O golpismo é a espinha dorsal
do parasitismo jagunço militar brasileiro. Os militares nunca deixaram de
apoiar Bolsonaro e seguirão à frente do poder somente para fazer o que melhor
entendem: ocupar cargos, parasitar verbas, propagar a ideologia jagunça de Jeca
Tatu e retroceder o país.
Lembrar que sobrevivemos diante de um governo civil com militares nos principais cargos no Governo Federal. Todo o desastre genocida da pandemia foi responsabilidade direta de militares parasitando o primeiro escalão do Ministério da Saúde, incluindo até mesmo um patético general que nunca soube fazer um curativo, no cargo de ministro!
Nos comezinhos da República do genocídio, temos um desgoverno militar sem levantar baionetas na gestão da barbárie de Bolsonaro. Foi construído o "mito" do patriotismo e eficiência dos militares. Tudo não passou de apenas um mero mito tão mentiroso quanto às mentiras jorradas na boca de Bolsonaro. Um exemplo da falta de escrúpulos do militarismo brasileiro foi, em pleno cataclismo pandêmico, os ociosos hospitais militares se recusarem a atender pacientes civis, diante de filas quilométricas em busca de socorro nos hospitais públicos. Outro exemplo é a insistência por parte do ministro-general pela propagação da famigerada cloroquina, cientificamente comprovada ineficaz contra a COVID-19. Será que realmente esta turma da farda verde-oliva é tão patriota quando é vendida sua mitológica imagem de sacrossanta guardiã da nação?
Achando-se invencível e dona do rebotalho institucional que vaga na República destruída pelo militarismo miliciano, as baixas patentes copiaram a insubordinação dos tubarões das patentes mais altas. Neste caso, Bolsonaro aposta suas fichas para conquistar seu sonho de golpe de Estado clássico com ajuda de policiais militares, tal como uma seita de jagunços fardados para servir de inúteis e agressivos boçais. Observando este apoio, Bolsonaro projeta uma linha de crédito especial para financiamento de imóveis para policiais que deverá ser anunciada nos próximos dias.
Um dos maiores erros da restauração da democracia, após o golpe de 1964, foi deixar impunes as monstruosidades causadas pelos militares golpistas. Nenhum militar golpista foi punido por seus assassinatos e destruição. Mas o maior deles foi ter promulgado uma Constituição, em 1988, tão dócil que favoreceu a continuidade do parasitismo militar no país.
Bolsonaro sabe que pode fazer o que quiser que nada irá acontecer com sua imagem de cavaleiro (ou motoqueiro!) do apocalipse brasileiro. Nem mesmo um genocídio pandêmico de meio milhão de mortos foi capaz de cessar sua insanidade perversa e de sua milícia de psicopatas. Diante do espetáculo da morte, Bolsonaro tem um público fiel de sociopatas de cerca de 30% do eleitorado que aplaude a toda e qualquer insanidade que ele defeca da sua boca de bueiro.
O compromisso de Bolsonaro é liderar a corrupção e as atrocidades para a sua milícia se fartar e promover a destruição do país. A tentativa explícita de golpe de Estado por parte de Bolsonaro e sua milícia é uma questão de tempo.
Qual o papel real das Forças Armadas? O que fazem estas instituições belicosas além de aglomerarem homens em quartéis, fazerem exaustivamente exercícios físicos e de guerrinha na selva, entoar cantigas de guerra em jogral e aqueles com patentes superiores aposentarem com salários estratosféricos? Sem inimigos externos, apenas internos, o Brasil urge pela necessidade de reparos constitucionais para colocar as Forças Armadas no seu devido lugar, ou seja, de fato, ser usada como auxiliar na proteção do Estado brasileiro e não apenas parasitar o erário nacional. Ademais, é preciso aprofundar o debate para a extinção das polícias militares que nada servem de concreto para amenizar o estado de segurança dos cidadãos civis e, na prática, atuam muito como um corpo de agentes assassinos e transgressores dos Direitos Humanos por parte do Estado.
Não é possível que a sociedade brasileira ainda permaneça indiferente e passiva diante das atrocidades militares que usavam a tortura como modo de operação para acuar, amedrontar e matar supostos “inimigos” do regime militar. O tempo passa e a poeira do esquecimento orquestrado tenta encobrir, mas a injustiça permanece sem as devidas punições e retratações dos crimes dos velhos e caquéticos generais que impuseram ao país. Jamais a sociedade poderá ignorar o nefasto histórico de militares que apenas usam o Estado para seus interesses particulares disfarçados de corporativos.
O militarismo golpista está no âmago da fragilidade democrática do país desde às suas “origens republicanas” e constitui como uma trágica doença deletéria e permanente que vem assombrando e chantageando a sociedade brasileira. Desde que Bolsonaro assentou-se na cadeira do Planalto, a conspiração golpista não parou de exalar seu fétido odor de morte e destruição. Cada vez mais acuado devido às pressões internas e externas devido ao genocídio perpetrado pela junta miliciana no poder, Bolsonaro não dará trégua até perpetrar, de fato, um golpe de Estado o qual ele tanto anuncia aos quatro cantos desde que saiu expurgado do exército e foi parar na vida política dos rincões fluminenses. Até o final de 2022, teremos o desenrolar das atrocidades do vírus e os atentados diários da junta militar-bolsonarista contra a moribunda democracia brasileira.
Wellington Fontes Menezes é Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais (Universidade Federal Fluminense/UFF)