quarta-feira, 29 de julho de 2020

A GRANDE ILUSÃO



A democracia e o capitalismo são elementos distintos diante de uma ordem econômica onde os lucros e o controle do poder político são os interesses basilares.

O "moinho satânico" como descreveu Karl Polanyi a respeito do capitalismo, é movido em direção do monopólio, ou seja, a concentração insaciável de riquezas em pequenos núcleos econômicos. Portanto, a burguesia concentradora de riquezas não se sente defensora de premissas democráticas e, ao contrário do que se imagina, não é defensora da miragem do "livre mercado".

Não é a toa que em golpes de Estado e em regimes autoritários e fascistas, o tal "Mercado", o fantasiado simulacro da ordem econômica, apoiou e incentivou as estratégias e táticas de destruição da democracia em seus respectivos momentos históricos.

O Estado sempre foi usado como suporte para a manutenção da ordem econômica e, por sua vez, o garantidor oficial da lucratividade e do poder político da burguesia. Os casos da Itália e Alemanha assoladas pelo nazi-fascismo entre as décadas de 1920 a 1940, as burguesias nacionais apoiaram e deram sustentação econômica para os respectivos regimes autoritários.

Para situarmos no exemplo do Brasil, nos golpes de 1964 e 2016, onde forças militares protagonizaram o primeiro caso e os Poderes Legislativo e Judiciário atuaram no segundo caso, em ambos os casos, a ordem patronal apoiou em massa a execução da destruição da combalida democracia brasileira. No atual estágio do esfacelamento da democracia no Brasil, o (des)governo de Bolsonaro somente resiste devido ao apoio maciço que  a burguesia operante no país fornece à agenda ultraliberal do neofascismo jagunço bolsonarista destruidor de garantias e normas civilizatórias em nome do capital.

A grande ilusão liberal é aquela que prega o casamento (in)fiel da suposta democracia com o capitalismo. Por sinal, historicamente observado, o capitalismo organizado por um aparelhamento burguês e uma tecnocracia robusta pode sobreviver a qualquer meio político o qual ele possa subornar e controlar para manter suas estruturas orgânicas funcionando. A virtude do capital é a metamorfose adaptativa e não as querelas idílicas do "livre mercado".

TRUMP NÃO FOI UM (NOVO) ACIDENTE DA HISTÓRIA. FOI UMA ESCOLHA!

  Quase todas as tentativas de explicação que surgem do campo de uma Esquerda, magnetizada pelo identitarismo, é de uma infantilidade atroz,...