Combater o narcotráfico é construir uma nova política antidrogas
que libere usos, dite normas de convívio e que o cidadão hedonista assuma
responsabilidades por seus atos. Tratar máfias criminosas interestaduais
e até internacionais como "criminosos comuns" é um erro. Os elos de
ligação entre estes grupos são mais sofisticados e vão desde a corrupção de
agentes policiais à juízes e com penetração em todos os estamentos sociais,
inclusive nos intestinos política e dos supostos "representantes do
povo".
Confiná-los juntos
como se fossem clubes do bolinha do crime é fazer a lição dos governos tucanos
em São Paulo: permitir a formação do PCC debaixo do nariz do poder público. É
preciso cessar o piegas romantismo carcerário acadêmico que não ajuda em
absolutamente em nada e tampouco fazer com que a direita adora tratar: fingir
que nada ocorre e "que se matem"! Uma guerra contra as drogas é uma batalha perdida por si mesma. É como enxugar gelo dentro na Antártida! Logo, é preciso "domesticar" a situação e enfrentá-la com menos retórica, paternalismo, moralismo e populismo barato.
É preciso
reestruturar o sistema penal com penas mais flexíveis, curtas e eficientes do
que a ilusão de longas penalidades para crimes que não envolvam
homicídios/latrocínio. Ademais, é preciso
flexibilizar a política antidrogas e regulamentar a questão de algumas drogas,
no caso mais exemplar, a cannabis. Sabemos que a classe média é responsável
direta pelo consumo de drogas e seus derivados e cabe a ela também ser
responsável por parte do financiamento indireto da violência. A guerra do
tráfico é para colocar na boca, nas narinas e mentes desta população todo
sortilégio de porcarias alucinógenas. Todavia o custo em vidas pela proibição
destes produtos é muito maior do que a regulamentação desde derivados, aliás,
existem os lixos alucinógenos legais como cigarros, álcool e fármacos que
trazem altíssimos custos sociais.
É preciso também ser menos
moralista e complacente, encarar que uma parcela da sociedade quer se dopar
legalmente e que cada um dos cidadãos precisa sair do berço da infância
marmanja e assumir suas responsabilidades civis e penais quando fizer uso de
tais substâncias e normas para utilização destas substâncias.
Uma nova política
antidrogas deve requerer do Estado maior controle da venda de alucinógenos e
responsabilidade civil e criminal dos seus usuários. Quanto às drogas, não
existem soluções mágicas, mas é preciso diminuir drasticamente o comércio
ilegal de tais substâncias. Não vale a pena fingir que se preservam as narinas
irrequietas de um playboy em troca de um banho de sangue cotidiano diante da
disputa para servir este “cliente” hedonista.