O cinismo intelectual da colega socióloga da Bahia mostra como parte de uma fraquíssima e alucinada foulcautianização das análises sociológicas brasileiras pós-modernas virou um puxadinho caricatural de uma cepa da Sociologia bipolar racialista identitária estadunidense. Todas as complexas dimensões da sociedade brasileira se reduziram aos estereótipos da raça, gênero e fobias sexuais. Puro delírio do sanatório pseudocientífico!
A colega socióloga entrevistada da reportagem da FOLHA DE S.PAULO, não deixou explícitas as terríveis condições da atual luta de classes no
Brasil e o processo de exploração dos trabalhadores. Em detrimento da
realidade, ela procurou fazer uma caricatura generalista da imigração da miséria,
como se em alguma parte do mundo, imigrantes pobres fossem recebidos com largos
sorrisos, braços abertos e festa carnavalesca por povos nativos.
Nos últimos anos, basta lembrar os navios abarrotados de refugiados
de guerra, fome e outras catástrofes humanitárias sendo abordados na região
mediterrânea por forças policiais dos países europeus. Mais, relembremo-nos do
símbolo que se forjou diante do bizarro cenário anti-imigração com o corpo do
menino sírio encontrado desfalecido em plena areia da praia de uma cidade da
Turquia, em 2015.
Ao simplificar caricaturalmente a realidade, diante da
narrativa identitária, a questão da imigração tornou-se um problema atendido invariavelmente
pelo alardeado pseudo-conceito do "racismo estrutural". Como será que
são tratados os imigrantes latino-americanos não-negros no Brasil,
particularmente, os bolivianos e peruanos? Seriam eles cortejados com pompas e
louros em trabalhos análogos à escravidão? Com tapete vermelho, passistas de
escola de samba e frenética bateria de escola de samba por eles não serem
negros? Oras, não force a barra, colega!
Assim vegeta parcela do atual "pensamento crítico
brasileiro" envenenado pelo identitarismo: flutuando em um vaso de senis
bobagens estereotipadas identitárias, em detrimento da realidade explícita dos
que negam enxergá-la ou, propositadamente, ocultá-la. Análises simplistas e
caricaturais, como as da entrevistada da FOLHA, apenas contribuem com um
serviço rasteiro, minimizando a devastação social, feita pela exploração
secular e sistemática do capital no Brasil!
(Wellington
Fontes Menezes)