A Psicanálise, como criação de
uma reflexão à partir da sociedade burguesa, tal como ferramenta seminal de
Sigmund Freud, é de fundamental importância para compreender os dramas e as
tramas do imaginário (consciente ou não) do chamado "homem burguês".
Nos últimos anos, o Pensamento Social, isto inclui a Psicanálise, vem sendo contaminado por uma caquética Sociologia do botequim, marejada pelo senso comum e operada por um discurso ficcional sobre a realidade brasileira.
Para este campo de retrocesso analítico, deu-se o nome de "Decolonialidade" (o termo em si já é uma bricolagem verborrágica!), ou seja, o pastoso discurso neoliberal da cultura "woke" estadunidense com ares pseudo-intelectuais que prima pela negação e distorção das Ciências e suas áreas sociológicas, imbuída de um binarismo tosco, senil e atroz entre "vítimas" e "vilões".
Assim como a Educação, a Psicanálise é calcada pela subjetividade em seus pilares e fundações teórica-arquitetônicas. Neste campo, a racionalidade dependerá do contexto empregado, uma vez que, a subjetividade dependerá de alguns mecanismos singulares, porém, mesmos assim, existem critérios de razoabilidade e limites, como todo o empreendimento científico.
É neste quesito que uma série de charlatões da vulgata "decolonial" se aproveitam para dispararem uma saraivada de pomposos discursos, sem valor substancial algum (em geral, embriagados da leitura vulgar de Michel Foucault), que nada tem de concreto, mas rendem falsas polêmicas e pode render muito dinheiro para os seus arautos de plantão.
Curiosamente, dentro da sedutora e autoritária onda identitária promovida pelo Grande Capital, como a impregnação de uma retrograda cultura nazista de supremacia racial às avessas, como a farsa doutrinária da "Pedagogia antirracista", os desvarios maniqueístas dos "Estudos da branquitude", a fantasia da "Ancestralidade" (uma bizarra distorção deste conceito Antropológico) e o perverso "Constrangimento Pedagógico", trouxeram a demência e o irracionalismo fascista para dentro das Ciências Sociais e a Psicanálise, onde o espaço de reflexão se tornou um boteco com petisco que promove um besteirol pseudo-acadêmico e uma perversa tentativa de fomentar uma guerra racial no país.
Os perigos do irracionalismo são conhecidos e incontáveis. Todos os exemplos da Alemanha de Weimar e o III Reich parecem que nunca foram aprendidos! Assim, como os países como Estados Unidos e Africa do Sul, que levaram suas políticas racialistas ao pé da letra com terríveis consequências.
No Brasil, a mequetrefe cópia de carbono da Decolonialidade estadunidense é o abandono da razão e da realidade histórica para abraçar uma fantasia projetiva de um Brasil colonial escravagista, uma disputa de senhores de engenho e escravos, congelado no tempo e no espaço. Para a seita decolonial, a cultura é estática, e não dinâmica! Uma verdadeira aberração conceitual manipulada para que seus chatalães decoloniais ocultem o metabolismo metamórfico do capitalismo e as lutas de classe.
Nesta decadente fabriqueta de alucinação identitária, o país se congelou no século XVIII, e sequer houve a proclamação da República e o capitalismo tardio que nos move até o momento. Delírio pouco é bobagem!
Para deixar a questão ainda mais adentro do sanatório, sequer a Psicologia e a Psicanálise tinham sido criadas para serem usadas nestas fantasias revisionistas colonialistas verborrágicas da Decolonialidade! Logo, como a Psicanálise pode explicar algo na qual ela não foi projetada e, ainda, mesmo que fosse possível, que valor, para a realidade atual, isto tem de fato?
Uma pergunta que merece destaque para finalizar este artigo. Afinal, se a Decolonialidade é um pântano de irracionalismo, por que ainda faz tanto sucesso?
A resposta é menos obscura do que aparenta. A Decolonialidade é uma cepa do irracionalismo pós-moderno, seu modo de operar é anti-marxista, por excelência, nega, vorazmente, a luta de classes e as relações capital-trabalho não existem, além de condicionar as pautas efêmeras e indolor na crítica do espantalho do "pensamento eurocêntrico" e as falsas querelas da sacrossanta tríade identitária (racialidade, sexualidade e gênero).
O Grande Capital percebeu o potencial desta seita decolonial pró-capital e passou a promovê-la, com forte veemência, grande aporte de recursos e sensacionalismo sofisticado. Neste sentido, o fascismo oculto da Decoloniedade coloca no chinelo às pseudo-teorias da Extrema Direita clássica.
Figuras, totalmente, irrelevantes intelectualmente saíram do subsolo da mediocridade para se tornarem arautos dos "novos tempos" do capital em estágio absoluto de dominação ideológica. Portanto, a hipocrisia de criticar o "pensamento eurocêntrico" e invocar uma fantasiosa África Subsaariana, mas se casar com europeu e adotar o sobrenome do marido europeu, como fez a rainha da "decolonialiadade brasileira", Lélia González, faz parte desta astuta e estratégia decolonial: fazer a crítica dos "brancos europeus", mas querer as benesses e o conforto, os títulos acadêmicos com medalha de ostentação e, o principal, o dinheiro que oferta o mundo do "branco europeu".
Não é a toa que, dentro do mundo acadêmico, o pensamento crítico vem cedendo espaço para esta seita decolonial neoliberal e seus charlatães de plantão com suas teorias estapafúrdias tão solidas como prego fincado na gelatina, que atacam o Marxismo e a racionalidade, e se mostram como as ferramentas auxiliares e ideológicas do Grande Capital, mais sedutora já criadas, negando toda a realidade histórica e distorcendo a compreensão das construções sociais.
Pensar a Educação e Psicanálise é fundamental para que os campos científicos evoluam e não caíam em armadilhas caricaturais, dogmáticas e sectárias. Todavia, jamais abandonar a racionalidade, a lógica analítica e negar a realidade histórica, sob o risco de transformar as Ciências Sociais e a Psicanálise em um grande parque de diversões da miséria cognitiva nutrida pelo senso comum e do charlatismo pseudo-científico.
(Wellington Fontes Menezes)
👉 PARA SABER MAIS: https://diplomatique.org.br/psicanalises-a-brasileira/