terça-feira, 26 de julho de 2011

A Retórica do Combate




Apesar do samaritanismo governamental com viés eleitoreiro, os supostos esforços de "combate à miséria" no Brasil se tornou muito mais um bordão politico-demagógico do que uma real a preocupação de realizar o que prometem tais ações. Vale a pena lembrar alguns trechos da entrevista do professor da USP José Eli da Veiga, docente da pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP, à FOLHA DE S. PAULO:



FOLHA - O senhor acha que a linha de R$ 70 estabelecida pelo governo para definir miséria é correta?

José Eli da Veiga - Linhas de pobreza --ou de miséria-- não podem ser estabelecidas apenas com definições de níveis de renda monetária. Não creio que os colegas que estão no governo sejam imorais. Mas com certeza chegaram à insuficiente definição dos R$ 70 de renda domiciliar mensal per capita porque foram incumbidos de elaborar um plano factível, que possa ter sucesso em quatro anos.

FOLHA - Qual deveria ser, objetivamente, a linha que define quem é ou não miserável no Brasil?

VEIGA - Nas circunstâncias brasileiras, é miserável quem não tem acesso ao esgotamento sanitário. A rigor, além de tudo que está ligado ao saneamento ambiental e a um mínimo de conforto, duas outras coisas merecem destaque: o acesso a um serviço de saúde que realmente funcione e o acesso a um sistema educacional de qualidade.

FOLHA - Mas o número de domicílios sem esgoto tem diminuído nos últimos anos.

VEIGA - O número de moradias insalubres diminuiu dez pontos percentuais entre 1995 e 2002, e mais cinco entre 2003 e 2008. Mantidos tais níveis de desempenho, a universalização do esgoto com tratamento só ocorreria em 2060. Se o investimento dobrasse e a produtividade aumentasse um terço, essa meta poderia ser atingida em 2024. Seriam necessários quatro governos bem melhores que os de Lula para que a pobreza fosse minimizada.



Fonte: Folha de S. Paulo, 26 de julho de 2011. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/ult76u942646.shtml

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