condições de vida dos trabalhadores e miseráveis deste Brasil. Ser intolerante com a intolerância facínora da burguesia e dos processos de destruição do ser humano.
A luta de classes nunca esteve tão viva na história recente do país. Ignorá-la, ocultá-la ou negá-la é o caminho ideológico daqueles que vivem à parasitar as entranhas do poder e submeter o Brasil à uma republiqueta de quinta categoria.
As esquerdas, se assim desejam ser alternativas políticas viáveis dentro do universo de perversão da direita e seus extremos, será preciso acordar para o mundo que eclodiu da forma mais bruta e impiedosa. Na verdade, a direita, como jargão abrangente da classe dominante, nunca deixou o poder, apenas se metamorfoseou-se de formas mais palatáveis do ponto de vista meramente eleitoreiro dentro das democracias de fachada sob os exotismos peculiares do estado de exceção.
A conciliação de uma esquerda supostamente "progressista" com o neoliberalismo serviu apenas como torniquete para estancar uma sangria de forma muito precária e, como se observou, completamente inútil. Já o culturalismo, além de negar a História e o conhecimento como processo de demanda fundamental do sujeito crítico, é uma prática que vem se avolumando e que opera em favor de um ego frágil do sujeito e dos planos da direita de diluição da luta de classes.
Acordar do estado letárgico e masturbatório é dever dos grupos que buscam muito além do poder pela esquerda e anti-capitalista, mas a busca de construção de um novo cenário civilizatório.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A cultura do esgoto de braços abertos para o fascismo à brasileira


Impressiona o monstrengo gosto sonoro que graça na cultura sonora de coliformes fecais da atualidade. Parece que a atual produção musical é para irritar sistematicamente o ouvinte alheio e produzir uma horda de sujeitos completamente estúpidos, agressivos e reacionários.
Três ritmos boiam sobre à superfície de penico cultural presente, assim temos o destaque:
a.) a escrotice do forrós pasteurizados grotescos monotemáticos que fariam Luiz Gonzaga, o rei do gênero, contorcer em seu túmulo e, em geral, são de origem do nordeste brasileiro;
 b.) o analfabetismo funcional de funk de delírio hiperconsumista, pseudo-hipererotismo masturbatório infanto-juvenil ou apologia ao tráfico de drogas autóctone (onde o mérito é mostrar como qualquer um com diarreia generalizada poderá produzir algo, até mesmo um círculo na areia!). O destaque fica para as favelas do Rio de Janeiro e regiões pobres da macrorregião expandida da cidade de São Paulo;
c.) Os filhotes da burguesia rural das regiões mais abastadas como o interior paulista ou meio-oeste brasileiro com esteroides anabolizantes que cacarejam onomatopéias do “sertanejo universitário”, mais poderia ser dito como sendo breganojo pré-primário, a "nova geração" cujo tripé temático se limita mulher (ela é sempre um objeto sexual descartável), cachaça (apologia ao alcoolismo) e balada (suprassumo do hedonismo pequeno-burguês).
Para todos três ritmos, por exemplo, o amor é desprezado ou ridiculizado como item de "idiotas" e sempre existe uma “traição” (ou quando é o caso do funk, o "traidor" merece a morte!), a apelação taxativa e pedante da sexualidade juvenil se tornam um totem e o hiperconsumismo é a regra máxima de sobrevivência onde todos devem destruir a todos!
A cultura sensível, crítica/engajada ou qualquer forma minimamente sofisticada de humanidade, musicalidade ou solidariedade são jogadas no ralo. Assim, como estes três gêneros destacados, temos o atual quadro de "produções sonoras" que completa imbecilização do ouvinte, onde a estupidez sonora é o carro-chefe e mostra o quanto a cultura brasileira vive em um esgoto putrefato que apenas serve para que um idiota qualquer estilo "corno manso" que tem problemas de disfunção erétil e utiliza um carro-fálico com volume a todo vapor para “encher o saco” de toda a vizinhança.
Os "pancadões", como exemplo máximo da cultura do esgoto, é o suprassumo de uma desorientada juventude narcísica que vem sendo gestada na sociedade de desemprego estrutural e que deseja voltar aos tempos da escravidão mediante atos inconstitucionais do atual governo golpista. Lembrar o nível crescente da geração “nem-nem”, ou seja, jovens que não estuda e nem trabalha na sociedade atual. Não é à toa o surgimento do que busca se chamar de "pobres de direita" e que são fascinados pelo consumismo daqueles que mais os exploram. As eleições de 2016 mostraram a força da ignorância política que esmaga qualquer tentativa de consciência de classe.
Como entender o surgimento do tal “pobre de direita”? Para um pobre pensar que é rico e votar em ricos é a sublimação do sujeito culturalmente espoliado por uma construção massiva de imbecilidades produzida por uma perversa indústria cultural. Se somos um país surtado diante de um golpe de estado impondo sobretudo um estado de exceção, o lixo cultural que presenciamos é um reflexo direto que os anos dos governos petistas de Lula e Dilma se preocuparam apenas em produzir medíocres pobres reacionários egóicos e consumistas que agora estão de abraços abertos para as ilações variantes do fascismo à brasileira. O próprio PT, com uma política sem fundação no desenvolvimento cultural, ajudou involuntariamente a produzir o grosso da massa reacionária que foi parida em 2013 e culminaria na onda conservadora proto-fascista de 2016, o ano do golpe que derrubou a presidenta Dilma.
A falta de consciência de classe é a forma mais dilacerante de escravidão do trabalhador, seja pela cultura, seja pelos fatores de produção à serviço da vilania do capital. Ademais, vale ressaltar que até mesmo a esquerda culturalista de ostentação aos elementos narcísicos da personalidade, não-marxista, despreza o conhecimento e sem noção alguma de construção histórica e consciência de classe fazem apologia à todos estes ritmos destacados, em particular, o grotesco funk infanto-juvenil de apologia ao tráfico de drogas e das facções criminosas, a violência explícita e a exploração sexual juvenil, ou seja, um trágico resumo do chorume cultural parido pelo que tem de pior da cultura da mediocridade brasileira. A mesma parcela de uma esquerda que infantil e insanamente acredita que perversos traficantes de drogas que impõe a violência e o medo na sociedade local por onde se instalam seriam uma espécie de “revolucionários” dentro das favelas. Nada mais distante da realidade e da mínima falta de reflexão crítica!
Ser tolerante e benevolente para a ignorância, a estupidez e a barbárie é fazer o jogo perverso das elites escravocratas da atualidade que dominam todo o cenário de domesticação dos sujeitos.


TRUMP NÃO FOI UM (NOVO) ACIDENTE DA HISTÓRIA. FOI UMA ESCOLHA!

  Quase todas as tentativas de explicação que surgem do campo de uma Esquerda, magnetizada pelo identitarismo, é de uma infantilidade atroz,...