terça-feira, 21 de junho de 2011

A Impunidade como Regra: a corrupção na Copa do Brasil de 2014



Se o futebol é uma das vitrines da “alienação” de milhões de indivíduos, ela também não pode ser negada como fonte de cultura, identidade, entretenimento e, claro, muito, muito e muito dinheiro do voraz e corrupto capitalismo patrocionado pela cartolagem do futebol globalizado. Longe de fazer uma pretensa “antropologia do futebol”, a preocupação das próximas linhas é imediata e latente sobre a corrupção enraizada na vida esportiva do Brasil, o neófito bufão ufanista esportivo derivado da herança megalomaníaca da Era Lula e sediador de maga-eventos na área como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Pela proximidade da data, o primeiro mega-evento é que mais urge preocupação no momento.


Antes mesmo de qualquer jogador tocar na bola, a corrupção endêmica do “jeitinho brasileiro” será levada ao auge diante dos desastrosos e atabalhoada preparativos da Copa do Mundo de 2014. Atrasos e após atrasos propositais das obras estão deixando o esperado rastro de cheirume do festival de corrupção governamental e gastança do erário do contribuinte. A desorganização é o esqueleto do “espírito da corrupção” necessário para o maior aproveitamento da voluptosa mordida no dinheiro público.


Não precisaria de futurologia ou cartomante para enxergar os previsíveis atrasos nas obras dos estádios que culminariam na aproximação dos prazos ditados pelo notório antro da corrupção esportiva mundial, a poderosa FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado), dona da patente do espetáculo. Agora, faltando cerca de três anos para o pontapé inicial da estréia da Copa de 2014, a “pressa” funciona como um eficiente trator para fazer os governos das três esferas liberar medidas fomentadas pelo baú do erário com efeito de atender a "emergência" da situação onde serão executadas inúmeras obras na enxurrada de licitações públicas. Driblando toda e qualquer fiscalização, no lugar de incrementar a educação, a saúde, a habitação popular e o saneamento básico, o poder da corrupção endêmica pode ser visto na condução da farra do dinheiro público na construção e reforma dos estádios em todo o país (alguns ainda sequer saíram da maquete!).


Os custos se elevam cada vez mais para atender os inúmeras e arrogantes exigências da FIFA para a construção de estádios que sequer respeitam a dinâmica das cidades que acolhem os jogos. Sob o olhar matreiro da corrupção, no Brasil houve uma inflação de doze cidades-sedes para sediar um mísero punhado de partidas de futebol da Copa de 2014: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). O risco é notório de se polvilhar “elefantes brancos” de concreto armado em praças onde o futebol tem uma dinâmica insipiente e praticamente irrisória diante do cenário nacional. De nada serviu o exemplo perdulário dos inúteis "elefantes africanos" dos estádios custeados com o suado dinheiro do contribuinte local na insossa Copa da África do Sul em 2010. É espetacular o poder da corrupção de bastidores que impôs a realização de vitrines da Copa do Mundo em países de pouca tradição no esporte, como as futuras Copas do Mundo de 2018 sediada na Rússia e a de 2022 no impensável Catar. É compreensível que no reinado do corrupto presidente Joseph Blatter, quando se trata da impune FIFA, a ordem é sempre esbanjar, gastar e faturar nas comissões e relações promíscuas entre o dinheiro publico e o enriquecimento privado.


Ainda lembrando o exemplo sul-africano da Copa de 2014, entronar simplesmente mega-estádios em cidades não é sinônimo crível de "desenvolvimento local", exceto para quem irá "lucrar imediatamente" com tais praças esportivas. Portanto, sob o olhar operante da corrupção, o teatro armado de um coliseu esportivo pode ser visto com um avatar exuberante da impune farra da gastança pública com exemplos catastróficos. O estádio majestoso do Maracanã é uma draga de dinheiro público no Rio de Janeiro com suas inexplicáveis e sucessivas obras de reforma com valores astronômicos. Porém, como exemplo mais emblemático da farra preparada para Copa no Brasil é o caso da cidade-sede de São Paulo. Depois de muito blablablá e jogo de cena sobre qual seria o estádio a ser utilizado para os jogos da Copa no estado, a irresponsabilidade do Poder Público tripartite (Federal, Estadual e Municipal) atingiu o auge ao optar por descarregar dinheiro público (em particular, abrindo mão de tributação fiscal) na promessa da construção do estádio do Corinthians em Itaquera, zona leste da cidade paulistana. Paradoxalmente, imbróglio após imbróglio, o “Fielzão” até hoje não passou de uma mera maquete, o bairro continua com sua costumeira precariedade e segue o vendaval de propaganda bairrista nos meios passivos de comunicação.


Desde Lula a Dilma, após ser rasgado todo o padrão ético da história partidária e aderir a uma espécie de “neoliberalismo populista”, é sintomático quando se leva em consideração que o atual partido hegemônico no governo federal, o Partido dos Trabalhadores (PT), se mantém conivente e servidor atuante da corrupção generalizada no interior da gestão esporte brasileiro, em particular, dando o suporte político para as sucessivas fraudes do Ministério dos Esportes com o inapto ministro Orlando Silva, filiado da sigla do ex-comuna PC do B.


Para coreografar o trágico e tétrico enredo, o país assiste impunemente a condução fraudulenta e mafiosa de Ricardo Teixeira entronado há mais de duas décadas na presidência soberana da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Agora, Teixeira desfila à frente como um audaz líder predestinado da organização brasileira da Copa de 2014 e ainda segue absoluto sendo o farol bisonho do esporte nacional.

Do ponto de vista do dinheiro público, se a seleção brasileira irá ou não conquistar seu sexto título da competição é o que pouco importará. A única e lastimável certeza é que até 2014 a corrupção parasitária usurpadora do erário do contribuinte irá atingir níveis inimagináveis no histórico dos esportes e na vida pública no Brasil. Tudo com a cínica e complacente chancela da ação governamental e o bestializado silêncio da população. Na tabelinha entre Blatter e Teixeira, está a raíz de um verdadeiro golaço da corrupção e da impunidade.



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LinkAbaixo, segue um trecho o programa “Tabelinha” da UOL comandado por Juca Kfouri e Birner que comenta o escoamento do dinheiro público para fomentar o “sigilo” das licitações podres.




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